Zeca Pagodinho, Jorge Aragão, André Renato e Maura Helena. Entre os nomes dos convidados do novo disco de Xande de Pilares (“Esse menino sou eu”), um se destaca entre os das feras do samba. Maura é mãe de Xande e foi convidada pelo filho por um motivo especial.
“Ela sempre foi proibida por meu pai de cantar. Assim como meu avô proibia minha avó de cantar. Aquela coisa das antigas. Quando gravei ‘Elas estão no controle’, tinha a ver com isso. A mulher hoje está bem mais liberta”, diz Xande ao G1.
“Minha mãe acabou perdendo a oportunidade de cantar. E eu pensei: por que não dividir com ela essa oportunidade? E foi uma coisa que funcionou superbem”, elogia. A música “Mãe” é uma parceria de Xande com Gilson Bernini e Helinho do Salgueiro.
No samba, falta união e sobram rótulos
Xande cita também a desunião no meio do samba como um fator para o ritmo não aparecer na lista com os estilos musicais favoritos de quem vê clipes no YouTube. O pagode ficou no sétimo lugar. “São épocas. Essas coisas de números não mexem comigo. O samba não aparece, mas se for nos redutos, vai saber onde o samba está”, garante o ex-integrante do grupo Revelação.
“Existiram pessoas lá atrás que lutaram por um ideal de tirar essa marginalidade do samba. Quem chegou depois, encontrou outra dificuldade, que foi superada. Aí foi indo e indo. Mas tem uma coisa chamada 'samba e pagode'. Samba é um gênero musical. Pagode é um ambiente onde os sambistas praticam samba. Aí ficam: ‘quem é samba de raiz, quem é do samba meloso’."
"Samba é samba! Ficam rotulando tanto, que chegou até o pagode universitário. O pior rótulo que já vi na minha vida. Isso não existe.”
O cantor acrescanta a falta de união dos artistas de outros ritmos como motivo. “No sertanejo, o cara vê alguém, puxa para cá, junta com outro artista. Música é música, independente do segmento. Tem que parar com essa coisa de desunião, de quem é melhor ou pior, de fazer comparações. Cada um tem seu estilo. Deixa o povo curtir a música. Artista não faz música para agradar outro artista. Faz música para o povo.”
Volume 2 vem aí, mas sem pressa
“Esse menino sou eu” deve ganhar um volume 2. As eleitas para o segundo disco já foram gravadas. “Se deixar, fico trancado em estúdio criando e não vou nem pra rua”, brinca.
Além disso, já tem planos de gravar um DVD na Escola de Samba Acadêmicos do Salgueiro. “Porque foi de lá que eu saí”, explica. O novo álbum, ficará para 2018.
“Hoje estou mais amadurecido. Sei as coisas que quero. Nunca tive pressa em nada na minha vida. Nem de fazer sucesso, nem de concluir a letra de um samba”.