O senador Chico Rodrigues (DEM-RR), flagrado com dinheiro dentro da cueca em operação da Polícia Federal, declarou à Justiça Eleitoral ter mais de meio milhão de reais em espécie, guardados em casa. As informações prestadas por ele em 2018, quando concorreu ao Senado, apontam uma soma de 525.000 reais em dinheiro vivo.
O valor cresceu em quatro anos. Vice-líder do governo Bolsonaro no Senado até a manhã desta quinta-feira, 15, Rodrigues disputou o governo de Roraima em 2014. Na época, disse à Justiça Eleitoral guardar 455.000 reais dentro de um cofre.
De uma eleição a outra, portanto, acumulou mais 70.000 reais em notas. Os valores contrastam com o que ele mesmo diz ter na conta bancária. Em 2018, excluídas as quantias de dependentes, informou 4.578,03 reais. Em 2014, declarou manter 53.200 reais em uma conta do Banco do Brasil.
O patrimônio do senador saltou de 1.765.047,16 para 1.999.315,15 reais, conforme dados disponíveis na base do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Significa que 26% de todos os seus bens estão em dinheiro vivo.
Não é crime manter altas quantias de dinheiro em casa, fora do sistema bancário. No entanto, as cifras chamam a atenção de órgãos de fiscalização.
Investigadores sempre alertam que parte das declarações informadas à Justiça Eleitoral pode ser estratégia para lavagem de capital antecipada. O recurso informado pode servir como tentativa de álibi para caixa dois eleitoral.
O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou o afastamento do senador do mandato. A decisão assinada nesta quinta-feira, 15, ainda precisa passar por votação no Senado Federal, para que seja validada.
O parlamentar é investigado em inquérito que apura desvio de recursos destinados ao enfrentamento da pandemia de covid-19. A PF encontrou 30.000 reais escondidos dentro da cueca do senador, no momento da operação policial.
Em nota à imprensa, Rodrigues disse que tem “um passado limpo e uma vida decente” e afirmou nunca ter se envolvido em escândalos. “Acredito na Justiça dos homens e na Justiça divina. Por este motivo estou tranquilo com o fato ocorrido hoje em minha residência em Boa Vista, capital de Roraima. A Polícia Federal cumpriu sua parte em fazer buscas em uma investigação na qual meu nome foi citado. No entanto, tive meu lar invadido por apenas ter feito meu trabalho como parlamentar, trazendo recursos para o combate à covid-19 para a saúde do estado”, afirmou o senador.
O senador observou, ainda, que ao longo de 30 anos na política conheceu “muita gente mal intencionada”, a fim de macular sua imagem. “Ainda mais em um período eleitoral conturbado como está sendo o pleito em nossa capital”, declarou.