Por Antônio Horácio da Silva Neto
A História da Maçonaria em Mato Grosso na sua atual conformação geográfica tem estreita e umbilical ligação com a História da Benemérita Augusta Respeitável e Centenária Loja Simbólica Acácia Cuiabana. Não há como se fazer qualquer estudo histórico desse tema que não passe pelo estudo da centenária Oficina Maçônica cuiabana, razão pela qual é obrigatório neste singelo artigo que se busca iniciar uma passagem em revista sobre um pouco de sua longa e profícua história. Digo um pouco porque o espaço num artigo jornalístico não permite detalhar com minudência os multivariados acontecimentos históricos dos quais participou nos rincões mato-grossenses.
De início friso que a Benemérita Augusta Respeitável e Centenária Loja Simbólica Acácia Cuiabana é fruto da visão de, como se diz no cuiabanês, dois maçons “pau-rodados”. São eles o Capitão da Armada e médico baiano Manoel Joaquim dos Santos e do Bacharel em Direito cearense João Aquino Ribeiro, que se encontraram, casualmente, na casa de um outro maçom local, o Coronel Antonio Paes de Barros. Manoel Joaquim dos Santos era o médico particular do Coronel Antonio Paes de Barros e João Aquino Ribeiro era noivo de sua filha Alice.
Nessas conversas ficou evidenciada a necessidade de criação de uma Loja Maçônica para congregar os maçons que viviam dispersos em Cuiabá/MT, uma vez que por volta de 1895/96 as colunas da Loja “Estrela do Ocidente” tinham se abatido e deixados os maçons que por aqui perambulavam sem um local para a prática de seus trabalhos ritualísticos.
Contatos foram realizados e no dia 18 de maio de 1900 houve a reunião no Salão da Sociedade da Escola Dramática, situada na Rua Barão de Melgaço nº 05, que à época chamada Rua do Campo, cuja finalidade era a fundação de uma Loja Maçônica, mas somente 10 maçons compareceram em razão do chamado, especificamente os que não tinham vínculo político com os partidos da época. Frise-se que era comum se ter muita cautela naqueles tempos para a participação em criação de instituições, pois a dependência estatal era enorme, além da possibilidade de perseguições políticas e pessoais. E assim se fundou a Loja Maçônica Acácia Cuiabana.
Na reunião para a regularização e instalação da Loja Maçônica Acácia Cuiabana, ocorrida no dia de 12 de outubro de 1900, já compareceram 35 maçons, talvez por estarem cientes de se tratar de algo sem carga política forte e também porque todos os documentos para tanto estavam devidamente preparados pelo representante do Grande Oriente do Brasil, o Grande Inspetor Geral (grau 33) Benedito José da Silva França.
Com essas rápidas pinceladas, é que se pode dizer ter sido assim criada a Benemérita Augusta Respeitável e Centenária Loja Simbólica Acácia Cuiabana. Mas é preciso ir mais longe, para tentar rapidamente colocar numa linha do tempo os fatos históricos mais relevantes durante os seus 117 anos de existência. Para tanto, há de se socorrer do excelente trabalho de compilação histórica do maçom Rizzo Lopes Galvão (grau 33), apresentado por ocasião dos 105 de fundação da Centenária Oficina Cuiabana, em que se dividiu a sua portentosa história em seis períodos. Feita essa referência, seguem-se considerações sobre tais períodos.
1º Período – de 12/10/1900 a 24/02/1907
Nele houve a implantação da Loja Maçônica, com sua formação estrutural, física, pessoal e administrativa e fundou-se a sua primeira sede na Rua Governador Rondon, nº 42. Como principais fatos, tem-se a eleição de sua primeira Diretoria definitiva em 18 de outubro de 1900, com a escolha do Venerável Mestre Manoel Joaquim dos Santos, que a administrou por cinco anos consecutivos. Com essa administração foram estimuladas as iniciações, regularizações e filiações, conseguindo em 16 sessões, ocorridas de outubro a dezembro de 1900, trazer para o seio da Loja Maçônica 56 irmãos. Também foi criado o Capítulo da Loja Acácia Cuiabana e elaborado o seu primeiro regimento particular, adquirindo um imóvel para a sua primeira. Criou-se uma Comissão de Polícia, para manter unidos todos os membros por quaisquer desavenças políticas e foi definida toda segunda-feira como dia da sua sessão, o que vem se mantendo até os dias atuais. Recomendou-se a cooperação máxima com o Governo do Estado em todas as áreas públicas possíveis, incentivando a beneficência e mantendo um relacionamento ativo com as demais Lojas Maçônicas do Estado de Mato Grosso, bem como com os de outros Orientes Nacionais e também um respeitoso e bom relacionamento com o clero.
2º Período – de 24/02/1907 a 28/08/1928
Foi o período da consolidação política e social da Loja Acácia Cuiabana, o que se dá com a nova Constituição Maçônica do Grande Oriente do Brasil, promulgada em 24 de fevereiro de 1907, e a nomeação do Primeiro Delegado do Grão-Mestre Geral, demonstrando o relacionamento com o Poder Central situado no Rio de Janeiro/RJ. A nomeação desse primeiro Delegado do Grão-Mestre Geral recaiu na pessoa de Generoso Paes Lemes de Souza Ponce (grau 33), que era também o Presidente do Estado e para ser o seu Secretário na Delegacia foi nomeado Antonio Fernandes Trigo de Loureiro.
A nova Constituição Maçônica do Grande Oriente do Brasil de 24 de fevereiro de 1907 veio com algumas inovações, inclusive com a extinção dos Capítulos das Lojas, dos Conselhos de Kadosh, dos Consistórios e da Grande Loja Central. Mas ainda não se tratava da separação esperada dos graus simbólicos com os graus filosóficos. Mais tarde a Loja Maçônica sentiu a necessidade de se aproximar ainda mais do Poder Central, enfim, de acompanhar o movimento político que se desenhava no Grande Oriente do Brasil e a divergência de sua administração com a administração do Supremo Conselho, o que culminou em 1927 com a primeira cisão do Grande Oriente do Brasil.
Houve um incidente com o clero local nesse período porque alguns membros da Loja Maçônica fundaram a Liga Mato-Grossense de Livres Pensadores de Mato Grosso e o seu jornal “A Reação”. Diante disso, a Igreja Católica reagiu imediatamente fundando a Liga Católica de Bom Jesus de Cuiabá/MT e o jornal “A Cruz”, segundo ela, para combater os inimigos da Igreja. O fato mais importante de tudo isso foi que, depois de muita contenda com o clero, houve o convite do Presidente do Estado e Arcebispo de Cuiabá/MT, Dom Aquino Corrêa, para a festa do Bicentenário de Fundação de Cuiabá/MT e o convite para alguns maçons letrados na participação da fundação do Instituto Histórico de Mato Grosso e o Centro Mato-grossense de Letras.
Houve igualmente um pedido de moderação e acompanhamento em 1916 para os maçons deputados contra o Presidente General Caetano de Albuquerque, mas que, infelizmente, culminou com o “impeachment” do mesmo e a transferência da Assembleia Legislativa para Corumbá/MS. A Loja Maçônica atuou intensivamente na assistência às vítimas da varíola em 1907 e na da “Influenza Espanhola” em 1920. Atuou ainda na campanha do Hospital Infantil da Santa Casa de Misericórdia em Cuiabá/MT, na ampliação ambulatorial de leitos infantis isolados dos adultos, na campanha do Hospital dos Leprosos de São João dos Lázaros, na coleta de agasalhos, camas, colchões, alimentação e assistência médica dos seus próprios maçons, no envio de donativos coletados às crianças de Emden (Alemanha) após a Primeira Guerra Mundial, assim como às vítimas das secas do Nordeste e da cheia do Rio Itaguaí (Santa Catarina).
Atuou também no apoio e colaboração a entidades religiosas como o Centro Espírita Kardecista, a Igreja Presbiteriana, na formação da Campanha da Falange do Bem, na fundação e no acompanhamento discreto do Centro Operário de Cuiabá/MT e no funcionamento da sua escola noturna. Igualmente, no pedido de proteção à colônia alemã, pela força pública do Estado, contra a violência e a invasão de domicílios de alemães, muitos deles maçons, por ocasião da guerra com a Alemanha (1ª Grande Guerra), como: Henrique Hesslein, Guilherme Guerne, Carlos Serger, Paulo Schimidt, Jorge Andréas e Guilherme Schwencke. Nesse período foi adquirido, em 29 de abril de 1918, o terreno da Rua 13 de Junho, no centro de Cuiabá/MT, para a sua futura sede. Em 22 de outubro de 1921 houve a presença e a orientação pelos maçons Estevão de Mendonça e Simphônio Olymphio Cavalcanti Lins na fundação da Loja Maçônica Oriente Maracajú, em Campo Grande/MS.
3º Período – de 28/08/1928 a 19/11/1936
Diante da cisão ocorrida no Grande Oriente do Brasil, foi aprovada em 28 de agosto de 1928, diga-se, assim, a primeira contestação da Loja Maçônica quanto à sua nova Obediência Maçônica, pois foi dado integral apoio ao Supremo Conselho dos Graus 4 a 33 do Rito Escocês Antigo e Aceito na cisão de 1927 e houve a mudança da Loja Maçônica para o Obediência das Sereníssimas Grandes Lojas, ficando vinculada à Grande Loja do Rio de Janeiro/RJ. A mudança de Obediência leva a Loja Maçônica a perder pela primeira vez o título de “Capitular”. Nova Obediência Maçônica, nova regularização, nova nomeação de Delegado e para esse cargo foi nomeado o Coronel Augusto Gurgel do Amaral Junior.
Participação na posse dos maçons Aníbal Benício de Toledo e do Major João Cunha, eleitos Presidente e Vice-presidente do Estado de Mato Groso em 1930, os quais caem com a revolução do Presidente Getúlio Vargas, o que gera a perseguição à Loja Maçônica pelo Interventor do Estado Antônio Mena Gonçalves, com a prisão de maçons e até mesmo agressões físicas ao maçom Alcebíades Calháo, e a ameaça de fechar a Loja Maçônica. Foi pedido à Grande Loja do Rio de Janeiro/RJ que tomasse providências para o seu afastamento, o que foi atendido e voltou-se a manter bom relacionamento com o novo Interventor Federal, maçom Leônidas Antero de Mattos, auxiliando-o no combate ao movimento divisionista do Estado de Mato Grosso, o que continuou com o Interventor Federal maçom Fenelon Muller.
Em 19 de maio de 1930, juntamente com a Loja Oriente Maracajú de Campo Grande/MS, Loja Vale do Paraná de Três Lagoas/MS e a Loja Recanto Hospitaleiro de Sant’Anna do Paranayba/MS, definem fundar a primeira Grande Loja de Mato Grosso, elegendo como Sereníssimo Grão-Mestre Albano Antunes de Oliveira e como Secretário Geral Olegário Moreira de Barros. Logo a seguir as duas Lojas foram substituídas pelas Lojas Luz e Verdade de Cuiabá/MT e União do Rio Pardo de Ribas do Rio Pardo/MS. Em 12 de outubro de 1934, após grandes esforços dos seus obreiros, foi inaugurado o novo Templo da Loja Acácia Cuiabana, situado na Rua 13 de Junho. Tendo em vista a ocorrência de vários problemas, trazendo graves riscos à própria Loja Maçônica, se decidiu a volta ao Grande Oriente do Brasil.
4º Período – de 19/11/1936 a 23/05/1951
Com o retorno ao Grande Oriente do Brasil recebe de volta o título de “Capitular” e ainda um novo título, agora o de “Benemérita”, recebendo a visita do Grão-Mestre Geral Joaquim Rodrigues Neves. A regularização se dá em 19 de novembro de 1936 e fizeram parte da Comissão de Regularização dos quais foram membros Estevão de Mendonça, Delegado do Grão-Mestre, ocasião em que foi empossado como Venerável Mestre Manoel Miraglia. Em 28 de abril de 1937 recebe a segunda via do Breve e da Carta Constitutiva da Loja Maçônica e assume João Ponce de Arruda, mas só a administrou por quatro meses, devido aos acontecimentos políticos de subversão à ordem governamental que se desenvolviam no país, principalmente por causa dos integralistas.
A loja foi obrigada a suspender seus trabalhos por 10 meses, até 1º de agosto de 1938. Estabelece-se positivo relacionamento com o Interventor Federal maçom Julio Muller, atendendo a Loja Maçônica nas suas solicitações e, passada essa fase ditatorial, depois de 12 de novembro de 1945, continuou a convivência sadia com os Interventores Federais maçons Olegário de Barros e José Marcello Moreira. Esse último foi ainda por muito tempo o representante da Loja Maçônica junto ao Poder Central no Rio de Janeiro/RJ. A partir de 21 de junho de 1943 passou a não ser mais a única Loja Maçônica do norte do Estado de Mato Grosso, pois participou com a presença do maçom José Rodrigues de Araújo no reerguimento da Loja Simbólica União e Força de Cáceres/MT e ainda por uma Comissão da elevação do Capítulo da mesma Loja Maçônica no dia 1º de abril de 1948. Em 12 de setembro de 1949 participa da fundação da Loja Simbólica São João de Guiratinga da cidade de Guiratinga/MT.
Em 14 de outubro de 1950 a Loja Maçônica recebe a visita do Soberano Grão-Mestre Geral Joaquim Rodrigues Neves, por conta da homenagem aos 50 anos da sua fundação, ocasião em que foi inaugurada uma placa com os seguintes dizeres: “A Gloria do Grande Architeto do Universo – Ao Venerável Manoel Joaquim dos Santos e a todos os fundadores da Loja Capitular Acácia Cuiabana no seu cinquentenário 1900-1950, 12 de Outubro de 1950”.
5º Período – de 23/05/1951 a 12/10/1971
Vem a nova Constituição do Grande do Oriente do Brasil de 1951 com a separação definitiva dos graus simbólicos com os graus filosóficos. Há a criação da mútua maçônica. E se cria a comissão de construção da atual sede da Loja Maçônica. Nesse interregno há a criação, em 1971, pelo Grande Oriente do Brasil, do Grande Oriente do e se fundam mais duas Lojas Maçônicas em Cuiabá/MT. Em 17 de maio de 1951, o maçom João Jacob recebe um telegrama do Poder Central comunicando a nova constituição e a prorrogação dos mandatos em geral, o que causou resistência em todas as Lojas Maçônicas do país pelo fato de o Grão-Mestre Geral não as consultar. A nova constituição consagrou também as decisões dos Congressos Internacionais em que se proibiam as acumulações do cargo de Grão-Mestre com o de Soberano Grande Comendador, consagrando a separação dos graus simbólicos com os graus filosóficos.
A seguir, em 1957, houve a desvinculação da loja base simbólica, então capitular, do “Capítulo” propriamente dito, O “Capítulo” passou a ser chamado de Sublime Capítulo Rosa Cruz Acácia Cuiabana e a Loja base, agora somente “Simbólica” de Augusta e Respeitável Loja Simbólica Acácia Cuiabana. Não foi fácil atender essa modificação, pois houve muito debate, ameaças de renúncias e de mudança de filiação. Serenados os ânimos, o primeiro passo foi criar a mútua maçônica e que mais tarde foi reorganizada por uma comissão para comportar a adesão de outras Lojas Maçônicas para suporte material aos maçons. Criou-se uma escola primária experimental chamada Acácia Cuiabana, para atender as crianças de maçons, que acabou não dando certo.
Em 1965 foi reafirmado o “acordo” entre o Grande Oriente do Brasil e o Supremo Conselho sobre a separação e independência dos graus filosóficos. Em 29 de setembro de 1965 é criada uma comissão de construção da atual sede da Loja Maçônica, situada na Rua 13 de Junho, centro de Cuiabá/MT. Em 1970 o Grande Oriente do Brasil aquiesce à criação do Grande Oriente do Estado de Mato Grosso, com sede em Cuiabá/MT, mas era preciso ter, no mínimo, três Lojas Maçônicas em funcionamento na Capital do Estado de Mato Grosso e assim foram criadas a Loja Acácia do Ocidente, em 3 de setembro de 1970, e a Loja Conquista e Integração, em 6 de abril de 1971. A seguir houve a adesão de mais 15 Lojas Maçônicas do antigo Estado de Mato Grosso unido (MT e MS) nessa intenção de ser criado o Grande Oriente do Estado de Mato Grosso, mas isso será mais bem detalhado historicamente a partir do próximo período.
6º Período – de 12/10/1971 até próximo dos dias atuais
Relembra-se que no ano de 1970 estava em pleno funcionamento na cidade de Cuiabá/MT a Loja Simbólica Acácia Cuiabana, não havendo na época um Grande Oriente dessa Potência Maçônica instalado no ainda unificado território mato-grossense. Existia apenas uma Delegacia do Grande Oriente do Brasil para o Estado de Mato Grosso e já existia o firme propósito dos maçons locais de agirem para fundar um Grande Oriente em Mato Grosso. No entanto, era necessário que existissem pelo menos três Lojas Maçônicas em atividade na cidade de Cuiabá/MT, capital do estado mato-grossense, onde seria a sede do Grande Oriente a ser criado, consoante determinavam a Constituição e o Regulamento Geral do Grande Oriente do Brasil.
Os maçons residentes na Cidade Verde, com a liderança do respeitável maçom Nilson Constantino, conseguiram reunir as maiores lideranças maçônicas da época convocando Amasyles de Lanna Pinto, Odenir Vandoni, Rômulo Vandoni, Otello Badini, Jamil Boutros Nadaf, José do Carmo Ferraz, Eurico Saraiva, João Antonio Neto, Emílio Waqued, Manoel Ramos Lino, Octávio de Oliveira, Benedito Vieira de Figueiredo, Antonio Correa da Costa e José Silvério de Magalhães, entre outros maçons de nomeada, para dar início aos trabalhos de formatação dessa novel Potência Maçônica a ser criada. Nas reuniões que se seguiram foram acolhidas as proposições de Nilson Constantino para que os maçons Emílio Waqued e Rômulo Vandoni conseguissem reunir outros maçons para a fundação de duas novas lojas maçônicas, a saber: Augusta e Respeitável Loja Simbólica Acácia do Ocidente e Augusta e Respeitável Loja Simbólica Conquista e Integração.
Lançado o desafio, esse se mostrou desde logo demasiadamente difícil porque a direção do Grande Oriente do Brasil não via com bons olhos a atuação dos maçons mato-grossenses, pois tinham ousado questionar o resultado das eleições gerais de 1968, em que foram eleitos o Grão-Mestre Moacyr Arbex Dinamarco e o Grão-Mestre Adjunto Osmane Vieira de Resende. Interessante testemunho dessa má vontade foi dado por Rômulo Vandoni, primeiro venerável da Augusta e Respeitável Loja Simbólica Acácia do Ocidente, ao afirmar que “para fundar essas duas lojas os obstáculos foram muitos, pois dezenas de correspondências foram por nós enviadas ao Grande Oriente do Brasil, na Rua do Lavradio, Rio de Janeiro-RJ, que nem se dignava a respondê-las”.
Prosseguindo na proposta de criação do Grande Oriente do Estado de Mato Grosso, foi realizada no dia 5 de junho de 1971 uma primeira reunião preparatória para a fundação do Grande Oriente do Estado de Mato Grosso na cidade de Rondonópolis/MT, no Templo da Loja Simbólica Estrela do Leste, por convite da Loja Simbólica Acácia Cuiabana. Estavam presentes como representantes das demais lojas simbólicas do Estado de Mato Grosso os seguintes maçons: Estrela do Leste (Rondonópolis/MT) – Áureo Cândido Costa, Acácia Cuiabana (Cuiabá/MT – Antonio Correa da Costa Neto, São João de Guiratinga (Guiratinga/MT) – Waldemar Alves de Amorim Machado, Luz e Trabalho II (Poxoréo/MT) – Joaquim Nunes Rocha, Conquista e Integração (Cuiabá/MT) – Emílio Waqued, Acácia do Ocidente (Cuiabá/MT) – Benedito Vieira de Figueiredo e como simples observador o maçom José Araújo Ramos da Loja Simbólica União e Fraternidade VI (Campo Grande/MS). A Loja Simbólica Regente Feijó (Três Lagoas/MS) nomeou como seu representante o maçom Nilson Constantino, que não pôde se fazer presente na oportunidade por motivo de força maior.
Nessa primeira reunião, de acordo com as anotações da ata 136 que a documentou, compareceram os maçons Áureo Cândido Costa, Antonio Correa da Costa Neto, Waldemar Alves de Amorim Machado, Joaquim Nunes Rocha, Emílio Waqued, Benedito Vieira de Figueiredo, José Araújo Ramos, Benedito Lourival de Oliveira, José do Carmo Ferraz, Denizart Augusto de Mello, Deodato Rodrigues de Oliveira, Alcides de Freitas Cruzeiro, Otello Badini, Juvenílio Francisco de Freitas, José Silvério de Guimarães, Eurico Saraiva, Octávio de Oliveira, Manoel Ramos Lino, João José Freire e Menon Rodrigues de Oliveira. Antonio Correa da Costa Neto dirigiu a sessão, sendo por esse explanado que com o número de doze lojas no estado e três na capital haveria amparo legal na Constituição do Grande Oriente do Brasil para a criação do Grande Oriente do Estado de Mato Grosso.
Em 19 de junho de 1971, atendendo a novo convite da Loja Simbólica Acácia Cuiabana, reuniram-se em Cáceres/MT, no Templo da Augusta e Respeitável Loja Simbólica União e Força, para uma segunda reunião preparatória, os representantes das Lojas Simbólicas União e Força (Cáceres/MT) – Jorge Scaff Gattas, Liberdade Cacerense (Cáceres/MT) – Adolpho Augusto de Barros, União e Fraternidade (Campo Grande/MS) – Waldomiro Venâncio, Pharol do Norte (Ladário/MS) – Fadel T. Iunes, Caridade e Silêncio (Corumbá/MS) – Antonio Ferreira de Barros, Hiram Abiff (Poconé/MT) – Oriovaldo Machado, Conquista e Integração (Cuiabá/MT) – Emílio Waqued, Acácia do Ocidente (Cuiabá/MT) – Rômulo Vandoni e Acácia Cuiabana (Cuiabá/MT) – Nilson Constantino. A Loja Simbólica Regente Feijó (Três Lagoas/MS) não compareceu, mas enviou telegrama dando conta da sua concordância com a finalidade da reunião maçônica.
Seguiu-se a discussão e aprovação por unanimidade do roteiro acaciano elaborado para a continuidade do processo de fundação do Grande Oriente do Estado de Mato Grosso, conforme art. 371 e seguintes, do título V, do Regulamento Geral do Grande Oriente do Brasil vigente na época. Em 25 de março de 1972 no Templo da Loja Simbólica Acácia Cuiabana em Cuiabá/MT, ocorreu a terceira e última reunião, chamada de preparatória para a instalação do Grande Oriente do Estado de Mato Grosso e nela se reuniram os representantes das Lojas Simbólicas Acácia Cuiabana (Cuiabá/MT), Acácia do Ocidente (Cuiabá/MT), Conquista e Integração (Cuiabá/MT), União e Fraternidade VI (Campo Grande/MS), Fraternidade e Segredo (Campo Grande/MS), União e Força (Cáceres/MT), Liberdade Cacerense (Cáceres/MT), Estrela do Oriente (Corumbá/MS), Caridade e Silêncio (Corumbá/MS), Estrela do Leste (Rondonópolis/MT), Pharol do Norte (Ladário/MS), Ordem, Trabalho e Progresso (Naviraí/MS), São João de Guiratinga (Guiratinga/MT), Acácia do Araguaia (Barra do Garças/MT), Luz e Trabalho II (Poxoréu/MT), Hiram Abiff (Poconé/MT) e Regente Feijó IV (Três Lagoas/MS).
Na ordem do dia foi aprovada, por unanimidade de decisão, a criação do Grande Oriente do Estado de Mato Grosso e posteriormente o Grão-Mestre Moacyr Arbex Dinamarco fez expedir o Decreto nº 2.338, datado de 3 de agosto de 1972. Retira-se do ato do Grão-Mestre Geral Moacyr Arbex Dinamarco, que constou como aprovada a criação do Grande Oriente do Estado de Mato Grosso, ocorrida no dia 16 de agosto de 1971 (item 1) e como autorizada a instalação definitiva nos termos da Constituição e do Regulamento Geral (item 2). E sob a administração do seu futuro Grão-Mestre Nilson Constantino, surgiu definitivamente em 12 de outubro de 1972 mais uma nova estrela na constelação maçônica brasileira e, no dia 26 de junho de 1973, o Diário Oficial do Estado de Mato Grosso publicava o Decreto nº 001, do Grande Oriente do Estado de Mato Grosso, datado de 12 de junho de1973, com o extrato da Constituição do Grande Oriente do Estado de Mato Grosso, devendo ser ressaltado o brilhante trabalho realizado pelo então Presidente da Assembleia Legislativa Estadual Maçônica, o desembargador João Antonio Neto, membro da Augusta e Respeitável Loja Simbólica Conquista e Integração nº 8, do Oriente de Cuiabá/MT.
Para finalizar, lembra-se que em 12 de outubro de 1988 foi criada a Academia Mato-grossense Maçônica de Letras, cujos quarenta patronos de suas cadeiras são maçons que prestaram relevantes serviços à Maçonaria e ao Estado de Mato Grosso. Entre eles estão Manoel Joaquim dos Santos, Jonas Corrêa da Costa, Oscar Carlos de Lima, Agrícola Paes de Barros, Aguilar Vieira do Nascimento, Cel. Antonio Joaquim de Faria Albernaz, Tenente-Coronel Severiano Cerqueira Daltro, Gal. Celestino Alves Bastos, Cel. Eudoro Corrêa de Arruda e Sá, Antonio Fernandes Trigo de Loureiro, Luiz da Costa Ribeiro, Olegário Moreira de Barros, Philogônio de Paula Corrêa, Januário da Silva Rondon, Isaac Póvoas, Gustavo Kuhlmann, Antonio Cesário Neto, Leônidas Pereira Mendes, Máximo Levy, João Ponce de Arruda, Edgar Prado Arze, Antonio Bruno Borges, Henrique Hesslein, Caetano Zapa, Virgilio Nunes Ferraz Junior, Francisco Martiniano de Araújo, José Nonato de Faria e Calil Mansur Bumlai, Antonio Paes de Barros, Pedro Leite Osório, Annibal Benício de Toledo, João Ponce de Arruda, Fenelon Muller, Julio Muller, Olegário de Barros, Gastão Muller, Vicente Vuollo, Horácio Vaz Guimarães, Hermenegildo Pinto de Figueiredo, Alexandre Magno Addor, Isác Póvoas, Manoel Miraglia, Helio Palma de Arruda, Leonel Hugueney, João Celestino Corrêa Cardoso, Penn Gomes de Moraes, Joaquim Nunes Rocha, Generoso Ponce Filho, Antonio Corrêa da Costa Neto, João Cunha, Otavio Pitaluga, João Batista de Oliveira Filho, Nelson Ramos de Almeida, Salim Moysés Nadaf, Frederico Augusto Prado de Oliveira, Fabio Monteiro da Silva, Ulisses Cuiabano, Otavio Cunha, Franklin Cassiano, Otavio Cunha Cavalcanti, João Jacob, Manoel Ramos Lino, Estevão de Mendonça, Philogônio de Paula Corrêa, Generoso Ponce Filho, João Barbosa de Faria, Antonio Fernandes de Souza, José J. Ferreira de Vasconcelos, Agrícola Paes de Barros, Alcebíades Calháo, Rubens de Carvalho, Francisco Agostinho Ribeiro, Cesário da Silva Prado, George Pommot, Joaquim Justino Alves Bastos e Antonio Cesário de Figueiredo.
Por aqui se finda uma pequena resenha da História da Maçonaria em Mato Grosso, esperando-se colocar um pouco de luz para aqueles interessados em conhecer um pouco mais sobre a formação das importantes instituições que formam a sociedade civil organizada em Mato Grosso.
Antonio Horácio da Silva Neto é juiz de direito do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, presidente da Academia Mato-grossense de Magistrado e membro da Academia Maçônica de Letras de Mato Grosso. Colabora com o Circuito Mato Grosso desde 2015.