Mantega, que é o atual presidente do Conselho de Administração da estatal, destacou que não fazia parte do colegiado no momento da compra da refinaria. Na ocasião, o conselho era comandado pela presidente Dilma Rousseff, então ministra da Casa Civil no governo Lula.
"O que se discute na Petrobras é a aquisição de Pasadena. Eu não estava no Conselho de Administração [na época]. Mas tenho certeza de que o conselho agiu corretamente na ocasião. O conselho é formado por pessoas da mais alta competência dos setores público e privado. Analisou com toda a discriminação e a profundidade necessárias", declarou Mantega.
No mês passado, quando a compra da refinaria pela Petrobras já era investigada, Dilma divulgou que votou a favor do negócio com base em um relatório "falho". A presidente citou cláusulas que teriam sido omitidas e que, "se conhecidas, seguramente não seriam aprovadas pelo conselho".
Na entrevista desta quarta-feira, o ministro da Fazenda acrescentou que o caso será esclarecido no Congresso Nacional pela presidente da Petrobras, Graça Foster, e pelo ministro de Minas e Energia, Edison Lobão. O Congresso está discutindo a instalação de duas Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) para investigar o assunto.
Apesar de convidado, o ministro Mantega destacou que não foi "chamado" ao Congresso Nacional para tratar do assunto. O convite é diferente da convocação: o ministro não é obrigado a comparecer.
Mantega disse ainda a Petrobras é fiscalizada o "tempo todo" pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e por uma auditoria interna. "Não é só pelo Conselho de Administração, do qual faço parte."
Ele avaliou que o Congresso "pode investigar" a empresa. "Deve investigar, somos favoráveis a isso. Vamos ver que a empresa trabalha na regularidade. É uma das maiores do mundo, a que mais faz investimento no mundo, tirando as chinesas. [Foram feitos] Investimentos de US$ 48 bilhões no ano passado. A Petrobras está fazendo investimentos para extrair petróleo do pré-sal", afirmou Mantega.
Entenda
Em 2006, a Petrobras comprou 50% de uma refinaria de petróleo em Pasadena, no Texas (EUA). Os outros 50% pertenciam à empresa belga Astra Oil.
Pela primeira parte, a estatal brasileira pagou US$ 360 milhões (US$ 190 milhões pelos papéis e US$ 170 milhões pelo petróleo que estava em Pasadena).
O valor é muito superior ao pago um ano antes pela Astra Oil na aquisição da refinaria inteira: US$ 42,5 milhões.
Em 2008, a Petrobras e a Astra Oil se desentenderam, e uma decisão judicial obrigou a estatal brasileira a comprar a parte que pertencia à empresa belga. Assim, a aquisição da refinaria de Pasadena acabou custando pelo menos US$ 1,18 bilhão à petroleira nacional mais de 27 vezes o que a Astra desembolsou no negócio.
G1