Nacional

Suspeito agora nega ter acendido rojão e culpa o outro preso

 
Caio disse que Fábio o atiçou para disparar o rojão, dizendo “Solta, solta…”, no momento em que entregou a ele o artefato e que o tatuador disse ainda “Acende aí”. Mas, segundo a versão de Caio, quem acendeu o explosivo foi o próprio Fábio. Caio teria apenas segurado o artefato e o colocado no chão já aceso. O rapaz alega ainda ter achado que o explosivo era um sinalizador.
 
Mais cedo, em entrevista à TV Globo, ele havia dito que tinha confundido o rojão com um "cabeção de nego" e havia acendido o explosivo.
 
Ainda no depoimento, Caio admite que “nem sempre participou do movimento Black Bloc, porque trabalha e nem sempre consegue participar das manifestações”. Caio contou também que esteve na ocupação na Câmara de Vereadores do Rio, no fim de 2013, onde “teve a oportunidade de ver a chegada de até cinquenta quentinhas para alimentar os ativistas”. Ele afirma ainda “que há pessoas que aliciam os jovens para participar das passeatas e já foi convidado para participar de forma remunerada”.
 
Caio negou conhecer as pessoas que aparecem na manifestação e oferecem dinheiro a quem participa do ato. Segundo ele, "elas falam que se tiver com dificuldade financeira para voltar na próxima (manifestação), pode pegar com eles o dinheiro da passagem, bem como aparecem com lanches e quentinhas".
 
Sobre financiadores de protestos, Caio disse que eles existem. Ele revela que chegou a ver um papel onde a contabilidade do dinheiro distribuído aos manifestantes era feita. Segundo ele, esse papel apareceu no Facebook do Anonymous Rio e do Black Bloc porque "existem discordâncias entre os próprios ativistas". De acordo com Caio, a ativista Elisa Quadros, conhecida como Sininho, foi quem passou a contabilidade para um amigo, que o colocou na rede social.
 
Ainda de acordo com o depoimento, Caio nega ter sido chamado pela ativista Sininho para as manifestações. Ele diz que sabe que ela é uma das pessoas que organizam os protestos: “Não acho que ela seja líder, mas manipula a forma como a manifestação vai acontecer”.
 
Caio informa ainda que era convocado para os protestos por meio de seu perfil no Facebook, que depois o próprio jovem apagou. O rapaz conta também que algumas pessoas nos protestos são encarregadas de distribuir pedras e apetrechos, mas nega saber quem elas são. Caio admite que conhece Fábio Raposo das manifestações e que já o viu participando de outros atos usando máscara de gás.
 
Envolvimento de partidos
Em outro trecho do depoimento, Caio não é taxativo mas diz acreditar “que os partidos que levam bandeira são os mesmos que pagam os manifestantes”. Ele informa já ter visto “bandeiras do PSol, PSTU e Fip (Frente Independente Popular), sendo esta um dos grupos que organiza reuniões plenárias”.
 
Em nota, a assessoria de imprensa do PSTU do Rio negou envolvimento com o Black Blocs e também com os suspeitos presos. O partido ainda exige que a denúncia de financiamento a manifestantes seja investigada. Leia a íntegra do informe:
 
"O Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado reafirma que não tem qualquer ligação com o Black Bloc ou quaisquer grupos de ideologias afins. Da mesma forma, não temos nenhuma relação com os rapazes acusados de acender o rojão que vitimou o cinegrafista da Bandeirantes, Santiago Andrade. Nas manifestações do ano passado, o PSTU foi o único partido de esquerda a contestar e discordar publicamente dos métodos empregados por estes setores do movimento social. Exigimos que se apure a denúncia de financiamento desses jovens. Se eles receberam dinheiro para agirem como provocadores, exigimos que se diga quem os financiou. Não só quem financiou esses jovens, mas quem financia a defesa da dupla acusado-delator. No entanto, somos radicalmente contrários à perseguição que os governos vem promovendo contra os movimentos sociais. A violência instaurada naquele dia na Central do Brasil é de responsabilidade do governo e da polícia militar. Prestamos nossa solidariedade aos familiares de Santiago e continuaremos lutando para que novas tragédias como esta não aconteçam."
 
 
Extra Globo

Redação

About Author

Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

Você também pode se interessar

Nacional

Comissão indeniza sete mulheres perseguidas pela ditadura

“As mulheres tiveram papel relevante na conquista democrática do país. Foram elas que constituíram os comitês femininos pela anistia, que
Nacional

Jovem do Distrito Federal representa o Brasil em reunião da ONU

Durante o encontro, os embaixadores vão trocar informações, experiências e visões sobre a situação do uso de drogas em seus