Com a nova onda migratória, a administração municipal afirma que a estrutura de assistência social do município não tem como dar conta do número cada vez maior de imigrantes. Nos últimos anos, a cidade industrial de 465 mil habitantes recebeu um contigente de cerca de 3 mil estrangeiros, a grande maioria do Haiti e do Senegal.De acordo com o prefeito, ainda não está confirmado o apoio material e financeiro por parte do governo federal. Porém, uma visita a Caxias do Sul foi prometida com o objetivo de avaliar de perto a situação. A data da viagem ainda não foi definida.
Nós pedimos duas coisas: instruções de como proceder e ajuda material. Na quarta-feira (9), falei com o ministro José Eduardo Cardozo e ele me passou contatos da Secretaria Nacional de Justiça. Hoje (quinta), recebi duas ligações. Na última, confirmaram que terá uma ajuda, sim. Mas, por enquanto, não é material. Não sabemos exatamente quando ocorrerá a visita, mas nós temos urgência, disse o prefeito ao G1.
Os estrangeiros, que entraram no Brasil com vistos de turista para a Copa do Mundo por várias cidades, vêm em busca de emprego e melhores condições de vida. E, segundo a Polícia Federal local, encontram em Caxias mais facilidades para pedir refúgio no país e promessas de trabalho. Com o protocolo, os imigrantes podem tirar identidade, carteria de trabalho e permanecer legalmente no país até que o pedido de asilo seja analisado.
Em nota, o Ministério da Justiça, que preside o Comitê Nacional para Refugiados (Conare), afirmou que enviará uma missão especial de elegibilidade à Caxias para entrevistar os estrangeiros que solicitaram refúgio e encaminhar relatórios que possibilitem aos conselheiros do Conare tomar decisões sobre cada caso.
Em relação ao possível aporte de recursos, o ministério diz que o governo federal disponibiliza para todos os municípios receptores de migrantes a estrutura da política nacional de acolhimento, mantida pelo Ministério do Desenvolvimento Social. Mas para ter acesso a esses recursos, o município precisa cadastrar-se no programa.Alceu Barbosa Velho aponta que, somente na quinta-feira (10), mais de 20 imigrantes entraram na cidade. Muitos chegaram apenas com a roupa do corpo e sem falar português. O prefeito diz que já não há mais espaço nos abrigos do município para receber os imigantes e que vários órgãos têm unido esforços para garantir teto, roupas e alimentos aos visitantes.
Não é papel da prefeitura o acolhimento humanitário. Vamos ver, junto com o Ministério da Justiça, o que podemos fazer para ajudar. Eu estou preocupado. Fico satisfeito porque eles deram retorno sobre nosso pedido, mas amanhã (sexta) vou ligar de novo para saber em que pé está a situação, disse o prefeito.
Muitos estrangeiros estão abrigados no Centro de Atendimento ao Migrante (CAM) de Caxias do Sul, ligado à igreja católica. A coordenadora do CAM, irmã Maria do Carmo dos Santos Gonçalves, diz que a comunidade de Caxias está doando roupas e alimentos aos imigrantes, mas que a situação ainda é crítica. A Comissão de Direitos Humanos (CDH) da Câmara de Vereadores do município também está auxiliando os estrangeiros e pede a colaboração da população. Os telefones de contato são: (54) 3218-1613 (CDH) e (54) 3227-1459 (CAM).
G1