Um homem de 50 anos foi preso no início de maio em uma ação conjunta das polícias civis de Mato Grosso e Goiás, por envolvimento no desaparecimento da menina Andrelina Lima Marques, de 11 anos. O caso foi registrado em outubro de 2011, na cidade de Nova Olímpia (240 km de Cuiabá-MT). Segundo a polícia, o suspeito se passou por pastor para estuprar e matar a garota.
O corpo da criança nunca foi encontrado, mas a Polícia Civil concluiu o inquérito que investiga o caso e indiciou o suspeito pelos crimes de estupro, homicídio qualificado e ocultação de cadáver.
A polícia apurou que o acusado chegou a morar seis estados – Alagoas, Bahia, São Paulo, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul – e que o mesmo teria participação na morte do próprio pai.
Prisão
O investigado foi detido em Goiânia por uso de documento falso. Após ser conduzido para o 22º Distrito Policial da cidade, os agentes de segurança constataram, após checagem no sistema, que o suspeito detido era um criminoso de alta periculosidade, tendo dois mandados de prisão em aberto – em Mato Grosso e em Alagoas.
Conforme o delegado Wellington Lemos, do 22º DP de Goiânia, o suspeito se mostrou frio em todo o período do interrogatório e negou os crimes. O delegado reforça que o acusado pode ter cometido outros crimes nos estados por onde passou.
“Vamos aprofundar as investigações para saber se há outros possíveis crimes contra a vida. Em razão da vida pregressa e da personalidade dele, nada por ser descartado. Vamos apurar se houve algum crime nas proximidades de onde dele residiu”, afirmou Lemos.
O suspeito usava o primeiro nome de Flávio e declarou trabalhar como pedreiro. A namorada dele declarou à Polícia Civil que o conheceu em 2019, durante um baile, quando ele se apresentou com o nome falso. Ela disse ainda que ele nunca declarou o nome verdadeiro e depois de um tempo, após uma discussão entre ambos, ele voltou para Mato Grosso, indo morar em Rondonópolis.
Depois de manter contato com ele novamente, a namorada foi reencontrá-lo em Rondonópolis, onde, durante uma crise de ciúmes, ele a ameaçou de morte e disse que a mataria e enterraria. Após a briga, a mulher retornou a Goiás. Em maio de 2020, o suspeito voltou para Goiânia e reatou o relacionamento com a namorada, mas sempre a tratava com agressões quando ela discordava dele.
Conforme o relato, em uma das discussões, ele chegou a declarar que havia matado duas pessoas, sendo uma delas um motoboy em Rondonópolis e a outra pessoa em São Paulo. A mulher disse ainda que não acreditava nas afirmações do namorado e achava que ele inventava as histórias para demonstrar coragem.
Frieza nas declarações
Em interrogatório, o suspeito declarou que morou na cidade de Nova Olímpia por quase dez anos, onde trabalhou em usinas de álcool e açúcar. Em relação à garota Adrenalina, ele somente relatou que foi vizinho da família da vítima, mas que não se recordava do fato e que ficou sabendo do desaparecimento da menina por informações na rua e alegou não se lembrar direito do que ocorreu à época.
Quando indagado sobre a menina, ele relatou que a viu no período da manhã, no dia em que ela sumiu, junto com um garoto que sempre entrava no quintal da casa dele para pegar goiabas.
Ele negou qualquer relação com o desaparecimento da garota, assim como os fatos investigados pela Polícia Civil que o colocaram como o principal envolvido no crime.
Investigação
O delegado Adil Pinheiro destaca que o inquérito instaurado na Delegacia de Nova Olímpia concluiu, com base em indícios e informações coletadas nas investigações, que J.C.S. cometeu abuso sexual contra a criança e depois matou e ocultou seu corpo.
“Para encobrir os abusos sexuais praticados contra a menina, ele a matou e enterrou. A esperança era de que ele revelasse o local onde enterrou a criança, mas ele demonstra um perfil frio, nega os crimes, apesar de todas as provas apontarem o contrário”, afirma o delegado.
A Polícia Civil divulgou a imagem do investigado para que a população tenha conhecimento e assim as investigações possam resultar em mais informações a respeito de possíveis crimes que ele possa ter praticado nas cidades por onde passou.
“Durante o interrogatório em Goiânia ele assumiu apenas que foi vizinho da vítima e nega que tenha cometido qualquer crime contra a menina, assim como a morte do pai ocorrida em Alagoas”, observou Adil Pinheiro.
Sobre a possível reconstituição do crime, o delegado explica que sem a colaboração do investigado, não há como proceder reprodução dos fatos.
“Ele apresenta um perfil psicótico, sem remorsos, e pela declaração dele e relatos da companheira tem mania de perseguição. Mas é uma pessoa que se mostra aparentemente tranquila, sem demonstrar qualquer indício de transtornos. Mas, os relatos da namorada apontam que se ele tinha discussão com qualquer pessoa, reagia dizendo que mataria”.
“Temos a certeza de dois homicídios bárbaros e mais um que ele alega, que ocorreu em Rondonópolis, que vamos solicitar a apuração à Polícia Civil em Rondonópolis”, esclareceu Adil.