A Polícia Civil indiciou, nesta segunda-feira (24), uma jovem de 22 anos pelos crimes de homicídio qualificado e ocultação de cadáver do próprio filho, de apenas 4 meses. Em interrogatório, a acusada confessou que matou a criança por asfixia e desmembrou a vítima para facilitar a esconder o corpo. O crime teria sido cometido para que a suspeita mantivesse um relacionamento amoroso. O caso ocorreu em Sorriso (420 km de Cuiabá-MT).
Ela será transferida para a Penitenciária Ana Maria do Couto May, em Cuiabá.
As investigações do caso iniciaram em 17 de maio, quando uma mulher encontrou o cadáver enterrado em uma cova rasa próxima a um tanque, nos fundos de uma residência no bairro Benjamin Raiser, e acionou a Polícia Militar. Segundo a informante, a vítima foi ‘descoberta’ pelo seu cachorro, que cavou o quintal.
O local foi isolado pela Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec), que realizou todos os procedimentos de apuração no local antes de liberar o corpo para o Instituto Médico Legal (IML). Conforme os peritos, o menino tinha sido assassinado três ou quatro dias antes.
A Divisão de Homicídios da Delegacia de Sorriso iniciou as diligências, coletando informações na casa onde ocorreram os fatos, ouvindo vizinhos e solicitando as perícias necessárias para esclarecer as circunstâncias em que o bebê foi morto, assim como detectar vestígios de sangue na casa.
Com os primeiros indícios de autoria reunidos, o delegado José Getúlio Daniel representou à Justiça pela prisão da mãe da criança, apontada como a principal suspeita, que foi prontamente deferida pela juíza Emanuelle Chiaradia Navarro, da Primeira Vara Criminal da Comarca de Sorriso.
A suspeita deixou a cidade logo após o crime e tentou fugir para o Estado do Amazonas, mas acabou sendo capturada, no dia seguinte, em um barco, na cidade de Porto Velho (RO) em uma ação conjunta das polícias de Mato Grosso e Rondônia. Na mesma data, os investigadores de Sorriso seguiram ao estado vizinho para fazer o recambiamento da criminosa, que chegou na sexta-feira passada (21).
Crueldade
O bebê foi morto na sexta-feira, 14 de maio, por volta das duas horas da madrugada. Em depoimento ao delegado José Getúlio, nesta segunda-feira (24.05), a mulher confessou que matou o filho sufocando-o enquanto ele dormia em um carrinho de bebê. Ela contou que fez uma primeira tentativa pressionando um travesseiro contra a cabeça do pequeno para asfixia-lo, mas depois de um minuto notou que ele estava vivo, respirava e chorava.
Ainda de acordo com o depoimento, a investigada relatou que fez novamente o mesmo movimento para asfixiar o bebê, pressionando o travesseiro com mais força sobre a cabeça por, aproximadamente, três minutos e que não ouviu nenhum barulho, pois alegou que estava agitada com a situação.
Após esse tempo, ela o pegou no colo e constatou que ele não estava respirando e não tinha nenhum outro movimento. Depois de ir ao banheiro, ela pegou o corpo do bebê e o colocou na pia da cozinha, onde cortou braços e pernas, a fim de facilitar a ocultação do cadáver.
Em seguida, colocou os membros do filho dentro de duas latas de bebida láctea, embalou-as em sacos de lixo e depositou na lixeira. O restante do corpo do bebê, ela levou até o buraco e depois cobriu com o restante da terra que estava solta, cavou mais um pouco de terra e terminou de encher o lugar.
Ela conta que lavou a pia com um produto para limpar panelas e que jogou fora a roupa que usava no momento em que cometeu o crime, não se recordando se o vestido ficou sujo de sangue. Todo o ato criminoso, ela informou que terminou ao amanhecer do dia.
Ainda conforme o depoimento prestado ao delegado responsável pelo inquérito, a investigada disse que por volta das 10h da sexta-feira, ele foi a um supermercado onde comprou produtos como bicarbonato de sódio, álcool e água sanitária, que usou para terminar de limpar a cozinha. Depois disso, ela descansou na varanda da casa e à tarde foi ao dentista, seguindo depois para a rodoviária, onde consultou horários de ônibus.
Fuga
De volta à casa, no bairro Benjamin Raiser, a investigada relatou que terminou de arrumar a mala, tomou banho e foi, por volta da meia noite, para a rodoviária, onde comprou uma passagem para Cuiabá. Na Capital, ela chegou no sábado de manhã e conseguiu comprar outra passagem, desta vez para Porto Velho, embarcando por volta das 10h. No domingo à tarde, chegou à capital de Rondônia.
Ela dormiu na rodoviária e, na manhã de 17 de maio, comprou uma passagem de barco para seguir até Manaus (AM). No mesmo dia, ela informou que recebeu mensagem de uma familiar pedindo explicações e falando que a Polícia Civil havia localizado o corpo do bebê. Em seguida, ela foi para a barca, permanecendo no local até o momento em que foi presa, na manhã da terça-feira, por policiais civis de Porto Velho.
A mulher alegou que matou a criança para seguir com um relacionamento. A investigada tem outra criança, de dois anos, que é criada pelos avós paternos. Natural do estado do Acre, ela morava em Sorriso desde fevereiro deste ano.
O delegado José Getúlio concluiu o inquérito nesta terça-feira, com o indiciamento da investigada por homicídio qualificado (meio cruel, motivo torpe, asfixia e impossibilidade de defesa da vítima) e ocultação de cadáver. A Polícia Civil segue a investigação para apurar se há envolvimento de terceiros no crime.