O trajeto do Ônibus de Transporte Rápido (BRT) mudou e não passará mais pela Avenida Couto Magalhães, em Várzea Grande, região metropolitana de Cuiabá. A decisão foi tomada após vários protestos dos comerciantes do local. A avenida é o principal corredor comercial do município.
As obras do veículo leve sobre trilhos (VLT), projetadas para a Copa do Mundo de 2014, foram substituídas pelo BRT, por decisão do Governo do estado. Desde o início da implantação do modal, passaram a fazer parte da rotina da população de Várzea Grande, as interdições, desvios e falta de condições adequadas para a travessia da via. Além do grande número de acidentes nos trechos das obras.
Após a alteração para o BRT, um novo ciclo de obras iniciou. Um acordo entre a Prefeitura de Várzea Grande e a Secretaria Estadual de Infraestrutura (Sinfra-MT) definiu, em julho, que o modal seguiria também pela Avenida Couto Magalhães.
A alteração não agradou os comerciantes da região, que fizeram protestos pedindo a retomada do projeto inicial. Após um novo acordo, a decisão foi por voltar atrás.
De acordo com o coordenador de mobilidade urbana de Várzea Grande, Cidomar Arruda, o governo entendeu as necessidades do comércio.
"A gente entende o comércio local e também a infraestrutura de áreas de estacionamento que são poucas. Ficou definido por manter o projeto original, seguindo o antigo VLT até o Aeroporto Marechal Rondon com a estação central onde era a antiga área dos antigos trilhos e vagões do VLT", disse.
Para o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) do município, David Pintor, a decisão é considerada uma vitória dos empresários, após protestos contra ampliação da rota.
"Houve uma preocupação pelo que ocorreu no passado e foi definido que essa obra do BRT subiria a Couto Magalhães. Houve um movimento feito pelos empresários que para que os ônibus não passassem na avenida central do comércio", disse.
A Avenida Couto Magalhães é uma das principais avenidas de Várzea Grande, com trânsito bastante movimentado, mesmo sem nenhuma alteração. Para os empresários da região, uma obra dessa dimensão diminuiria as vendas de fim de ano.
"Essas empresas que estão situadas na Avenida Couto Magalhães, são empresas que estão em imóveis locados, então nós já teríamos esse impacto financeiro, da diminuição de vendas e ainda tem as despesas. Por mais que a gente entende que foi feito um cronograma da obra, existe uma preocupação com o impacto nas vendas de fim de ano", disse o presidente da CDL.
O coordenador de mobilidade urbana diz que a decisão foi tomada em conjunto com a Câmara Municipal de Várzea Grande, o comércio e a população. Segundo ele, os trabalhos estão dentro do prazo previsto no cronograma.
"Toda a equipe técnica da Sinfra com o consórcio do BRT vinha discutindo isso com a sociedade varzea-grandense em todos os pontos. A Avenida da FEB foi feita dessa forma e na Avenida João Ponce de Arruda, o projeto está em ação até dezembro com a conclusão do canteiro central de concreto, então está tudo dentro do cronograma", contou.
De acordo com a prefeitura, o piso do canteiro central será concluído até novembro e os trabalhos entram em uma nova fase, com novas interdições. Agora, quando o BRT deve começar a operar, ainda não há uma resposta.
"Estamos trabalhando na parte de estrutura da obra. O objetivo é terminar, liberar o trânsito para facilitar para toda a sociedade, principalmente, para os motoristas e, assim que tiver essa liberação, vai ser trabalhada a questão das datas de funcionamento do BRT", disse o coordenador de mobilidade.
Protestos dos comerciantes
Comerciantes de Várzea Grande realizaram um protesto silencioso, em agosto deste ano contra as obras BRT. Eles instalaram bandeiras pretas nas fachadas dos estabelecimentos, como uma forma de manifestar indignação e mostrar que o modal pode estar “matando “ o comércio da Couto Magalhães, segundo uma das representantes da comissão de comerciantes, Vanda Frizon.
O movimento reuniu, ao todo, mais de 200 empresários que possuem estabelecimentos comerciais na avenida onde o BRT iria passar. Para a representante da comissão, existem outras formas de discutir a melhoria da mobilidade na cidade.
"Estamos convictos que existem outras formas mais eficientes para melhoria da mobilidade urbana que não causem tantos prejuízos a cidade. Mobilidade urbana é um conjunto de fatores que favorecem todos os meios de transporte e não somente o transporte público em detrimento dos demais tipos de transporte", afirmou.
Eles apontaram que, caso o BRT passe pela Couto Magalhães, teriam vários problemas, como a perda do estacionamento, calçadas estreitas, praça menor e impacto na rede de água de amianto.
Uma semana depois, as obras foram suspensas. Ao g1, a comissão de empresários disse que sugeriu a troca do modal para a Avenida Governador João Ponce de Arruda e a construção de um terminal perto do aeroporto. Uma reunião foi feita para discutir três opções que foram apresentadas ao governo estadual.
A primeira das propostas discutidas foi a passagem do modal pela Avenida Filinto Müller até o terminal André Maggi, assim como está o projeto.A segunda seria ir e voltar pela Avenida Filinto Müller. Já a terceira opção seria manter as obras apenas onde havia sido projetado o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT).