Pecuaristas de várias regiões do país sofrem com os frequentes os casos de roubos de gado. O Globo Rural conferiu como está a situação em três estados: Goiás, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. Só no RS, prejuízo chega a R$ 70 milhões aos produtores. Goiás criou a primeira Delegacia de Repressão aos Crimes Rurais. Na região de Uberaba, no Triângulo Mineiro, só este ano foram 109 furtos e roubos de gado.
Furtos são ignorados pela polícia, dizem produtores rurais
Segundo a Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul, o roubo de gado causou um prejuízo de mais de R$ 70 milhões aos produtores do estado.
O seu Etevaldo Galiberti, 78 anos, é uma das vítimas da violência no campo. Ele tem um sítio de 12 hectares em Arroio Teixeira, no litoral norte gaúcho. Em um ano, ele teve dez vacas roubadas e acabou desistindo da pecuária. “É um sentimento grande. Porque quem gosta faz porque gosta, né? E quando não pode mais fica difícil né, um sentimento de perda de uma coisa que sempre gostei desde novinho”, diz ele.
Há uma grande reclamação dos produtores rurais. Segundo eles, a maior parte das ocorrências de furto de gado é ignorada pela polícia. Nos dez municípios com mais casos, apenas 6% dos casos foram resolvidos. A polícia alega falta de estrutura para investigar esses crimes.
Uma operação descobriu que lanchonetes e restaurantes de Pelotas, no sul gaúcho, compravam carne roubada de uma quadrilha. Quatorze pessoas foram presas.
Minas Gerais vive situação de medo
A situação em Minas Gerais também é de medo para os produtores. Na região de Uberaba, só este ano foram 109 roubos e furtos de gado. Isso quer dizer que a cada dois dias uma fazenda foi invadida por bandidos.
Na fazenda do Seu Geraldo, em Delta, no Triângulo Mineiro, os bandidos chegaram armados e renderam o caseiro, que ficou amarrado por quase doze horas. Levaram 17 cabeças de gado que estavam em ponto de abate, prejuízo de quase R$ 30 mil. Esta foi a terceira vez que a fazenda do Seu Geraldo foi alvo desse tipo de crime.
Esta semana, a polícia mineira prendeu uma das maiores quadrilhas que atuavam na área rural. Além de cabeças de gado, os ladrões também furtavam café de pequenos produtores.
Goiás cria primeira Delegacia de Repressão aos Crimes Rurais
Já em Goiás, uma polícia especializada no combate aos crimes do campo está fazendo a diferença. Em dezembro, os ladrões entraram na fazenda do pecuarista Ayrton Pereira Santos, doparam a família inteira do caseiro e levaram 66 novilhas do rebanho. O prejuízo foi de R$120 mil reais.
Por causa de crimes como estes que foi criada a primeira Delegacia de Repressão aos Crimes Rurais. Isso afugentou as quadrilhas que atacam o gado e reduziu o número de furtos de animais em mais de 60% nos 246 municípios do estado.
A fazenda do Seu Vaneir é em Aurilândia, no Centro Oeste Goiano, de onde os bandidos levaram 46 garrotes. A delegacia especializada prendeu 8 pessoas do bando e recuperou 7 animais numa propriedade a 150 km da fazenda dele. Veja mais detalhes da reportagem no vídeo acima.
De acordo com Glaydson Costa Carvalho, delegado de crimes rurais, as prisões trazem alívio aos pecuaristas. “Na grande maioria desses autores de crimes na área rural a gente tem conseguido a decretação da prisão preventiva deles, e eles têm ficado presos. Isso traz um alívio para aquela região ali onde eles costumam atuar.”
Desde o ano passado, a Delegacia Especializada em Crimes Rurais de Goiás prendeu quarenta acusados de roubos e furtos.