O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou não ver motivos para levar adiante os pedidos de impeachment de Jair Bolsonaro que estão sobre sua mesa. A declaração foi dada na noite desta segunda-feira no programa “Roda Viva”, da TV Cultura.
Para Maia, Bolsonaro “cometeu erros” no combate à pandemia do novo coronavírus, minimizando a perda das quase cem mil vidas perdidas, mas nenhuma das ações do presidente justifica um impeachment.
— Acho que o presidente errou ao minimizar o impacto da pandemia, a questão da perda de vidas, vamos chegar aí a cem mil vidas perdidas. Acho que ele criou um falso conflito — disse.
Questionado sobre por que não arquiva os pedidos de impeachment à sua mesa já que não pretende levá-los adiante, Maia disse que não pretende conturbar a crise sanitária.
— Nós estamos no meio de uma pandemia, e qualquer decisão agora leva um recurso ao plenário. Nós vamos ficar discutindo impeachment sem nenhuma motivação para isso. Eu não estou usando isso para ameaçar, não é do meu feitio. O presidente Bolsonaro sabe, que desses que estão colocados, eu não vejo nenhum tipo de crime atribuído ao presidente — declarou Rodrigo Maia.
O presidente da Câmara evitou bater em Bolsonaro, mas disse que o governo “perde oportunidades” de implementar a agenda econômica de reformas com a qual foi eleito em 2018.
— Acho que o presidente Bolsonaro está perdendo algumas oportunidades importantes em relação àquilo que me fizeram até votar nele no segundo turno. Mas o presidente não tinha também experiência — diz ele.
Com mandato previsto para se encerrar em fevereiro de 2021, Maia disse que não vai tentar uma reeleição no cargo, ao contrário do que pode acontecer com Davi Alcolumbre, presidente do Senado.
Ele voltou a apoiar o avanço do procurador-geral da República, Augusto Aras, sobre a operação Lava-Jato, a que se referiu como “operação política”. Ele diz ser favorável ao compartilhamento de dados das forças-tarefas com a PGR.
Em relação à reforma tributária, Maia criticou mais uma vez a proposta de criação de um novo imposto semelhante à CPMF, que poderia resultar em aumento da carga tributária com impacto negativo na economia.