No último dia antes do recesso parlamentar, Brasília se volta para um tema que deve ser um dos grandes focos de tensão para o governo em 2020: as investigações sobre a família Bolsonaro.
O Ministério Público (MP) do Rio de Janeiro afirma que o senador Flávio Bolsonaro, filho do presidente Jair Bolsonaro, tinha um esquema de lavagem de dinheiro e de mau uso de dinheiro público. Às suspeitas de uso de “rachadinha”, em que Flávio e seu ex-assessor, Fabrício Queiroz, supostamente recebiam parte dos salários de funcionários na Assembleia Legislativa do Rio, se somaram nos últimos dias uma série de denúncias.
Segundo Os promotores, o senador lavou até 2,3 milhões de reais com transações imobiliárias e com sua franquia da loja de chocolates Kopenhagen, em um shopping da Barra da Tijuca, no Rio. As operações sempre envolviam um grande uso de dinheiro em espécie, o que reforça a suspeita de que a loja era usada para esquentar dinheiro conseguido com a “rachadinha”.
O MP concluiu ainda que o ex-policial Adriano Magalhães da Nóbrega, apontado como chefe do grupo miliciano Escritório do Crime, poderia ter recebido parte dos recursos desviados, reforçando antigas suspeitas de envolvimento da família presidencial com milícias.
O presidente Jair Bolsonaro afirmou ontem não ter “nada a ver” com as investigações, numa tentativa de afastar a crise do Palácio do Planalto. Flávio tentou se defender em vídeo postado ontem nas redes sociais. Afirmou, por exemplo, que o sargento da Polícia Militar Diego Sodré de Castro Ambrósio comprou 21 mil reais em chocolates para “dar de presente”. A defesa do senador recorreu mais uma vez ao Supremo Tribunal Federal para tentar barrar as investigações.