Em 1992, um sapo com os olhos dentro da boca devido a uma macromutação genética foi encontrado no Canadá
Sim, o caso é real. Um sapo com os olhos dentro da boca foi encontrado na província de Ontário, no Canadá, em 1992, e até hoje intriga cientistas.
O registro, feito pelo fotógrafo Scott Gardner, mostra um animal com uma rara macromutação genética que deslocou completamente seus olhos para o interior da cavidade bucal. Apesar da anomalia, o saco conseguia enxergar normalmente, desde que mantivesse a boca aberta.
O caso do sapo com os olhos dentro da boca
O anfíbio foi descoberto por duas meninas em um jardim na província de Ontário e, logo em seguida, Gardner foi chamado para registrar o achado e confirmou o inusitado:
“Tive que esperar o sapo abrir a boca para ver os olhos e conseguir fotografar. Uma imagem curiosa, mas real”, relatou o fotógrafo em artigo publicado no Toronto.com sob o título O Sapo e Eu.
O sapo com os olhos dentro da boca foi descoberto por duas meninas na província de OntárioFoto: Divulgação/Scott Gardner/ND Mais
A fotografia ficou famosa internacionalmente e acabou sendo incluída no livro “Escalando o Monte Improvável”, de 1996, do biólogo evolucionista Richard Dawkins.
Em 2014, a BBC voltou ao tema, explicando que o caso se tratava de uma macromutação, uma alteração genética rara que afeta um gene regulador responsável pela expressão de vários outros genes estruturais.
O que é uma macromutação?
Um artigo da USP (Universidade de São Paulo) explica que uma macromutação é uma mudança genética de grande impacto, que pode alterar profundamente a anatomia de um organismo.
Enquanto a maioria das mutações naturais é sutil e cumulativa, as macromutações podem gerar características extremas, como a migração de órgãos ou deformações corporais significativas.
No caso do sapo de Ontário, cientistas acreditam que a alteração tenha ocorrido durante o desenvolvimento embrionário, interferindo na formação da cabeça e dos olhos.
Possíveis causas do sapo ter os olhos dentro da boca
Embora as causas exatas ainda sejam debatidas, há duas principais hipóteses:
- Fatores genéticos: falhas no gene PAX6, fundamental na formação dos olhos e do sistema nervoso, podem ter causado o deslocamento.
- Fatores ambientais: infecções por vermes trematódeos (Ribeiroia ondatrae) também são apontadas como possíveis responsáveis. Esses parasitas têm sido associados a deformações em anfíbios, incluindo ausência, duplicação ou má formação de membros.
Um fenômeno raro, mas não impossível
De acordo com o biólogo Tai, em uma publicação no TikTok, as rãs-leopardo-do-norte (e muitas outras espécies de rãs e sapos) retraem seus globos oculares para dentro da cavidade bucal durante a alimentação.
O movimento facilita o consumo para esses anfíbios. Isso porque os olhos pressionam o alimento contra o palato mole e o empurram para baixo em direção à garganta, ajudando na deglutição, especialmente porque esses animais não possuem um palato rígido como o dos mamíferos.
Fascínio e impacto científico
A história despertou o interesse de biólogos e naturalistas, incluindo David Attenborough, que mencionou o caso em seu documentário Fabulous Frogs, da BBC.
Para os especialistas, o episódio é uma lembrança de como pequenas variações genéticas podem gerar resultados drásticos, reforçando a importância do estudo da evolução e do desenvolvimento embrionário.
Mais de três décadas depois, o “sapo com os olhos dentro da boca” segue sendo um dos exemplos mais impressionantes de anomalias naturais documentadas.
Por Lídia Gabriella
Foto Capa: Divulgação/Scott Gardner/ND Mais
Fonte: https://ndmais.com.br


