Política

Teori pediu investigação sobre ameaças feitas à família

Foto Ailton de Freitas/ Ag. O Globo

BRASÍLIA — O advogado Francisco Zavascki, filho do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki, morto na queda de um avião bimotor no mar em Paraty (RJ), quinta-feira, revelou no domingo em entrevista ao “Fantástico”, que, a pedido do pai, foi aberto inquérito na Polícia Federal para investigar os autores de algumas ameaças dirigidas ao ministro e sua família desde o ano passado.

Em nota ao “Fantástico”, a Polícia Federal informou que “todas as ocorrências foram analisadas e concluiu-se que nenhuma delas apresentava risco real à segurança do ministro”.

Foi na casa em que o ministro viveu com a primeira mulher e os três filhos, hoje transformada em escritório de advocacia da família, em Porto Alegre, que Francisco falou com o pai pela última vez.

— Ele estava trabalhando e veio me visitar na quarta-feira à tarde (dia 18). A gente conversou longamente sobre muitos e muitos assuntos. Ele se mostrou muito preocupado: “Olha acho que 2017 vai ser muito mais complicado que 2016”… Eu vi uma apreensão muito grande dele em relação ao que ele já tinha analisado das delações, o que tinha lá dentro e uma preocupação de como o país e as instituições iriam reagir à divulgação desses depoimentos — disse Francisco.

O filho do ministro acrescentou que as preocupações de seu pai, relator do processo da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal, deviam-se à importância dos nomes envolvidos nas delações de 77 executivos da Odebrecht, que o magistrado analisava, mesmo em férias.

— (Sua apreensão era) pelo envolvimento — não me disse as pessoas —, pelo envolvimento de pessoas realmente poderosas.

A respeito de um post de Francisco numa rede social no ano passado, alertando sobre as ameaças e afirmando que “se sofrer algo com alguém da minha família, vocês sabem onde procurar”, o advogado comentou:

— Seja via redes sociais, seja via telefone ou aqui mesmo, nós sofremos diversos tipos de ameaças de todos os tipos. Até um sobrinho, que, na época, não tinha 3 anos de idade, teve sua foto espalhada pela internet com os dizeres: “Se encontrar por aí, dá um tranco nele, dá uma lição nele”.

Sobre as palavras “vocês sabem onde procurar”, que finalizavam o post, Francisco acrescentou:

— Como eu imaginava que esse era um caso que trazia muita repercussão, e se davam as ameaças, que, então, se procurasse (no processo) um vínculo (entre as ameaças) e esse caso, esse processo da Lava-Jato.

Francisco disse ainda ao “Fantástico” que a imagem de técnico discreto não combinava com a do pai em casa:

— Ele era uma pessoa muito alegre, muito brincalhona… A gente brinca, que, se deixasse a bolinha quicando, ele ia chutar com certeza e não ia perder a chance de brincar com alguém.

PERFIS FALSOS NAS REDES SOCIAIS

Francisco alertou, ontem, para a criação de perfis falsos em seu nome na internet, e pediu ajuda aos amigos para denunciar a prática. Num desses perfis falsos, no Facebook, o autor diz que uma fonte da Aeronáutica comunicou que o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) identificou que a gravação entre o piloto da aeronave e a torre de controle tinha sido apagada. A notícia é falsa. Esse mesmo perfil também informa, erroneamente, que técnicos da Aeronáutica suspeitam que um sargento chamado Marcondes, filiado a um partido político, teria orientado o piloto a descer a uma altitude não recomendável, causando desorientação visual ao piloto.

Em outro perfil falso com o nome de Francisco Zavascki, o autor compartilha uma imagem que mostra uma foto de Teori e um texto que diz que a probabilidade de um avião cair seria de uma em 1,2 milhão, e pergunta: “Qual a chance de isso acontecer com o único responsável pela Lava-Jato no STF prestes a homologar uma delação-bomba?”

Fonte: O Globo

Redação

About Author

Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

Você também pode se interessar

Política

Lista de 164 entidades impedidas de assinar convênios com o governo

Incluídas no Cadastro de Entidades Privadas sem Fins Lucrativos Impedidas (Cepim), elas estão proibidas de assinar novos convênios ou termos
Política

PSDB gasta R$ 250 mil em sistema para votação

O esquema –com dados criptografados, senhas de segurança e núcleos de apoio técnico com 12 agentes espalhados pelas quatro regiões