Ativistas do movimento 'LGBTQIA+' participaram de uma reunião com o promotor de Justiça, Henrique Schneider Neto, para discutir a criação de um ambulatório especializado para o atendimento de transexuais em Cuiabá. O encontro ocorreu nesta quinta-feira (4).
Representantes do Instituto Brasileiro de Transmasculinidades (IBRAT) e das ONGs Mães pela Diversidade MT, Livremente, OTIMA e ASTRAMIT também estiveram presentes na conferência.
Além da instalação da unidade de saúde exclusiva para os transexuais, os ativistas solicitaram a abertura de casas de acolhimento para as vítimas de LGBTfobia. O documento que pede a criação dos centros voltados para o combate aos delitos de intolerância a homossexualidade já tem quase 7 mil assinaturas.
De acordo com o secretário de políticas internacionais do IBRAT, Benjamin Neves, o ambulatório para atendimento da população trans deveria ter começado a funcionar em março de 2020, no Hospital Universitário Júlio Muller (HUJM), mas, devido à pandemia, o projeto foi adiado.
Na reunião, Neves apresentou possibilidades para que o projeto possa começar a funcionar, mesmo com a pandemia. Entre elas está a capacitação dos profissionais de saúde e criar o ambulatório trans dentro de uma Unidade Básica de Saúde, em Cuiabá. Este seria o primeiro passo, um modelo inicial.
Benjamin explicou que entre os atendimentos que seriam realizados estão os psicológicos, o psiquiátricos e ginecológicos.
Este último é extremamente importante. Foi explicado que um homem trans, que teve sua documentação alterada, nome e gênero, não consegue agendar uma consulta ginecológica no Sistema Único de Saúde (SUS), pois o sistema não compreende que ele pode necessitar dessa especialidade.
“Estou sentindo um misto de otimismo, com muita emoção, de ver pessoas atuantes, representantes dos movimentos sociais de Cuiabá, empenhados em lutar. Apesar da preocupação maior ser com a pandemia, sem dúvidas, não podemos esquecer que quando estamos de saúde integral estamos falando de todas as vidas, de todas as necessidades em saúde das pessoas”, declarou Benjamin.
No encontro com o promotor de Justiça, também ficou determinado que deve ser realizado um mapeamento de pessoas LGBTQIA+, principalmente de transsexuais e travestis, em todo o Estado.
Também será realizada mais uma audiência, ainda sem data definida, na qual a Secretaria Municipal de Saúde de Várzea Grande será convidada, pois se for criado o ambulatório na Capital, é importante garantir o acesso de quem vive na cidade vizinha.
Benjamin também disse que foi apresentado uma proposta de criação de um Centro de Referência LGBTQIA+, que funcionará, também, como centro de capacitação dos profissionais da área da saúde.
Por fim, também foi discutido a criação de um albergue às vítimas de LGBTfobia e apresentado prédios públicos que poderiam ser usado para esse espaço, sendo um custo a menos para o município.
“Além de garantir o cuidado de saúde digno, respeitoso e de qualidade, precisamos também de um abrigo aos que são expulsos de casa. Infelizmente, é dentro de casa que muitos LGBTQIA+ encontram as primeiras violências e são expulsas ou saem por conta própria. Elas precisam de acolhimento”, finalizou.