O vigilante apontado como serial killer de Goiânia, Tiago Henrique Gomes da Rocha, de 28 anos, vai a júri popular quinta-feira (17) pela morte de Rosirene Gualberto da Silva, de 29 anos. Ela foi morta a tiros na frente da irmã quando estava dentro de um carro no Setor dos Funcionários, em Goiânia, em julho de 2014.
A sessão deve começar às 8h30, no 1º Tribunal do Júri de Goiânia. O juiz Jesseir Coelho de Alcântara é o presidente do júri. Este foi o primeiro homicídio em que o Ministério Público Estadual (MP-GO) denunciou o vigilante. De acordo com o MP-GO, Tiago "ceifou a vida de Rosirene, munido de sentimento de crueldade, buscando o crime como satisfação mórbida de prazer".
A mulher foi morta no dia 19 de julho de 2014, no Setor dos Funcionários, em Goiânia. Ela estava com a irmã em um VW Gol quando ambas foram abordadas. O suspeito exigiu as chaves e enquanto Rosirene procurava, ele efetuou vários disparos e fugiu sem levar nenhum pertence.
A irmã de Rosirene, Rossilda Gualberto, foi atingida por um tiro de raspão, mas sobreviveu e foi uma das testemunhas ouvidas pela polícia e pela Justiça. A mulher contribuiu com a investigação fazendo um retrato-falado do suspeito, que a ajudou a polícia a identificá-lo.
Ao ser preso, em outubro de 2014, o vigilante confessou à Polícia Civil ter matado Rosirene e mais de 30 pessoas. Ele foi indiciado pelo crime pouco mais de um mês após a prisão, no dia 21 de novembro. De acordo com a investigação, entre as provas reunidas pela polícia que incriminam Tiago está o laudo de exame de balística, que teve resultado compatível entre a bala recolhida no corpo de Rosirene e a arma apreendida com o vigilante.
Além disso, Tiago foi fotografado por um radar ao cometer uma infração nas proximidades do local do crime, minutos depois do homicídio. Na foto, o motociclista usa uma mochila idêntica à apreendida na casa do vigilante.
Depoimentos
Durante a primeira audiência do caso, no dia 9 de janeiro do ano passado, Tiago Henrique declarou que foi “obrigado” a assassinar Rosirene Gualberto por um “sentimento demoníaco”. “Uma voz me perturbava para fazer isso, eu tentava não ouvir, mas era mais forte do que eu e acabou acontecendo”, disse o jovem ao juiz.
No depoimento, Tiago disse que não tinha nada contra a vítima, não a conhecia e que não atirou para matar. Ele afirmou ainda que “não tem nada a falar” em sua defesa.
Além do vigilante, oito testemunhas foram arroladas, entre elas Neusa Ramos, funcionária de um bar localizado próximo ao emprego do acusado. Três testemunhas foram dispensadas. Entre as que prestaram depoimento estão dois irmãos da vítima: Rossilda Gualberto, que estava com a irmã no momento do crime, e Henrique Gualberto.
Segundo Neusa, o vigilante chamava a atenção de todos “por ser estranho”. Ela relatou que Tiago sempre ia ao local e bebia cerveja ou uísque. “Um dia ele levantou e disse: ‘Vou ali fazer mais uma vítima, você vai saber’”, afirma a mulher.
O depoimento de Rossilda era para ser o primeiro, já que ela também foi vítima de Tiago. No entanto, como ela estava muito emocionada, foi a segunda a ser ouvida. Ela afirmou que não tem dúvida de que foi o vigilante quem abordou o carro em que estava com a irmã: “Com certeza é ele. A roupa, os olhos, não tenho dúvida”.
Um casal que ajudou Rossilda após o crime também testemunhou. Por fim, foi ouvido o delegado Fábio Meirelles Vieira, que atendeu à ocorrência.
Condenações
Tiago Henrique ficou conhecido como o serial killer de Goiânia por ser apontado como responsável por mais de 30 assassinatos. No último dia 7, ele teve sua 19ª condenação por homicídio, pela morte do estudante Pedro Henrique de Paula Souza, de 19 anos.
O vigilante também já foi condenado pela Justiça a 12 anos e 4 meses de prisão em regime fechado por ter assaltado duas vezes a mesma agência lotérica do Setor Central, na capital goiana. Juntas, as penas de Tiago Henrique somam 403 anos e 10 meses de prisão.
No último dia 26 de outubro o vigilante foi absolvido pela primeira vez. Ele era acusado de matar Edimila Ferreira Borges, de 18 anos. De acordo com a sentença, o próprio Ministério Público requereu a absolvição dele alegando falta de provas que comprovassem que Tiago fosse o autor do crime.
Fonte: G1