Já foram demitidos ou se tornaram alvos de Processos Administrativos Disciplinares (PADs) 18 servidores da Saúde do Município de Cuiabá. De acordo com a chefe do Gabinete de Intervenção, Danielle Pedroso Dias Carmona Bertucini, todos estes trabalhadores teriam feito boicote, como, por exemplo, mentir sobre a indisponibilidade de medicamentos em unidades se saúde.
No dia 14 de março deste ano a Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT) aprovou o decreto de intervenção do Estado na Saúde da capital. O decreto atende determinação judicial tomada pelo Tribunal de Justiça do Estado no dia 9 daquele mês. Desde então, o Gabinete de Intervenção tem comunicado as dificuldades que encontra na administração da pasta.
Além das dificuldades financeiras, um problema identificado foi o “boicote” de servidores. Até o momento já foram identificados 18, que ocupam diversos cargos, mas principalmente os administrativos, conforme afirmou a interventora.
“Ainda estamos detectando, inclusive ocorreu no final de semana na Empresa Cuiabana, no HMC. É uma denúncia, um vídeo de que estava faltando medicamentos, inclusive os vereadores da base foram até a unidade e viram que não procedia essa informação. Então todos os profissionais que estão fazendo boicote sofrerão sanções administrativas”, disse Danielle.
A chefe do Gabinete de Intervenção disse, no entanto, que o número de boicotes diminuiu muito após ter solicitado apoio do Tribunal de Contas e de parlamentares, que têm auxiliado nas inspeções. Os atos dos servidores ocorreram principalmente nas UPAs, nas policlínicas e no Hospital Municipal de Cuiabá (HMC).
“Os boicotes eram como: nós abastecemos as unidades com medicamentos e insumos, e no momento em que o usuário ia até a farmácia para buscar este medicamento, os atendentes falavam que não tinha o medicamento. Em algumas situações eu estava presente, inclusive na própria UPA Verdão eu estava acompanhada de parlamentares e dois profissionais solicitaram que a família fosse comprar o medicamente porque não tinha. O paciente estava internado para tomar medicação, o familiar foi conversar conosco e como nós tínhamos feito a compra, essa compra já tinha sido entregue no CDMIC, nós estranhamos, fomos conversar, os profissionais mantiveram a versão que não tinha medicamento, chamamos o farmacêutico, fomos até a farmácia e os medicamentos estavam lá”.
Danielle disse que, dos 18 servidores identificados, os que trabalhavam por contrato foram demitidos e os efetivos serão alvos de PAD. Ela afirmou que todas as medidas estão sendo comunicadas ao Ministério Público, pois prejudicam o trabalho do Gabinete para garantir um bom serviço à população. A interventora não descarta a motivação política dos boicotes.
“O que a gente detectou é que funcionários que deveriam estar trabalhando para prover o bem-estar da população, estavam agindo contra. Então se eu tenho medicamento, tenho insumo dentro da unidade, aqueles medicamentos e insumos são para a população, não para ficar guardados. Então, não posso falar que teve motivação política, mas o servidor é contratado para trabalhar na secretaria para prestar um bem maior que atenda a população e se o servidor não está capacitado para executar tal ação ele não deve ser mantido no quadro trabalhando conosco”.