Com a confirmação do antigo Cespe/Unb, agora chamado de Cebraspe, como a organizadora do concurso do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) para 950 vagas – 800 para técnico do seguro social (nível médio) e 150 para analista do seguro social, com graduação em serviço social -, os candidatos devem focar no estilo de prova da banca, segundo especialistas. O edital do concurso deve sair até dezembro deste ano.
“Agora é que vou poder direcionar melhor os estudos. Com isso vem a tranqulidade para seguir a preparação”, diz a analista de sistemas Lilian Salamon, de 51 anos, que vai prestar para técnico do seguro social. Ela está há seis meses se preparando para o concurso. “É hora de fazer muitas questões para assimilar o conteúdo já estudado. Quando o edital sair, é a hora de ver as novidades e intensificar os estudos em cima delas. Caso não haja novidades, farei uma revisão da matéria e continuarei no treinamento de exercícios”, diz.
De acordo com Rodrigo Lelis, professor do Universo do Concurso, o candidato deve continuar estudando a teoria das disciplinas e resolver questões de provas anteriores do Cespe. “A resolução de questões anteriores da banca é um grande aliado para conhecer melhor como as questões serão propostas, o que tem sido mais cobrado nos últimos concursos que ela organizou, ou seja, quais são os conteúdos mais recorrentes, e também se ela se baseia mais na letra da lei, em jurisprudências ou em simulações de casos concretos", diz.
Segundo Lelis, essa familiarização com a banca organizadora faz com que o candidato chegue mais seguro e confiante na prova, existindo menos espaço para ansiedade, nervosismo e possíveis “brancos”.
Estilo do Cespe
Rodrigo Menezes, diretor do site Concurso Virtual, recomenda estudar de forma aprofundada, pois a banca costuma sair do óbvio. “Em direito, vai bem além do texto das leis, cobrando jurisprudências dos tribunais, o que exige do candidato um bom material de estudo”, diz.
“Toda prova exige um nível de atenção elevadíssimo e com o Cespe não é diferente. Muitas vezes, uma palavra muda todo o sentido da questão, e são nessas cascas de banana que os candidatos escorregam o tempo todo. O Cespe gosta de uma linguagem mais rebuscada, e o candidato precisa se acostumar para não temer. Com o tempo de estudo, o candidato também passa a perceber onde a banca pode tentar enganá-lo, quais são os conteúdos mais cobrados, portanto, fazer exercícios e resolver questões são fatores essenciais para a aprovação”, diz Lelis.
Para Menezes, o Cespe valoriza o conhecimento e a capacidade de interpretação do candidato, mais do que a simples "decoreba" e apresenta as questões que devem ser julgadas, uma a uma, como certo ou errado, em que uma resposta errada anula uma resposta certa.
“Enquanto numa prova de múltipla escolha você pode comparar quatro ou cinco itens de uma mesma questão, no Cespe cada item é uma questão a ser julgada e, o que mais assusta, é que a cada item que o candidato erra, ele perde um ponto. Numa prova de 150 itens, por exemplo, se o candidato acertar 75 e errar 75, sua pontuação será 0. Isso assusta muitos candidatos, mas na verdade essa forma de pontuação favorece muito quem está mais bem preparado. Quem estuda de verdade com bom material e sabe as técnicas de fazer provas do Cespe sai muito na frente”, explica.
Lelis afirma que a banca pede conhecimento de fato do conteúdo que está sendo cobrado por meio de simulações de casos concretos, bem como conhecimento de jurisprudência. Assim, o entendimento da matéria é mais valorizado que a memorização pura e simples.
“Para lidar com esse tipo de prova, é fundamental que o candidato realize questões da banca à exaustão, para se adaptar aos tipos de assertivas, e ter em mente que nem sempre o famoso “chute” é uma boa opção. Quando não se tem ideia sobre o que é a questão, a melhor opção é deixar em branco, para não correr o risco de perder um ponto de uma questão que o candidato acertou”, aconselha.
De acordo com Menezes, mais de 90% dos concursos realizados pelo Cespe trazem as provas no formato certo/errado. Para ele, a prova somente será de múltipla escolha se o INSS assim exigir. “Considerando que no último concurso do INSS para técnico e analista que o Cespe organizou a prova foi no formato certo/errado, acredito que isso se repita”, diz. O concurso foi realizado em 2008 – clique aqui para ver os editais.
E quem estudou por outra banca?
Para Menezes, quem estava estudando baseado no último edital para técnico, feito pela Fundação Carlos Chagas (FCC) em 2011, não deve desanimar e achar que perdeu tempo. “Todo conteúdo estudado é válido. Quem já vem estudando com foco na FCC já terá uma boa base, mas terá que adaptar seu estudo agora para o perfil do Cespe."
“De maneira alguma se perde o conhecimento adquirido. O candidato apenas terá uma visão de cobrança nas questões um pouco diferente do que o Cespe faz, mas todo o conteúdo já estudado é aproveitado. Desse momento em diante, o candidato só precisa focar na resolução de questões de provas anteriores da organizadora escolhida para conhecer e se familiarizar com o estilo de prova muito peculiar do Cespe”, diz Lelis.
Planejamento de estudo
Menezes sugere montar uma grade de estudos com os tempos disponíveis de cada dia da semana. “O ideal é que todas as matérias previstas sejam estudadas a cada semana. O estudo deve ser feito intercalando-se cerca de 55 minutos de estudo e 5 de descanso. A cada 2 ou 3 horas de estudo, vale trocar a matéria por outra completamente diferente. Considerando que a prova é iminente, indico que estudem pelo menos 6 horas por dia duas matérias, intercalando em cada uma teoria nas duas primeiras horas e na terceira hora revisão de conteúdo e resolução de questões”, diz.
Rodrigo Lelis diz que o planejamento de estudos deve estar dentro da realidade do candidato e o tempo de estudo deve render o máximo possível. “Duas horas bem estudadas rendem muito mais do que oito horas entre estudos e distrações diversas”, comenta.
Segundo Lelis, o planejamento deve englobar todas as disciplinas previstas para o concurso e ser dividido entre estudo da teoria e resolução de questões. O especialista considera importante que sejam contemplados todos os dias da semana na preparação.
“Dar uma folga a si mesmo no fim de semana é ilusão. Você pode diminuir o tempo, mas não excluir esses dias de estudo. Estudar com eficiência é uma questão de ritmo, e o ritmo você só adquire estudando todos os dias”, opina.
De acordo com ele, se o candidato divide a sua semana com uma disciplina por dia, ou irá dedicar a semana toda a uma disciplina só, isso é uma questão variável.
“Há pessoas que preferem estudar uma disciplina por dia para ter um estudo mais dinâmico e menos monótono; outras preferem estudar todo o conteúdo de uma disciplina só até passar para outra, porque são mais ansiosos. Muitos especialistas defendem o estudo intercalado, com uma disciplina por dia, pois favorece a assimilação do conteúdo. Eu acredito que o candidato deva escolher o modo em que se sinta mais à vontade. Independente disso, o importante é estudar com dedicação todos os dias e perseverar até que o objetivo seja alcançado”, conclui.
Fonte: G1