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Por G1
Conflitos locais, guerra civil e fome fizeram com que o número de refugiados e deslocados no mundo aumentasse ainda mais em 2016, segundo relatório divulgado nesta segunda-feira (19), tornando a atual crise humanitária a mais grave desde a fundação da ONU, em 1945.
Os países com maior número de refugiados são Síria, Afeganistão, Sudão do Sul e Somália, e os países que mais os recebem são Turquia, Paquistão, Líbano, Irã, Uganda, Etiópia e Jordânia, não países desenvolvidos.
O número de refugiados e deslocados no mundo atingiu 65,6 milhões de pessoas no ano passado, um crescimento de 300 mil na comparação com 2015, segundo o Relatório Global Sobre Deslocamento Forçado em 2016, divulgado pelo Alto Comissariado da ONU para Refugiados (Acnur).
Desse total, 10,3 milhões foram forçadas a deixarem seus lares pela primeira vez (15,7%) e metade são crianças. Crianças que viajavam sozinhas ou separadas de seus pais pediram cerca 75 mil solicitações de refúgio só no ano passado.
A guerra na Síria, que já dura 6 anos, é a causa do maior fluxo de refugiados do planeta. São 5,5 milhões de pessoas que deixaram o país em busca de um local mais seguro, segundo o relatório do Alto Comissariado da ONU para Refugiados (Acnur).
Países de origem dos refugiados em 2016:
Síria: 5,5 milhões
Afeganistão: 2,5 milhões
Sudão do Sul: 1,4 milhão
Somália: 1,0 milhão
Mas, durante 2016, os conflitos entre o governo do Sudão do Sul e grupos rebeldes trouxeram um novo elemento à crise humanitária. Aproximadamente 740 mil sul-sudaneses foram forçados a se deslocar no ano passado devido à guerra civil, e o número de refugiados do país subiu para 1,87 milhão.
No início deste ano, ONU e o Sudão do Sul declararam estado de fome no país, com cem mil pessoas em risco de inanição. A falta de comida e o colapso econômico são provocados pela guerra civil iniciada há 3 anos.
Refugiados acolhidos
Países em desenvolvimento foram os que mais acolheram os refugiados em 2016. Dos 65,6 milhões de refugiados ou deslocados, 84% estão em países de renda média a baixa, sendo que 4,9 milhões foram recebidos pelos países menos desenvolvidos. Uganda, Etiópia e Quênia, que são vizinhos do Sudão do Sul, receberam cerca 700 mil refugiados.
O número mostra falta de consenso internacional quando se trata de acolhimento, segundo o relatório do Acnur, e desmitifica a ideia de são os países mais desenvolvidos que mais prestam assistência aos refugiados, afirma oporta-voz do Acnur no Brasil, Luiz Fernando Godinho. "Isso mostra a necessidade de que esses países de renda média ou baixa sejam melhor assistidos pela comunidade internacional"
Países que mais receberam refugiados:
Turquia: 2,9 milhões
Paquistão: 1,4 milhão
Líbano: 1 milhão
Irã: 979,4 mil
Uganda: 940,8 mil
Etiópia: 791,6 mil
Jordânia: 685,2 mil
O relatório também faz um alerta para o elevado número deslocamentos internos: 6,9 milhões de pessoas forçadas a se deslocar dentro dos seus próprios países. A Síria, Iraque e Colômbia são os países com maior número de refugiados internos.
Segundo o porta-voz do Acnur no Brasil, os dados podem indicar uma tendência de aumento do fluxo de refugiados no futuro, pois esses deslocamentos internos mostram que as pessoas tentam ficar nos países onde nasceram antes de se refugiar em outros países.