O governador de Mato Grosso, Pedro Taques (PSDB), afirmou que exonerou os policias militares envolvidos no caso das interceptações telefônicas ilegais a pedido deles.
“Eles pediram exoneração, é um ato unilateral. O governador tem que aceitar”, ressaltou Taques na manhã desta quinta-feira (27) à imprensa.
A exoneração dos militares circulou no Diário Oficial do Estado na última quarta (26). O secretário-chefe da Casa Civil coronel Evandro Lesco, e seu secretário adjunto, coronel Ronelson Barros, e o cabo Gerson Luiz Ferreira Correa Junior foram desligados da pasta.
Lesco e Barros estavam afastados dos respectivos cargos desde o dia 23 de junho, quando foram presos por determinação do desembargador Orlando Perri, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJ-MT), relator das investigações do caso dos grampos.
Já o cabo Gerson foi preso no dia 23 de maio, mesma data em que o ex-comandante-geral da Polícia Militar, o coronel Zaqueu Barbosa, também foi preso. A decisão foi do juiz Marcos Faleiros, da 11ª Vara Criminal Especializada em Crimes Militares de Cuiabá.
No lugar de Lesco, Taques manteve, interinamente, o coronel Wesley de Castro Sodré na chefia da Casa Militar.
Denunciados
No dia 17 de julho, o Ministério Público Estadual (MPE) ofereceu denúncia criminal contra o ex-comandante-geral da Polícia Militar, coronel Zaqueu Barbosa, o secretário-chefe da Casa Militar afastado, coronel Evandro Lesco, e seu adjunto, coronel Ronelson Barros, por suposto envolvimento em esquema de escutas ilegais no âmbito da PM.
Além deles, também foram denunciados o tenente-coronel Januário Batista e o cabo Gerson Correa Junior.
Os cinco vão responder pelos crimes de Ação Militar Ilícita, Falsificação de Documento, Falsidade Ideológica e Prevaricação, todos previstos na Legislação Militar.
Zaqueu é acusado de ter atuado não só como mandante, mas como o responsável por manter contato pessoal com magistrados para viabilizar a quebra de sigilo telefônico ilegal em Mato Grosso. Já o cabo Gerson era integrante do Núcleo de Inteligência da PM e teria assinado alguns pedidos de grampos à Justiça.
Arapongagem em MT
A existência de suposta central clandestina de grampos telefônicos em Mato Grosso veio à tona no dia 11 de maio, quando o governo do Estado anunciou a exoneração do ex-chefe da Casa Civil Paulo Taques.
Sua saída foi anunciada como um acordo entre Paulo e seu primo, o governador Pedro Taques, para que o homem forte do Executivo deixasse o Palácio Paiaguás e cuidasse pessoalmente das investigações envolvendo a suposta “arapongagem”.
As interceptações ocorreram por meio de uma tática conhecida como “barriga de aluguel” – em que números de telefones de pessoas comuns são inseridos em pedidos judiciais de quebra de sigilo, sem qualquer relação com investigações.
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