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Trecho da declaração final do G20 sobre Ucrânia é chamado ao diálogo, afirma Lavrov

O ministro das relações exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, disse nesta terça-feira, 19, que o País concordou com a redação do trecho sobre a guerra na Ucrânia, constante no documento final da cúpula do G20, por se tratar de um “chamamento ao diálogo”. Ele celebrou o trecho genérico sobre resolução de conflitos, que antecede as menções a Gaza e Ucrânia, e defendeu a reforma da ONU, citando brevemente o Conselho de Segurança, com o argumento de que se deve aumentar e fortalecer a voz da maioria global nas instituições.

A defesa da reforma do Conselho de Segurança é pauta cara ao governo brasileiro.

Texto

Lavrov disse que houve uma tentativa de passar o trecho sobre a situação de Gaza para baixo da menção à guerra na Ucrânia, o que teria sido prontamente rechaçado pelos países do Sul Global.

Ele falou em entrevista coletiva no Rio de Janeiro, no momento em que os líderes ainda discutem questões climáticas. Ausente deste debate, Lavrov evitou o tema do clima em sua declaração inicial aos jornalistas. “Há um parágrafo sobre a Ucrânia com o qual estamos de acordo porque o principal nele é o chamamento a um diálogo justo sobre a paz. Há um trecho, que abre este artigo, em que se insta as partes a resolver conflitos em base de igualdade e com respeito à carta da ONU”, disse.

Segundo Lavrov, o “Ocidente” só enxerga na carta da ONU o princípio (da integridade) territorial ao defender a retomada de territórios pela Ucrânia, e repetiu que o histórico pós-1991, quando os direitos de russos locais teriam sido perdidos, segue sendo ignorado.

Ele disse que nas últimas cúpulas do G20, o ocidente tentou “ucranizar” o debate sem sucesso. “A maioria dos países do Sul Global não apoiou isso e nossos sócios do mundo em desenvolvimento insistem que o texto seja dedicado a quaisquer conflitos no mundo, e antes de mais nada no Oriente Médio, devido ao destino trágico dos palestinos”, disse.

Gaza

Segundo o ministro russo, os países ocidentais discutiram a situação de Gaza “sem muito a dizer”, mas entenderam que o assunto não poderia faltar na declaração final.

“Houve tentativa de colocar esse artigo depois do ucraniano, mas não tivemos que demonstrar que não concordávamos com essa manipulação, artimanhas, porque os países do Sul Global, de maneira categórica, rechaçaram minimizar o fato de que o G20 deve destacar em primeiro lugar a situação trágica na Faixa de Gaza”, disse.

Ele destacou que o número de mortes civis estimado em Gaza, 45 mil, é o dobro de Ucrânia e Rússia desde 2014, quando se intensificaram as manifestações anti-Rússia na Ucrânia.

Estadão Conteudo

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