Foto: Andréa Lobo/CMT
Pelo menos por enquanto o governador Pedro Taques (PSDB) não irá afastar o secretário de Estado de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh), coronel Airton Siqueira Júnior, citado na delação da 3ª sargento da PM Andréa Pereira de Moura Cardoso, quanto a central de interceptações telefônicas ilegais realizadas pela Polícia Militar, em 2015.
Em entrevista à imprensa na manhã desta quinta-feira (1) no Palácio Paiaguás, o governador afirmou que é preciso esperar as investigações.
“Não vi o depoimento da sargento Andrea. Nós precisamos entender que não podemos julgar as pessoas antes do devido processo legal. Não faço isso com base em delações, depoimentos tomados não sei em que sentido”, disse.
“Nós vamos analisar. O fato é gravíssimo e precisa ser investigado como já está sendo. Em absoluto, nós não podemos demitir as pessoas com base em notícia de jornal”, completou.
Em depoimento à Corregedoria Geral da PM, na última sexta-feira (26), a sargento revelou que a instituição possuía uma sala dedicada à interceptações telefônicas em Cuiabá.
No documento, a policial conta que procurou a Corregedoria após ter conhecimento da prisão do ex-comandante-geral da PM, coronel Zaqueu Barbosa, e do cabo Gerson Ferreira Gouveia Júnior, no dia 23 de maio.
À Corregedoria, Andrea esclareceu que realizou trabalhos para a escuta de interceptações telefônicas, contudo só fez o que foi orientada por superiores. “Não havendo nada de ilegal em suas ações”, diz documento.
Andrea contou que foi convidada pelo coronel PM Siqueira Júnior, do Centro Integrado de Operações Aéreas à época, a procurar o então comandante, coronel Zaqueu.
Trabalho de escutas
No encontro com Zaqueu, Andrea foi informada de que trabalharia na inteligência da Policia Militar subordinada ao coronel Gerson. Ele a apresentaria a sala e indicaria como funcionariam os trabalhos de interceptação telefônica.
“Neste dia a declarante encontrou com o policial militar dentro da sala do coronel Zaqueu, sendo que Gerson disse que a declarante seria responsável por escutar policiais militares suspeitos de crime”, conta no documento.
Após alguns dias esperando em casa, a policial recebeu um telefonema de Gerson que lhe informou a localização da sala: Rua Desembargador Ferreira Mendes, nº 234 (233 como investigou a reportagem), Edifício Master Center, no Centro da Capital.
O trabalho, que executava sozinha, tinha incío às 13h e terminava às 18h. A sargento deveria ouvir e fazer anotações de todas as partes que considerava importantes com às datas e horários.
Andrea conta que Gerson aparecia esporadicamente no edificio, e devido o aumento da demanda de trabalho o policial militar, Clayton Dorileo, integrou a equipe e começou a trabalhar em um computador na mesma sala de Andrea. Ela ainda conta que todos os policiais militares possuiam um login e senha para acessar o sistema de escuta.
A policial permaneceu no apartamento até julho de 2015 e foi informada que deveria continuar os trabalhos de casa, utilizando o computador pessoal. “Que nesse período a declarante presenciou o Sgt PM Torezan que trabalhava no Gaeco e foi no apartamento para cadastrar a declarante e o PM Clayton Dorileo no sistema".
Em casa recebeu as instruções para instalar o programa de escuta no notebook pessoal, mas não conseguiu. Assim, o sargento Torezan instalou o programa de forma remota no aparelho.
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