Trinta empresários de Mato Grosso e 10 compradores internacionais travam negociações nos dias 19 e 20 de junho para a venda da madeira nativa em uma ação promovida pelo Exporta Mais Brasil – Manejo Florestal Sustentável, um programa da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) em parceria com o Centro das Indústrias Produtoras e Exportadoras de Madeira do Estado de Mato Grosso (Cipem), Fórum Nacional das Atividades de Base Florestal (FNBF) e Federação das Indústrias de Mato Grosso (Fiemt).
A ação integra a programação do 5º Dia de Floresta, que também conta com apoio do Governo de Mato Grosso.
A ApexBrasil trouxe dez principais compradores de madeira na África, Europa e América do Norte para conhecer como funciona o manejo florestal sustentável na área de reserva da Fazenda Vaca Branca, em Alta Floresta. Depois de ver desde a marcação das árvores que podem ser abatidas, as espécies protegidas, eles viram como funciona a extração e o sistema de rastreamento. Também passaram pela indústria de serraria e beneficiamento. Depois passaram a tratar de negócios.
O comprador mexicano Adrian Martinez ficou impressionado com a sustentabilidade envolvida no processo da floresta à indústria. Ele avaliou que a experiência foi importante para superar o preconceito envolvido na compra da madeira brasileira, diante de notícias de desmatamento ilegal, que nada tem a ver com o processo de manejo sustentável.
“Foi muito interessante a experiência de conhecer o manejo florestal, de como eles fazem e protegem as espécies da melhor maneira possível. Eu não tinha muito conhecimento sobre o manejo sustentável e de como ele é levado à sério aqui. É saber disso para poder transmitir, pois esse é um aspecto muito importante para os nossos clientes”.
Para o presidente do FNBF, Frank Rogieri, destacou que essa ação inédita é fundamental não apenas para os negócios, mas para networking e troca de informações. Para ele, mesmo sendo um projeto piloto junto ao setor de base florestal, ele já é um sucesso.
“Agora é só consolidar e partir daí, nós vamos partir para um grande projeto que vai ter duração de 2 a 3 anos junto com a Apex para promoção da madeira brasileira no mundo afora. Nós pudemos mostrar a esses empresários que aqui se produz respeitando as regras ambientais. Mantemos a floresta próxima, valorizamos a conservação e a renovação das florestas. Foi uma oportunidade ímpar para que eles vejam com seus próprios olhos o trabalho de manejo sustentável que realizamos”, acrescentou.
Rogieri ressaltou a necessidade de levar essa mensagem de sustentabilidade além das fronteiras nacionais. O setor florestal brasileiro é um grande gerador de empregos e renda. Somente em Mato Grosso, a indústria madeireira emprega diretamente mais de 12 mil pessoas, além de contribuir com a indústria de móveis, carrocerias de caminhões, construção civil e a agroindústria, que utilizam a biomassa gerada nas serrarias como subproduto.
“O mundo precisa entender que o Brasil é líder mundial em preservação ambiental. Temos condições de ser exemplo para vários países do mundo”, enfatizou.
O gerente de agronegócios da ApexBrasil, André Muller, explicou que a agência brasileira de promoção de exportações e investimentos busca promover o Brasil e, especialmente, a Amazônia, destacando práticas de manejo sustentável.
“Queremos manter a floresta em pé. Promovemos produtos como a castanha e o açaí, e agora estamos focados na madeira. Trouxemos 10 compradores e vendedores para mostrar que o manejo sustentável feito aqui no Brasil é uma forma eficaz de captar carbono. Quando vendemos madeira de manejo sustentável, fixamos carbono nela e abrimos espaço para o crescimento de novas árvores”, disse.
A expectativa da ApexBrasil é aumentar imediatamente o comércio de madeira sustentável, trazendo compradores internacionais para conhecer de perto as práticas brasileiras, desde a colheita das árvores, passando pela indústria até o embarque para exportação.
“O mercado mundial busca madeira de produção sustentável e responsável. Nosso objetivo é gerar negócios rapidamente. Esperamos que até o final desta semana já tenhamos negócios fechados entre os produtores brasileiros e os compradores internacionais”, afirmou Muller.
Mato Grosso comercializa 46 espécies de madeiras nativas que constituem a diversidade de produtos florestais de Mato Grosso. A produção anual de 7 milhões de metros cúbicos (m3) de madeira tropical é obtida de uma área de 5,2 milhões de hectares de manejo florestal sustentável. Até 2035 o objetivo é chegar a 6 milhões de hectares.
“Queremos avançar mais, no mercado interno e internacional. O setor de base florestal é importante para economia estadual, sendo o principal gerador de receita em vários municípios. Emprega 12 mil pessoas, além de ter um sistema de rastreamento da produção florestal (Sisflora 2.0) que é o mais eficiente do mundo, garantindo a procedência e legalidade dos produtos mato-grossenses”, destaca o presidente do Cipem, Ednei Blasius