Dois irmãos, de 50 e 54 anos, foram presos no início desta semana no Pará pelo assassinato de Bernardo da Conceição Pereira, 39 anos, em uma fazenda, no município de Paranaíta (837 km de Cuiabá). O crime ocorreu no Dia dos Pais. A Polícia Civil de Mato Grosso concluiu as investigações e representou pelos mandados de prisão dos dois suspeitos.
Os acusados trabalhavam na mesma propriedade rural que a vítima. Segundo a PJC, eles debocharam das investigações e entraram em contato com testemunhas, acreditando que não seriam presos. Os homens ainda teriam ameaçado a delegada de Paranaíta dizendo que fariam dela ‘isca para peixe’. Um deles chegou a gravar um vídeo, antes da chegada das equipes da polícia ao local, mostrando o corpo da vítima, lamentando a morte do ‘amigo’ e clamando por justiça.
SANGUE FRIO
No dia 13 de agosto, a Delegacia de Paranaíta foi comunicada pelo funcionário de uma fazenda que alegou ter encontrado o corpo de um homem que trabalhava na mesma propriedade. Segundo havia informado o comunicante, o corpo da vítima foi localizado em uma vala, próximo a uma estrada de acesso à fazenda, e apresentava sinais de espancamento.
A equipe da Polícia Civil seguiu até o local, acompanhado de peritos da Politec, e constatou que a vítima não tinha sido morta no local onde o corpo foi encontrado. A perícia constatou ainda que Bernardo, que tinha 39 anos, foi espancado e torturado, antes de ser morto.
Os dois irmãos, de 50 e 54 anos, vistos pela última vez com a vítima, foram ouvidos na Delegacia de Paranaíta e estavam bastante nervosos e apresentaram depoimentos conflitantes. Conforme explicou a delegada Paula Meira Barbosa, os dois tremiam e tentavam se justificar o tempo todo. “Mesmo quando não eram indagados, tentavam se justificar o tempo todo. Um dos suspeitos chegou a gravar um vídeo, antes da chegada da polícia, demonstrando a situação do corpo da vítima, dissimulando que estariam com dó da vítima e ao final ainda clamaram por justiça”.
ALEGAÇÕES
Um dos irmãos, o que comunicou o encontro do corpo à polícia, alegou em depoimento que a vítima havia saído de casa e não retornou. Ele disse que ficou preocupado e saiu em busca de Bernardo e o encontrou na estrada da fazenda.
A afirmação foi desmentida durante a investigação, tanto nas diligências quanto pela perícia da Politec. O cruzamento das informações trazidas nos depoimentos prestados e a hora em que a vítima foi morta foram fundamentais para definir a autoria delitiva, como apontou a delegada Paula. “O horário da morte foi o mesmo momento em que a vítima havia ficado sozinha com os suspeitos, após os outros funcionários da fazenda saírem para buscar um pneu de trator que estava no conserto”.
Durante o período em que permaneceram foragidos, os dois entraram em contato com algumas testemunhas e desdenharam das investigações, acreditando que não poderiam ser descobertos. Inclusive, chegaram a ameaçar a delegada Paula Barbosa, dizendo que fariam isca dela, demonstrando frieza e deboche em relação ao trabalho da polícia: “Fazer isca da doutora Paula aí pra nós pegar cachara bom”.
Os dois irmãos, após prestarem depoimentos, fugiram para o estado de Mato Grosso do Sul e depois foram ao Paraguai. Em uma das ligações, um deles alega inocência, dizendo que “é triste ser acusado de coisa que não deve”, e que está em Pedro Juan Caballero e vai descer ao interior do país paraguaio.
Nesta semana, após a decretação dos mandados de prisão, os dois foram presos na cidade de São Félix do Xingu, no Pará, onde se entregaram em uma delegacia no município. Eles seguem presos, à disposição da Justiça.
O inquérito policial será concluído nos próximos dias e encaminhado ao Poder Judiciário.