Após fazer a foto que ilustra estas páginas, Zilu Godoi recebeu um bilhete de um fã entregue à sua empresária, Marlene Mattos: “Você é linda. Preciso de você. Segue meu celular.” Em seguida, deu uma gargalhada que ecoou no hall do hotel na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, onde aconteceu esta entrevista a QUEM. “Que mulher não gosta de se sentir desejada?!”, ela diz para Marlene, que foi empresária de Xuxa por quase 20 anos.
Zilu será apresentadora do Assim Somos, do canal pago E+TV, e deve estrear nas próximas semanas. Ela vai falar sobre relacionamentos – assunto que domina, principalmente depois de julho de 2014, quando enfrentou a difícil separação de Zezé Di Camargo, de 52 anos, com quem foi casada por mais de três décadas e teve três filhos: Wanessa, de 32, Camilla, de 29, e Igor, de 20. “Achei que fosse uma fortaleza, que nada iria me derrubar”, afirma. Mas, no ano passado, bateu a depressão. “Isso é página virada”, garante.
QUEM: A oportunidade de se tornar apresentadora de TV marca uma virada em sua vida?
ZILU GODOI: Sim. O Assim Somos foi um projeto que nasceu com a Marlene. Mas quando vi que a pauta era relacionamentos, eu disse sim. Vou debater o amor, o ódio, a alegria, o sofrimento, abranger tudo.
QUEM: Que embasamento você tem para ajudar outras pessoas?
ZG: Tudo na nossa vida abrange relacionamentos. Vou mostrar o melhor de mim e tentar buscar o melhor das pessoas para o crescimento delas, para que eu possa aprender com elas e passar um pouco das minhas experiências.
QUEM: Inspira-se em alguma apresentadora de TV?
ZG: Quero criar a minha própria identidade. Mas é lógico que assisto a pessoas que viraram ícones, como a Oprah Winfrey. Nos Estados Unidos, eu assistia ao programa dela. É divertida, faz da tragédia uma coisa boa. Gosto disso. Além do mais, ela tem uma história de vida maravilhosa.
QUEM: Depois do turbilhão de emoções pelo qual você passou com o fim do seu casamento, como se define?
ZG: Sou autêntica. Não consigo brincar de ser feliz. Ou estou feliz ou demonstro que não estou. E o que não me agrada eu já falo na hora. Isso, para algumas pessoas, é um defeito. Para mim é qualidade. Prefiro assim a segurar e guardar aquilo. Talvez por isso seja um pouquinho briguenta (risos). Nunca saí no tapa, mas sairia se fosse preciso. Estou pronta para uma boa briga.
QUEM: A crise de seu casamento começou em 2011. A quem recorreu quando precisou de ajuda?
ZG: Quando mais precisei de conselhos, recuei. Fui para Miami e me fechei, acreditei que sozinha seria capaz de resolver os problemas. Mas não fui. Aí percebi que precisava de gente ao meu lado. Então fui buscar abrigo nos meus filhos, na família. Vi que precisava de ajuda. Não adiantava ter orgulho. Bati continência para a humildade.
QUEM: Como foi essa temporada em Miami?
ZG: Foram quase três anos vivendo lá. Fiquei um ano viajando muito, conhecendo quase todos os lugares. Depois, estabeleci uma rotina: eu acordava às 7 horas e ia para a aula de inglês. Chegava, almoçava, partia para a malhação. Aí ia à igreja, ou jantava com uma amiga, para não ter tempo para pensar em nada. Foi quando finalmente voltei ao Brasil que então veio a depressão…
QUEM: Precisou de ajuda médica?
ZG: Sim. Achei que fosse uma fortaleza e que nada iria me derrubar. Mas quando voltei para São Paulo e enxerguei a realidade, caí em depressão. Nos Estados Unidos, eu não tinha tempo para a ferida que estava ali e que precisava ser curada. E a forma de curar é ir para dentro do buraco e florescer novamente.
QUEM: Como foi esse período?
ZG: A primeira pessoa para quem liguei, quando vi que não segurava mais a barra, foi minha filha Camilla. Pedi socorro. Fiquei dez dias internada, com um monte de remédio (ela faz uma pausa). E de repente pensei: “Pera aí! Tenho que parar com isso, tenho que dar a volta por cima”. É só o tempo. Abandonei a medicação, levantei a cabeça e disse: “Vou sair disso”. Na correria, a Marlene me chamou para fazer o programa e vi que era o caminho para que essa cicatriz fosse curada de vez.
QUEM: Que conselho você dá para quem vive uma decepção amorosa como a que você teve?
ZG: É difícil. Quem falar que é fácil, não é. Foram 32 anos de casamento e de dedicação. Eu me casei aos 19 anos. O Zezé é o grande amor da minha vida. O conselho seria: não procure se ajudar sozinha. Peça ajuda para as pessoas que vão jogá-la para cima.
QUEM: O que sente hoje por ele?
ZG: Ainda estou analisando esse sentimento, estou me curando disso, dando pulos para poder encontrar um caminho. Quero ser feliz. Brinco que quero casar de novo e viver tudo de novo. Quero ser feliz e me acho jovem para isso. Eu não nasci para ficar sozinha. Quero envelhecer com uma pessoa ao meu lado. E agora estou conhecendo alguém.
QUEM: É o empresário Marcos Lúcio?
ZG: Prefiro dizer só isso, que quero namorar, beijar na boca, casar, ter uma pessoa ao meu lado. Mas uma coisa de cada vez, devagar.
QUEM: O que você fez com os CDs de Zezé Di Camargo e Luciano que tinha em casa?
ZG: Eu ouço Zezé Di Camargo em casa, no carro, na casa dos amigos. Se no meu carro coubessem seis CDs, os seis seriam dele. Não vou deixar de ouvir as músicas dele. Fazem parte da minha história.
QUEM: Como é a Zilu mãe?
ZG: Eu até brinco que de mãe virei filha. Antes eu ensinei a meus filhos o caminho. E acho que fiz bem. Hoje eles me dão lição de moral, opinião. Às vezes, não quero que eles saibam o que faço, para eu não levar bronca (risos). É que não consigo viver de acordo com minha idade, tenho alma jovem!
QUEM: Ainda é muito consumista?
ZG: Era muito, muito (risos)! A ponto de ser extravagante mesmo, de gastar muito em uma tarde.
QUEM: Defina esse “muito”.
ZG: De levar a loja inteira! Mas hoje ando pelos shoppings e saio sem uma sacola! Fico feliz comigo mesma. Isso era difícil. Eu era apaixonada pelas bolsas da Louis Vuitton, pelos calçados Louboutin, casacos Chanel, vestidos do Roberto Cavalli, Armani e Versace. Usei muito Versace, foi a marca que mais usei na vida! Te desafio a ir lá em casa e me ajudar a contar quantas bolsas tenho no closet. Você vai se perder lá dentro. Nem eu sei (risos).
Fonte: G1