Cidades

Vazamento de óleo prejudica indígenas às margens do Teles Pires

Um grande vazamento de óleo de origem ainda não identificada poluiu as águas do Rio Teles Pires, numa área próxima ao local onde é construída a hidrelétrica de São Manoel, na divisa de Mato Grosso com Pará. A mancha de óleo, identificada no domingo, avançou rio abaixo e comprometeu o abastecimento de diversas aldeias indígenas às margens do rio.

A causa do acidente está sendo investigada pelo Ibama, que deslocou especialistas para a região, de difícil acesso. O tamanho do estrago ambiental também está em fase levantamento. Não se sabe se o vazamento foi causado por problema na estrutura da barragem de São Manoel ou se está relacionado a outro fator, como o afundamento de balsas de garimpo ilegal, muito comuns no Teles Pires.

A concessionária Empresa de Energia São Manoel, dona da hidrelétrica, enviou barcos com garrafões de água para os índios. Cerca de 80 famílias, aproximadamente 320 pessoas, moram em aldeias próximas à estrutura de São Manoel.

Segundo Taravy Caiabi, liderança indígena da região, essas aldeias receberam cerca de 2.200 litros de água da São Manoel Energia na terça-feira. Outros 2 mil garrafões foram enviados na quarta-feira. “Isso tudo é uma tristeza muito grande para o nosso povo. Essa região é sagrada para nós. Agora, além de inundarem toda a terra, sujam nossa água. O peixe também sumiu. As pessoas estão ficando doentes, com diarreia. Todos estão preocupados com a saúde”, disse Caiabi.

Marcelo Amorim, coordenador substituto de Emergências Ambientais do Ibama, disse que o órgão sobrevoou a região e confirmou a presença do óleo. Ele não soube precisar, porém, a dimensão da mancha. “Tudo está sendo investigado para encontrar a causa do vazamento.”

Juliana de Paula Batista, advogada do Instituto Socioambiental (ISA) que viveu na região, alerta para o risco de o problema se agravar. Pelo menos outros 900 indígenas vivem em aldeias a cerca de 60 quilômetros da usina. Mais abaixo ainda está a terra indígena mundurucu, onde vivem 8 mil pessoas. “Nenhuma dessas aldeias tem água tratada, os indígenas bebem água in natura do rio. Por isso, qualquer coisa que acontece nessa área é uma tragédia”, disse.

A empresa de Energia São Manoel declarou, em nota, que detectou a mancha de óleo no dia 13 de novembro, mas que situação da bacia do Teles Pires “já está normalizada”. A empresa informou que “está analisando as causas do ocorrido” e que segue com o monitoramento periódico da região.

São Manoel é uma das últimas grandes hidrelétricas que o governo conseguiu implantar na Amazônia, em meio a uma série de polêmicas envolvendo o impacto do projeto em terras indígenas e a inundação de regiões históricas e sagradas para os índios, como a chamada Sete Quedas do Teles Pires, que ficou debaixo d’água.

Processos

 Além de São Manoel, o rio que dá origem ao Tapajós já foi barrado pela hidrelétrica de Teles Pires, Sinop e Colíder, em Mato Grosso. Esses empreendimentos acumulam pelo menos 24 processos movidos pelo Ministério Público Federal, a maior parte deles atrelados a desrespeito aos direitos indígenas e impactos ao meio ambiente, como ocorrências de grande mortandade de peixes.

A Empresa de Energia São Manoel pertence à EDP Brasil, Furnas e China Three Gorges, que preveem investimento de R$ 2,2 bilhões na hidrelétrica. As obras da usina de 700 megawatts foram iniciadas em setembro de 2014 e a previsão é que as operações comecem em janeiro de 2018. ( Com Estadão)

Redação

About Author

Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

Você também pode se interessar

Cidades

Fifa confirma e Valcke não vem ao Brasil no dia 12

 Na visita, Valcke iria a três estádios da Copa: Arena Pernambuco, na segunda-feira, Estádio Nacional Mané Garrincha, na terça, e
Cidades

Brasileiros usam 15 bi de sacolas plásticas por ano

Dar uma destinação adequada a essas sacolas e incentivar o uso das chamadas ecobags tem sido prioridade em muitos países.