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Pelos caminhos da memória

A escritora Marina Colasanti morreu na manhã de terça-feira, no Rio, aos 87 anos. Ao longo de sua carreira, publicou mais de 70 livros, cobrindo diferentes gêneros, da poesia aos contos, do romance aos ensaios.

O corpo de Marina será velado hoje no Parque Lage, que serviu de casa para a sua família quando chegou da Itália, em 1948. Ela era sobrinha da cantora lírica Gabriela Bezansoni, casada com o engenheiro e empresário Henrique Lage, que ergueu a casa que se tornou cartão-postal da capital fluminense. Marina escreveu sobre a casa e a sua relação com os tios no livro Vozes de Batalha, de 2021.

Marina Colasanti nasceu na Eritreia, em 1937, filha de pais italianos. Passou a infância em Trípoli, na Líbia, e depois mudou com a família para a Itália, terra natal de seus pais. A família chegou ao Brasil no fim dos anos 1940, no pós-guerra. Ela escreveu sobre esse período em Minha Guerra Alheia.

No Brasil, fez carreira primeiramente no jornalismo e, depois, como escritora e ilustradora. Dedicou boa parte da sua produção à literatura infantil e juvenil, fazendo releitura de clássicos e criando as próprias histórias. Seus livros lhe renderam muitos prêmios, incluindo nove Jabutis e o Prêmio Machado de Assis. Respeitada internacionalmente, foi indicada cinco vezes para o Prêmio Hans Christian Andersen, considerado o Nobel da Literatura Infantil mundial.

Na última edição do Prêmio Jabuti, a escritora foi homenageada como Personalidade Literária de 2024. O seu estado de saúde não permitiu que ela viajasse do Rio para São Paulo e ela foi representada por sua filha, Alessandra Colasanti.

Marina era casada desde 1971 com o poeta Affonso Romano de Sant’Anna, que sofre de mal de Alzheimer. Teve com ele duas filhas. Além de Alessandra, Fabiana, que morreu em 2021, em decorrência de um câncer de pâncreas.

“Marina Colasanti ensinou a beleza mais sincera. Uma grandeza humana que fazia com que todos em redor tremessem de ternura. Tão triste a notícia de sua partida. Tão importante seu trabalho, seu testemunho, sua memória”, afirmou ontem Valter Hugo Mãe.

A escritora Martha Medeiros também usou as suas redes sociais para lamentar a morte da autora. “Marina Colasanti fez minha cabeça com seus livros Uma Nova Mulher e Mulher Daqui pra Frente, no início dos anos 1980. De lá pra cá segui seus passos e até tive a oportunidade de dizer a ela pessoalmente o quanto ela havia sido importante na minha trajetória”, escreveu a cronista.

Estadão Conteudo

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