O deputado federal e candidato a prefeito de São Paulo pelo PSOL, Guilherme Boulos, foi à Justiça neste domingo, 27, pedir a inelegibilidade do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), por afirmar que o Primeiro Comando da Capital (PCC) determinou voto no psolista.
Tarcísio não apresentou provas ou se aprofundou sobre o assunto. Há ainda pedido de cassação do registro de candidatura ou diploma de Ricardo Nunes (MDB) e Ricardo de Mello Araújo (PL), por supostamente serem beneficiados pelas declarações do chefe do Palácio dos Bandeirantes.
Boulos acusa o governador de usar das prerrogativas de sua função e de sua autoridade como governador para, em coletiva de imprensa, “difundir acusações prejudiciais à campanha dos peticionários durante o horário de votação, enquanto abertas as urnas”. Segundo o líder sem-teto, Tarcísio cometeu abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação social.
A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) informou, em nota, que o Sistema de Inteligência da Polícia Militar (PM) interceptou a circulação de mensagens atribuídas a uma facção criminosa determinando a escolha de candidatos a prefeitura nos municípios de Sumaré, Santos e na capital paulista. “A Polícia Civil investiga a origem das mensagens”, disse a SSP-SP, sem apresentar provas.
“O ‘pedido de inelegibilidade’ beira ao ridículo e afronta a democracia. O governador Tarcísio de Freitas respondeu a uma pergunta de jornalista sobre a reportagem publicada ontem pelo Metrópoles. Boulos, que já havia tentado censurar o Instituto Datafolha, faz um novo ataque à imprensa”, afirmou a campanha de Ricardo Nunes e Mello Araújo.
Na inicial assinada pelo advogado Francisco Octavio de Almeida Prado Filho, há pedido de inelegibilidade para Tarcísio com base no artigo 22, XIV, da LC 64/90, pelo prazo de oito anos. “Trata-se de gravíssima tentativa de influenciar no resultado do pleito, no dia da eleição, de uma forma jamais vista no Estado de São Paulo”, diz trecho do documento, obtido pelo Estadão.
O defensor pede à Justiça que a ação seja remetida para parecer do Ministério Público Eleitoral (MPE). A defesa de Boulos afirma que a suposta orientação do PCC “pode e deve ser apurada, com identificação e oitiva dos responsáveis, se for o caso”.
A defesa de Boulos diz ainda que a declaração do governador está sendo explorada “de maneira criminosa” por apoiadores de Nunes em grupos de WhatsApp. “Tem-se, portanto, uma ação coordenada entre o governador do Estado e os demais réus, juntamente com sua campanha, para difundir essas acusações, de forma abusiva e criminosa, durante horário de votação.”
Em coletiva de imprensa, Tarcísio declarou que providências foram tomadas para a “tranquilidade” da eleição, e o policiamento foi reforçado nas cidades com segundo turno.