Política

Aécio diz que se eleito, criará Ministério da Infraestrutura

 
Perguntado sobre qual pasta deixaria de existir em eventual governo tucano, ele afirmou: "Daria o exemplo do Ministério da Pesca. Não se justifica de forma nenhuma até porque precisamos fortalecer o Ministério da Agricultura. […] Em primeira mão, posso dizer que estamos estudando a criação de um forte ministério da infraestrutura. Não quero entrar em tantos detalhes. Ele trataria de investimentos em rodovias, ferrovias, energia. Não vou entrar em detalhes, mas fica essa primeira sinalização."
 
O Ministério da Infraestrutura existiu durante dois anos do governo Fernando Collor – foi criado em 1990, extinto em 1992 e teve três ministros. Confrontado pelos jornalistas com essa informação, Aécio afirmou: "Não tenho esse governo como parâmetro para o meu governo. O que posso apresentar para o Brasil é a minha história".
 
Durante cerca de 45 minutos, o presidenciável tucano respondeu a perguntas de internautas e do portal, em três blocos, conduzidos pelos jornalistas Tonico Ferreira, da TV Globo, e Nathalia Passarinho, do G1. A ordem dos entrevistados (veja ao final desta reportagem) foi definida por sorteio na presença de representantes dos partidos de todos os candidatos. A candidata sorteada para o primeiro dia (28 de julho), a presidente Dilma Rousseff, não compareceu por problemas de agenda, segundo a assessoria do Palácio do Planalto. No último dia 31, foi entrevistado o candidato Zé Maria (PSTU). O próximo, na quinta-feira (7), será Mauro Iasi (PCB).
Aécio Neves reafirmou a proposta de redução para quase a metade do número de ministérios, atualmente em 39. Para o tucano, que mencionou estudo da Universidade de Cornell (EUA),  "22 ou 23 ministérios" é o número "adequado".
 
Segundo ele, o formato final da proposta de diminuição do número de pastas será resultado do trabalho do ex-governador de Minas Gerais Antonio Anastasia e de um grupo de especialistas, que, segundo ele, estão "redesenhando o estado brasileiro".
 
Aécio afirmou que a criação do Ministério da Infraestrutura permitiria uma "ação estratégica" para o país, que precisa ter "marcos regulatórios claros".
 
"Precisa ser algo que planeje, tenha interlocução com o setor privado", completou. De acordo com o presidenciável, o governo e os PT "demonizaram" as parcerias com o setor privado, mas agora "se curvam a elas com atraso enorme".
 
Ainda sobre reforma na estrutura ministerial, afirmou que, caso eleito, pretende reestruturar o Ministério da Justiça, transformando a pasta em Ministério da Justiça e Segurança Pública (leia mais abaixo).
 
O tucano disse também defender o fim da reeleição, com a fixação de mandatos de cinco anos. Ele reafirmou ainda a intenção de apresentar logo nos primeiros dias do mandato uma proposta de simplificação do sistema tributário "porque nós precisamos declarar guerra ao custo Brasil".
 
PMDB
 
Indagado em pergunta de um internauta se seria possível governar sem o apoio de José Sarney, Renan Calheiros e outras lideranças do PMDB – "todos adversários meus nesta campanha" –, atualmente aliados do governo, Aécio Neves respondeu que sim, mas disse que, se "quadros" do partido decidirem apoiar um eventual governo tucano, aceitará.
 
"Da forma como se estabelecerem as relações políticas, sim [é possivel governar sem o PMDB], eu farei isso. Não há mais como manter essa relação mercantilista com o PMDB e outras forças partidárias […]. Essa talvez seja uma das heranças malditas, perversas, desse governo, que nivelou por baixo as relações politicas", declarou.
 
Aeroporto de Cláudio
 
Aécio Neves também foi perguntado sobre o motivo de ter levado dez dias para admitir o uso do aeroporto de Cláudio, em Minas Gerais, em terras que pertenceram à família dele.
 
O tucano afirmou que esperou que a denúncia fosse "esclarecida", já que num primeiro momento se afirmava que foi realizada obra pública em terreno privado.
 
"Isso não é um improviso. Foi feita à luz do dia, uma dessas obras foi na cidade de Cláudio, uma demanda antiga de asfaltamento de terra. A terra mais disponível era de um tio-avô meu. Houve desapropriação e ele está na Justiça até hoje. Tem quase 90 anos, está na Justiça e não recebeu um tostão. Quem levou vantagem nisso? O interesse do Estado foi preservado."
 
O candidato voltou a confirmar que usou a pista "algumas vezes", mas, segundo afirmou, "lamentavelmente" a Anac ainda não homologou, após três anos, o uso do aeroporto.
 
Mensalão mineiro
 
Perguntado sobre a afirmação da presidente Dilma Rousseff de que houve "dois pesos e umas 19 medidas" no julgamento do mensalão do PT, no qual o Supremo Tribunal Federal (STF) condenou 24 pessoas, e sobre o mensalão tucano, em Minas Gerais, que o Supremo enviou para julgamento na primeira instância da Justiça, Aécio Neves afirmou que "são coisas distintas".
 
Segundo ele, o mensalão do PT "foi um grupo dentro do poder que pagava mesada a parlamentares" enquanto, no mensalão tucano, as suspeitas recaem sobre "uma campanha eleitoral".
 
"Vamos deixar que a Justiça julgue. O PT tem dificuldade muito grande de reconhecer seus equívocos. Recentemente, o ex-presidente da República disse que não existiu o mensalão. Eu não sou juiz, apenas acato decisões da Justiça. Vamos aguardar que a Justiça mineira.
 
O tucano disse que "se houve algum companheiro do partido, membro do partido, que houver cometido irregularidade, não o transformaremos em herói nacional como fez o PT". "A impunidade não pode ser a regra da política."
 
Relações exteriores
 
Aécio Neves declarou que pretende "mudar o nível" das relações internacionais. Segundo ele, "política externa hoje é mercado". O candidato afirmou que uma "posição de equilíbrio" orientará as relações com outros países.
 
"Vamos mudar o nível da nossa relação internacional. Nós vamos sair desse alinhamento ideológico que benefício algum vem trazendo ao Brasil nos últimos anos. Enquanto vizinhos nossos, Chile, Peru, Colômbia, fizeram inúmeros acordos bilaterais em benefício das suas economias, o Brasil, nesses 11 anos de governo do PT, firmou apenas três acordos bilaterais, com Egito, Palestina e Israel, um exemplo claro do equívoco da nossa política externa", disse. "Política externa hoje é mercado, negócio, comércio", declarou.
 
Concursos públicos
 
Um dos internautas perguntou se os concursos públicos serão mantidos em uma eventual gestão do tucano. Na resposta, ele disse que o que pretende cortar é um terço dos cargos comissionados do Executivo.
 
"Concursos públicos são essenciais. O que vou reduzir são cargos comissionados, esse que o PT utiliza sem qualquer critério. São 23 mil, 24 mil cargos de livre provimento, onde os 'companheiros' são alvos de denúncias graves, como cargos públicos no caso do Sesi, utilizados para atender os amigos do poder. Eu acho que um terço desses cargos pode ser extinto", afirmou.
 
Índios e reforma agrária
 
Ao responder sobre demarcação de terras indígenas e invasões de terra, Aécio Neves afirmou que o atual governo se omite.
 
"Existe omissão do governo federal que permite que dentro do próprio governo federal  haja um conflito permanente", declarou.
 
Segundo ele, invasão de terras e disse que o fato é "crime" e deve ser combatido com mais reforma agrária. "Invasão é crime. O que temos que fazer é a reforma agrária que o atual governo não fez. Combater invasões com política clara e eficiente de reforma agrária."
 
Segurança pública e presídios
 
Ao ser questionado sobre segurança nas regiões de fronteira, Aécio Neves disse que o tema remete a uma "preocupação crescente" dos brasileiros, que é a segurança pública.
 
Ele afirmou que, caso eleito, vai reestruturar o Ministério da Justiça, transformando a pasta em Ministério da Justiça e Segurança Pública. Ele disse também que pretende atualizar o Código Penal e o Código de Processo Penal para tornar mais efetivas as punições.
 
“Farei uma modificação na estrutura do Ministério da Justiça, que será o Ministério da Justiça e Segurança Pública. Os fundos, como o fundo  penitenciário, não serão contingenciados como neste governo”. […] Vamos promover uma atualização rápida do Código Penal e do Código de Processo Penal, para diminuírmos essa sensação de impunidade que temos hoje. O governo federal vai coordenar uma ação de segurança pública, em especial em relação às fronteiras", declarou.
 
O candidato também chamou de "extremamente grave" o crescimento da população carcerária do Brasil e defendeu que o Código Penal seja alterado para ampliar as possibilidades de prestação de serviços em substituição a penas mais brandas.
 
Ao final da entrevista, os jornalistas pediram ao candidato respostas "sim" ou "não" para perguntas num formato "pinga-fogo". Depois, ele ainda fez as considerações finais.
 
Os próximos entrevistados da série do G1 com os presidenciáveis são os seguintes:
 
– 7 de agosto: Mauro Iasi (PCB)
– 11 de agosto: Eduardo Campos (PSB)
– 14 de agosto: Rui Costa Pimenta (PCO)
– 18 de agosto: Pastor Everaldo (PSC)
– 22 de agosto: Levy Fidelix (PRTB)
– 25 de agosto: Eymael (PSDC)
– 28 de agosto: Eduardo Jorge (PV)
– 1º de setembro: Luciana Genro (PSOL)
 
G1

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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