A taxa de desemprego ficou em 6,8% no terceiro trimestre, segundo dados divulgados nesta terça-feira (9) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A taxa é a mesma registrada no trimestre anterior, e ficou pouco abaixo da registrada no 3º trimestre do ano passado, de 6,9%.
O dado faz parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, que substituirá a tradicional Pnad anual e a Pesquisa Mensal de Emprego (PME). O novo indicador mostra um desemprego maior que o calculado pela PME, que fechou o terceiro trimestre em 4,93%.
“O número que subiu de população ocupada (0,2%) e o número que caiu da população desocupada (-0,9%) não foi suficiente para movimentar a taxa (de desemprego)”, explicou Cimar Azevedo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE.
Atraso na pesquisa
A previsão do IBGE era que os dados completos da pesquisa – como dados de renda, além da desocupação – fossem divulgados a partir de 6 de janeiro. No entanto, segundo Azeredo, a data não está confirmada, e será avisada posteriormente. Isso porque a divulgação atual atrasou cerca de um mês por conta da greve dos servidores, que durou 77 dias.
Tipo de trabalho
De acordo com a pesquisa, a população ocupada era composta por 69,8% de empregados, 4,1% de empregadores, 23,3% de trabalhadores por conta própria e 2,8% de trabalhadores familiares auxiliares. "Ao longo da série histórica da pesquisa essa composição não se alterou significativamente", aponta o IBGE.
Carteira assinada
No 3º trimestre de 2014, 78,1% dos empregados do setor privado tinham carteira de trabalho assinada, segundo o IBGE. O percentual mostra avanço de 1,5 ponto percentual em relação ao 3º trimestre de 2013.
Entre os trabalhadores domésticos, 32% tinham carteira assinada – no mesmo trimestre de 2013, essa fatia era de 29,9%. Já os militares e servidores estatutários correspondiam a 68,2% dos empregados do setor público.
Mulheres e homens
A taxa de desocupação é superior para as mulheres: entre elas, o desemprego ficou em 8,2%, enquanto entre os homens ficou em 5,7%. O desemprego feminino é maior na região Nordeste, onde ficou em 10,1% (ante 7,5% para os homens). Já a menor taxa foi registrada na região Sul, de 5,3%, ante 3,4% para os homens.
Jovens
O desemprego entre jovens de 18 a 24 anos foi estimado em 15,3%, acima da média geral. Este comportamento foi verificado em todas as cinco grandes regiões, onde a taxa oscilou entre 10,2% no Sul e 19,1% no Nordeste. Já nos grupos de pessoas de 25 a 39 e de 40 a 59 anos de idade este indicador no país foi de 6,4% e 3,4%, respectivamente.
Ocupação
As regiões Centro-Oeste (61,6%) e a Sul (61,1%) foram as que apresentaram os maiores níveis da ocupação (percentuais de pessoas trabalhando entre aquelas em idade de trabalhar) e a região Nordeste, o menor (51,9%). O indicador foi estimado em 68,3% para os homens e 46,3% para as mulheres. A ocupação é maior entre os grupos com nível de instrução maior: cerca de um terço (31,9%) das pessoas sem nenhuma instrução estava trabalhando. Já entre aqueles com curso superior completo, o nível da ocupação chegou a 79,7%.
Fora da força de trabalho
De julho a setembro, 39,1% das pessoas em idade de trabalhar foram classificadas como fora da força de trabalho – ou seja, aquelas que não estavam ocupadas nem desocupadas (procurando trabalho) na semana de referência da pesquisa.
A região Nordeste apresentou o maior percentual de pessoas fora da força de trabalho (43,2%), e as regiões Centro-Oeste (34,9%) e Sul (36,2%), os menores.
As mulheres eram maioria nessa população: 66,3% no 3º trimestre de 2014. Cerca de um terço (34,4%) da população fora da força de trabalho era idosa (com 60 anos ou mais de idade). Aqueles com menos de 25 anos de idade eram 29,1% e os adultos (25 a 59 anos) eram 36,5%.
PME X Pnad
Segundo o IBGE, a diferença dos resultados da Pnad e da PME, que mostrou uma taxa menor de desemprego, os indicadores não são comparáveis. Os dois indicadores têm diferenças em abrangência, processo, metodologia de amostra e definição de indicadores. "A Pnad Contínua está melhor ajustada às recomendações internacionais do que a PME e a Pnad”, explicou, no mês passado, Cimar Azevedo, da Coordenação de Trabalho e Rendimento do IBGE.
Enquanto a PME pesquisa a cada mês a situação do mercado de trabalho em seis regiões metropolitanas (Porto Alegre, Belo Horizonte, São Paulo, Rio de Janeiro, Recife e Salvador), a Pnad Contínua mostra o cenário do emprego a cada três meses em 3.500 municípios de todas as regiões do país, incluindo áreas rurais, em um total de 211.344 domicílios visitados.
Já Pnad (anual, a antiga) pesquisa por ano 1.100 municípios, com 147.203 entrevistas. Ela apresenta as características demográficas e socioeconômicas da população (sexo, idade, educação, trabalho e rendimento, e características dos domicílios). Com a ampliação da pesquisa sobre emprego para as áreas rurais, segundo o instituto, a Pnad Contínua vai oferecer resultados inéditos.
Fonte: G1