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Tagarela-de-sobrancelha-negra, considerado extinto por 170 anos, reaparece na natureza

Ao contrário de muitas espécies que desapareceram sem deixar rastros, esse pássaro sobreviveu escondido por mais de um século

Gabrielle Tavares

O mundo da ornitologia (estudo das aves) foi surpreendido em 2021 por uma notícia que parecia improvável: após 170 anos desaparecido, o tagarela-de-sobrancelha-negra (Malacocincla perspicillata), uma ave rara e considerada extinta, voltou a ser avistado em Bornéu, na Indonésia.

A redescoberta deixou pesquisadores chocados e reacendeu esperanças de que outras espécies possam viver escondidos nas florestas tropicais, desde que bem preservadas.

O tagarela-de-sobrancelha-negra foi descrito pela primeira em meados de 1850, a partir de um único espécime coletado no século XIX.

Por muito tempo, acreditava-se que ele tivesse fosse originário de Java, uma ilha entre Sumatra e Báli, mas na realidade ele vivia em Bornéu.

Esse erro inicial confundiu gerações de pesquisadores e dificultou a busca pela espécie. No entanto, mesmo após a localização ser corrigida, o pássaro ficou muito tempo sem dar as caras.

Com o passar das décadas, guias começaram a listar a ave como “possivelmente extinta”, mas tudo mudou em outubro de 2020.

Como encontraram o tagarela-de-sobrancelha-negra?

O tagarela-de-sobrancelha-negra foi encontrado por dois moradores locais, Suranto e Fauzan, que capturaram o pássaro durante uma expedições na província de Kalimantã Meridional, região indonésia de Bornéu.

Eles não sabiam que se tratava de uma ave rara, mesmo assim a fotografaram e enviaram para membros da BW Galeatus, uma associação recém-criada de observadores de pássaros.

À princípio, alguns especialistas pensaram que se tratava de outra espécie, o Malacocincla sepiaria. Só após uma análise detalhada descobriram que tratava-se do tagarela-de-sobrancelha-negra, visto pela última vez há quase dois séculos.

Registro do tagarela-de-sobrancelha-negra feito pelos moradores locaisRegistro do tagarela-de-sobrancelha-negra feito pelos moradores locais – Foto: M. Suranto/New York Times/ND

“Quando percebi o que estava diante de mim, não consegui acreditar. Andei de um lado para o outro tentando conter a emoção”, contou Panji Gusti Akbar, ornitólogo responsável por confirmar a identificação, ao New York Times.

As imagens rapidamente circularam entre especialistas da Ásia e de outras partes do mundo. Ding Li Yong, conservacionista da BirdLife International, chegou a desconfiar que fosse uma montagem.

“Foi como redescobrir o pombo-passageiro ou o periquito-da-carolina, só que em nossa própria região. É histórico”, disse.

Como é o tagarela-de-sobrancelha-negra?

Apesar de extremamente rata, a ave não chama atenção a primeira vista. Possui plumagem em tons discretos de cinza, preto e marrom, que facilmente se camufla na floresta.

Tagarela-de-sobrancelha-negra em uma árvoreTraço nos olhos é a característica mais marcante da ave – Foto: Reprodução/ND

Seu traço mais característico é o traço preto que começa nos olhos e sobe até a cabeça, que inspirou seu nome.

O que aconteceu com o tagarela-de-sobrancelha-negra capturado?

Após a confirmação científica, o exemplar capturado foi solto de volta à natureza. Para os pesquisadores, a sobrevivência do tagarela-de-sobrancelha-negra mostra que mesmo espécies consideradas perdidas podem resistir em pequenos refúgios de biodiversidade, desde que esses ambientes sejam preservados.

“Bornéu ainda guarda muitos segredos. Esse encontro reforça a necessidade de proteger as florestas tropicais”, disse Akbar.

A descoberta também trouxe novas oportunidades para a região. Grupos locais pretendem investir no turismo de observação de aves, treinando guias comunitários e atraindo visitantes de todo o mundo interessados em ver de perto a espécie “ressuscitada”.

Foto Capa: Reprodução/ND

Fonte: https://ndmais.com.br

Agência de Notícias

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