O Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas (SP), encerrou 2016 com 9,3 milhões de passageiros, o menor fluxo em três anos, de acordo com a concessionária que administra o terminal. A crise econômica também refletiu no terminal de cargas e as receitas encolheram.
No comparativo com 2015, o terminal recebeu 999,4 mil viajantes a menos, total que representa diminuição de 9,6%. A quantidade de passageiros em voos internacionais diminuiu 28,5%, enquanto nos domésticos houve 8,4% de usuários a menos. Veja evolução na tabela abaixo.
"As pessoas estão mais contidas, as empresas estão reduzindo custos de forma geral e a área dos transportes é sempre afetadas. Há um reflexo direto do nível econômico do país", explica o diretor de operações em Viracopos, Marcelo Mota, sobre a retração no movimento de viajantes.
Durante o ano, também houve mudanças em rotas. A American Airlines deixou de realizar voos diários para Miami, Estados Unidos; enquanto a Azul anunciou compra de 40% do capital da companhia TAP – antes responsável por operar voos semanais para Lisboa, em Portugal. Na segunda quinzena de 2015, a Copa Airlines também encerrou voos para a Cidade do Panamá.
Queda de receitas e negociações
Além de perder passageiros, Viracopos registrou pelo terceiro ano consecutivo queda nas operações do terminal de cargas. A estrutura contabilizou 58,5 mil toneladas de materiais exportados, alta de 12,2% em relação a 2015, mas as importações tiveram retração de 17,2% – foram de 124,4 mil toneladas para 103 mil toneladas. As receitas do setor diminuíram 3%.
"Perdemos muito, quase dois terços do volume de cargas desde que assumimos [2013]. O aeroporto só não foi mais impactado, porque tivemos algum benefício por causa do preço do dólar, e estamos buscando maior eficiência ao trabalhar com cargas de alto valor agregado", avalia Mota. O setor responde por aproximadamente 65% das receitas totais do aeroporto.
Para melhorar os indicadores a partir deste ano, explica Mota, Viracopos estuda negociar rotas para países latino-americanos com intuito de elevar movimento de passageiros e faturamento com cargas.
A escolha, segundo ele, ocorre por causa da estabilidade no continente europeu e porque as empresas atuantes no mercado asiático estão focadas em acordos "regionais".
"Nós não chegamos a projetar números, porque depende das negociações. Ainda há muita viabilidade de interligação entre capitais, há oportunidade de investimentos", conta ao admitir que a concessionária tem metas internas, mas não divulga por causa de concorrência. Há dois meses, o aeroporto lançou incentivos para aquecer as operações com cargas. Segundo Mota, uma aeronave deste setor representa a mesma lucratividade de até 20 voos de passageiros.
Reequilíbrio financeiro e novos negócios
Outro ponto destacado por ele foi a primeira revisão extraordinária do contrato de concessão pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), em dezembro do ano passado. A instituição aprovou repasse de R$ 209,9 milhões, valor do qual foram descontados R$ 182 milhões da outorga anual – valor devido pela concessionária ao governo federal pelo direito de operar o aeroporto.
Fonte: G1