Nacional

Teste identifica ‘melhor maneira’ de combater perda de memória

Cientistas dividiram voluntários em três grupos de atividades diferentes por oito semanas (Foto: BBC/Thinkstock)

Pergunte quais são as maiores preocupações de qualquer pessoa com mais de 40 anos e uma das respostas mais comuns certamente será o medo de perder a memória.

Há algumas maneiras mais conhecidas de manter a saúde do cérebro – não fumar, manter-se dentro do peso ideal ou não desenvolver diabetes do tipo 2.

Mas pode-se fazer algo para realmente melhorar o cérebro? Pesquisadores britânicos desenvolveram um teste para tentar descobrir.
Para esse teste, feito em parceria com a Universidade de Newcastle, na Inglaterra, foram recrutados 30 voluntários. Eles foram submetidos a diversos exames que analisaram memória, habilidade de resolver problemas e velocidade de reação.

Todos receberam um monitor de atividade, que mediu o quanto e quando eles se moviam. Em seguida, os voluntários foram separados aleatoriamente em três grupos. Cada grupo recebeu uma atividade diferente, que deveria ser feita durante oito semanas.

A tarefa para um dos grupos era simplesmente andar rapidamente, a ponto de ficar quase sem ar, durante três horas por semana. A ideia é que a caminhada – ou qualquer forma de exercício vigoroso – mantém o cérebro alimentado com sangue rico em oxigênio.

Mas a tarefa não agradou a todos. "Caminhar é a atividade que eu menos gosto", disse Ann, uma das participantes.

Voluntários foram divididos em três grupos: o primeiro teve que correr 3h por semana

O segundo grupo teve que fazer jogos, como palavras cruzadas ou Sudoku, também por três horas por semana. A justificativa é que o cérebro se beneficia dos desafios.

Finalmente, o terceiro grupo teve que observar um homem nu por três horas a cada semana. Mais precisamente, tiveram que participar de uma aula de arte que também envolvia desenhar um modelo, Steve.

Quem se beneficiou mais?
No final do experimento, quase todos no primeiro grupo relataram uma grande melhoria em seu condicionamento físico – quão fácil passou a ser uma subida, por exemplo.

No segundo, os voluntários acharam os desafios difíceis no início, mas no final já estavam trocando dicas de Sudoku.

Mas o grupo mais entusiasmado foi, sem dúvida, o de arte. Embora alguns tenham achado difícil assistir à aula uma vez por semana, todos eles comentaram sobre o quanto gostaram.

"Eu me tornei uma desenhista compulsiva de tudo", disse Simone. "Eu até sai para comprar alguns lápis pastel e até mesmo um livro sobre 'Como (desenhar)'."

Mas qual dos grupos teve mais melhorias em relação ao poder do cérebro?
Cientistas refizeram a bateria de testes cognitivos e os resultados foram bem claros. Todos os grupos tinham terminado a experiência um pouco melhor, mas o de maior destaque era o que tinha assistido à aula de arte.

Mas por que ir a uma aula de arte pode fazer a diferença para coisas como a memória?

Novo aprendizado

O psicólogo clínico Daniel Collerton, um dos especialistas que participou do estudo, disse que parte do benefício veio de aprender uma nova habilidade.
"Aprender algo novo", diz, "envolve o cérebro de maneiras que parecem ser a chave. O seu cérebro muda em resposta a isso, não importa quantos anos você tenha".

Aprender a desenhar não era apenas um novo desafio para o grupo, mas, ao contrário das palavras cruzadas e do Sudoku, também envolvia o desenvolvimento de habilidades psicomotoras.

Capturar uma imagem no papel não é apenas intelectualmente exigente: envolve aprender a fazer os músculos na mão guiarem o lápis ou o pincel nas direções corretas.

Um benefício adicional é que ir à aula de arte significava que durante três horas semanais eles tiveram que ficar em pé enquanto desenhavam ou pintavam.

Ficar de pé por longos períodos é uma boa maneira de queimar calorias e de manter o coração em boa forma.

A aula de arte também foi a mais ativa socialmente, outra coisa importante a ser levada em conta para manter o cérebro afiado. Este grupo reuniu-se regularmente fora das aulas e trocou e-mails.

Tudo isso fez com que o grupo da arte tivesse um benefício triplo. E uma das voluntárias, Lynn, disse que aprender a desenhar também havia produzido outros benefícios inesperados.

"Parte do meu trabalho envolve escrever e propor ideias, o que é um processo difícil e demorado", diz.

"Eu sou disléxica, o que é um obstáculo adicional, mas, após fazer a aula de arte, descobri que a minha escrita agora flui e minha capacidade de concentração melhorou. Parece que abri minha mente. Não tenho certeza se consigo explicar, só sei que fez a diferença."

O mais provável, segundo os pesquisadores, é que qualquer atividade de grupo que envolva ser ativo e aprender uma nova habilidade ajude a impulsionar o funcionamento do cérebro.

Fonte: BBC BRASIL

Redação

About Author

Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

Você também pode se interessar

Nacional

Comissão indeniza sete mulheres perseguidas pela ditadura

“As mulheres tiveram papel relevante na conquista democrática do país. Foram elas que constituíram os comitês femininos pela anistia, que
Nacional

Jovem do Distrito Federal representa o Brasil em reunião da ONU

Durante o encontro, os embaixadores vão trocar informações, experiências e visões sobre a situação do uso de drogas em seus