As turbulentas relações do governo com o parlamento devem ganhar novo capítulo esta semana. Deputados e senadores devem derrubar na próxima sessão conjunta do Congresso, convocada para a próxima terça-feira, nove dos onze vetos do presidente Jair Bolsonaro a projetos aprovados pelo Legislativo. Cinco deles trancam a pauta e impedem a análise de outras matérias pelo Congresso.
O acordo foi definido em reunião entre líderes da Câmara e do Senado com o presidente do Congresso, Davi Alcolumbre (DEM-AP). Segundo o líder do governo no Congresso, senador Eduardo Gomes (MDB-TO), o acordo prevê a votação dos vetos na terça-feira e, no dia seguinte, às 10h, a análise de 24 projetos de lei que abrem crédito no valor de 22,8 bilhões de reais para órgãos dos Poderes Executivo e Judiciário, além de estados, Distrito Federal e municípios.
O vaivém entre governo e parlamento é do jogo político, mas a sessão desta terça-feira marca as dificuldades de diálogo do presidente Jair Bolsonaro com o parlamento. As próximas semanas serão dedicadas à montagem da estratégia de seu novo partido, o Aliança Pelo Brasil, para obter os quase 500.000 votos necessários para sua validação.
O novo partido deve aumentar a fragmentação partidária. Segundo levantamento da Folha de S. Paulo, cerca de 25 dos 53 deputados do PSL, o antigo partido de Bolsonaro, estariam dispostos a migrar para a nova legenda. A aprovação de reformas, neste contexto, fica prejudicada.
A oposição por sua vez, não demonstra estar disposta a novas estratégias. Congresso do PT, realizado no fim de semana em São Paulo, reconduziu à presidência a deputada paranaense Gleisi Hoffmann, com as bençãos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O texto final da convenção petista fala até em que o partido venha a trabalhar por um impeachment de Bolsonaro, caso se configure um crime de responsabilidade. “Possibilidade sempre tem”, disse Gleisi à imprensa.
Bolsonaro e o PT redobram a estratégia. Ao dividido Congresso, neste cenário, resta o papel de ocupar o inabitado centro político.