Internacional

Brasil e México buscam selar novo acordo para setor automotivo

Funcionários de alto escalão das duas nações se reuniram na Cidade do México para discutir pontos chaves e com visões diferentes, como o restabelecimento de quotas de importação temporárias, regras de origem e comércio de veículos pesados.

Um funcionário de alto escalão do México afirmou que a "ideia é chegar a um acordo", mas evitou comentar sobre o quanto o país estaria disposto a ceder as exigências brasileiras.

Embora ambos os governos digam que a ideia é salvar o Acordo de Complementação Econômica ACE-55, assinado em 2002, o Brasil pressiona por medidas mais concretas e imediatas para reduzir o déficit comercial bilateral de automóveis de US$ 1,170 bilhão de dólares em 2011.

"A missão vem praticamente com a mesma posição manifestada até agora. Queremos o que queremos e agora nos veremos frente a frente", disse à Reuters uma fonte brasileira ligada as negociações.

O chanceler brasileiro, Antonio Patriota, disse na terça-feira esperar que a renegociação seja concluída neste encontro, do qual também participa o ministro de Comércio Exterior, Fernando Pimentel, juntamente com o secretário mexicano de Economia, Bruno Ferrari, e a chanceler Patricia Espinosa.

O governo brasileiro pediu que o México limite o valor das suas exportações de automóveis para o Brasil para cerca de US$ 1,4 bilhão para os próximos três anos como parte de um conjunto de demandas para renegociar o acordo do comércio automotivo entre os dois países.

A cota foi o valor médio anual das exportações de automóveis do México para o Brasil nos últimos três anos, de acordo com uma carta datada de 8 de março à chanceler mexicana Patricia Espinosa e ao ministro da Economia Bruno Ferrari.

Os mexicanos teriam ficado irritados com as negociações por carta e na sexta-feira exigiram que as conversas ocorressem "cara a cara", disse uma fonte do México à Reuters.

Uma fonte mexicana, porém, disse que as cotas poderiam ser consideradas, desde que levassem em conta as exportações de veículos do México para o Brasil no ano passado, "mais um percentual".

Contudo, oficialmente o México ainda não anunciou a rejeição à proposta brasileira, apesar de a embaixada mexicana informar que uma resposta formal foi encaminhada ao governo brasileiro na sexta-feira.

No ano passado, o Brasil importou US$ 2,072 bilhões em automóveis e comerciais leves do México. Daqui pra lá, foram US$ 512,3 milhões, gerando um deficit para o Brasil de US$ 1,559 bilhão na balança comercial do setor.

Em janeiro e fevereiro, o Brasil importou 38,6 mil veículos do México, número 250% superior ao registrado no mesmo período do ano passado, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio. Desde o começo do ano, os governos brasileiro e mexicano negociam a revisão do acordo automotivo. Em valores, a alta é de 227%.

PEÇAS REGIONAIS

Também vai entrar nas negociações do acordo a inclusão de veículos pesados e o aumento do percentual de peças regionais para que um carro mexicano possa ser exportado ao Brasil sem pagar a alta do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), cobrada desde 2011 de carros que sejam importados.

O governo Dilma quer subir esse conteúdo regional de peças automotivas do lado mexicano de 30% para 35% e elevá-lo, ao longo dos próximos quatro anos, para 45%.

No Brasil esse percentual é de 65%. Este é o raciocínio do governo: de que adianta barrar a entrada de importados, para estimular investimentos das montadoras na produção em território brasileiro, se os mexicanos, que não estão sujeitos à alta do imposto, exigem um percentual menor do que o Brasil?

No ano passado, as exportações de automóveis do México para o Brasil alcançaram a marca de US$ 2 bilhões.
Em 2002, quando o acordo automotivo começou a vigorar, foram apenas US$ 54,7 milhões.

Em razão do maior número de veículos vindos do México, o deficit brasileiro foi de US$ 1,55 bilhão em 2011.

CÁLCULO MAIS RÍGIDO

A dificuldade de se estabelecer um índice comum é o fato de o México usar um cálculo distinto do brasileiro para se chegar ao percentual.

Além disso, o Brasil planeja tornar mais rígida sua própria forma de calcular o índice. Hoje, a conta é feita em cima da formação do preço do carro, que abrange itens tão diferentes quanto gastos com marketing, produção e até o lucro da montadora.

O governo quer que o índice passe a ser calculado, a partir de 2013, exclusivamente em cima da produção industrial, o que exigiria investimentos mais pesados por parte das montadoras.

Fonte: FOLHA.COM | REUTERS

Redação

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