Carmelo D'Amico, um membro "arrependido" da Cosa Nostra, disse à Justiça italiana que o ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi era apenas um "peão" da máfia siciliana.
Segundo ele, o partido do ex-premier, o conservador Forza Italia (FI), foi criado no início dos anos 1990 por vontade dos Serviços Secretos do país e dos ex-líderes mafiosos Salvatore "Totò" Riina e Bernardo Provenzano, ambos condenados à prisão perpétua.
"Berlusconi era um peão de Marcello Dell'Utri [ex-senador sentenciado por associação mafiosa], Riina, Provenzano e dos Serviços", afirmou D'Amico, contando também que todos os membros da Cosa Nostra que estão encarcerados votam no FI.
Essa não é a primeira vez que um depoimento liga o ex-primeiro-ministro à máfia siciliana. Em julho do ano passado, outro "arrependido", Antonino Galliano, havia dito que Berlusconi dava dinheiro à organização por meio de Dell'Utri, que atualmente está foragido no Líbano. As delações aconteceram no âmbito de um amplo processo que investiga as relações entre o Estado e mafiosos.
Além disso, em dezembro de 2013, Alessandra Dino, professora de sociologia da Universidade de Palermo, afirmara em um evento em São Paulo que membros da Cosa Nostra integraram o Forza Italia no início dos anos 1990.
Governo
As denúncias de D'Amico também atingem o atual ministro do Interior italiano, Angelino Alfano, um ex-aliado de Silvio Berlusconi. Segundo ele, o político conservador foi eleito para a Câmara dos Deputados com os votos da máfia.
"Entre os que fizeram acordos com a Cosa Nostra estão Angelino Alfano e Renato Schifani [ex-presidente do Senado]. Mas depois Alfano virou as costas para ela", contou o "arrependido", que disse ter colhido essas informações com ex-líderes do grupo na prisão. O ministro não comentou a acusação.
Fonte: iG