Enquanto todas as atenções estão voltadas para a Copa do Mundo de 2014, nenhum projeto de melhoria do serviço prisional do estado está sendo desenvolvido. Com o baixo efetivo e um aumento alarmante no número de agentes prisionais doentes, o sistema penitenciário está prestes a explodir. Esse alerta vem do Sindicato dos Agentes Penitenciários do Estado de Mato Grosso (Sindspen), que somente neste último semestre recebeu mais de 100 pedidos de afastamento de servidores por problemas de saúde.
Para o líder sindical João Batista Pereira de Souza, não é difícil entender os motivos que elevam este quadro. “Se levarmos em conta o número total de servidores registrados hoje, teríamos 1.980 agentes penitenciários, enquanto o mínimo necessário seria de 2.600. E o grande problema é que, além do baixo número de servidores, muitos deles estão doentes ou, pior, sem condições de atuação psicológica”, relatou João, que ainda completa informando que cerca de 30% do total dos agentes em atividade não teriam condições de saúde ou psicológica para continuar no trabalho.
Os problemas psicológicos dos agentes podem ser atribuídos inicialmente à falta do efetivo, que leva um único servidor a cuidar de alas dentro de presídios com mais de 100 presos. Isto, ainda levando em consideração as condições insalubres enfrentadas pelos profissionais que não possuem nenhum tipo de equipamento de proteção para o trabalho. Até mesmo tarefas cotidianas atribuídas ao cargo podem levar o servidor ao estresse absoluto, como as revistas das celas periódicas onde os agentes têm de entrar em cubículos imundos, sem ventilação, e realizar as revistas. “Dentro dessas celas, por muitas vezes, são obrigados a deitar no chão sujo e até mesmo colocar a mão dentro de vasos sanitários para averiguar se não há nada escondido. Todos esses procedimentos são realizados sem uma bota, luva ou máscara de proteção”, conta o líder sindical.
Segundo um agente prisional do Pascoal Ramos que, por motivo de segurança, preferiu não se identificar, os problemas do dia a dia na cadeia são ainda mais complicados. Ele conta que a maioria dos presos acaba se tornando extremamente violenta e muitos ameaçam a família do servidor cotidianamente. “Eles são agressivos, dizem que conhecem a sua vida, sua família, falam que sabem onde seu filho estuda e você acaba ficando bastante assustado com a situação. Desta forma, ficamos sem saída, porque se formos muito bonzinhos não estaremos fazendo nosso trabalho, mas se formos rígidos demais o risco cresce. Não tem jeito, você acaba ficando muito abalado”, relata.
Ainda segundo o agente, não são fornecidos nem mesmo os uniformes de trabalho. Os servidores têm de comprá-los para não serem confundidos com presidiários, no caso de um motim. “Nosso salário já é bastante baixo e não temos ajuda para comprar luvas, botas ou uniformes, só temos mesmo o rádio-amador. Então temos que tirar do próprio bolso, porque se tiver uma correria aqui dentro e você estiver sem uniforme, pode ser confundido e levar um tiro da guarda armada”, alertou. Paris, Lyon, Lille, Marseille, Bordeaux, Toulouse, vendre voiture accidentée sans controle technique, rachat vehicule hs
De acordo com o sindicato da categoria, o salário atual de um agente penitenciário do estado é de R$1.880, bruto. Com os descontos, fica em torno de R$ 1.400, por uma carga horária de 40 horas semanais.
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Por: Mayla Miranda
Fotos: Pedro Alves e Arquivo pessoal