O ex-governador Silval Barbosa (PMDB) foi avisado por dois informais de dentro da Defaz (Delegacia Fazendária) sobre a operação que resultaria em sua prisão em setembro de 2015. A informação foi passada em depoimento pelo irmão do ex-governador, Antônio Barbosa, e integra o anexo da delação premiada prestada à Procuradoria Geral da República (PGR).
Antônio Barbosa disse que recebeu uma mensagem via rede social às 9h do dia 15 de setembro com a informação de que ocorreria naquele dia a deflagração da Operação Sodoma, na qual Silval Barbosa foi preso sob a acusação de vários crimes de corrupção.
Três horas mais tarde, por volta do meio-dia, o informante voltou a entrar em contato para dizer que os trabalhos da operação seriam iniciados daí a qualquer momento.
“Em setembro de 2015 (dia 15), o colaborador Antônio foi alertado através de um aplicativo de celular, no período da manhã, por volta das 09h, que havia alguma coisa para acontecer em relação ao Silva! Por volta das 12h Antônio recebeu novamente uma mensagem dando conta que a operação para prender Silval seria naquele mesmo dia a qualquer momento. Após essa segunda mensagem não houve mais contato com tais agentes”.
Essa é provavelmente a informação que levou o ex-governador a se antecipar à operação da Defaz e Gaeco (Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado). Silval se entregou à Justiça no dia 17 de setembro, cerca de 48 horas após a deflagração da segunda fase da Sodoma.
Conforme o depoimento de Antônio Barbosa, a relação com os informantes havia começado em 2012. Ele disse que foi procurado em meados dezembro por dois agentes fiscais, identificados como “cabeça branca” e “cabeção”, que pediram intermediação de contato o então governador. “o colaborador Antônio entrou em contato com Silval e os levou até o seu encontro, onde os mesmos relataram a Silval sobre uma investigação de precatórios que estaria ocorrendo”.
A retribuição ocorreu entre 2013e e 2014, quando um dos informantes pediu a colaboração do ex-governador para a realização de procedimento médico. Barbosa liberou R$ 60 mil pelo pedido.
“Em meados de 2013/2014 (não se recorda o mês) um dos agentes solicitou uma ajuda para fins de tratamento médico, sendo que Antônio encaminhou o pedido para Silval e o mesmo disse que arrumaria o dinheiro para o agente a título dessa ajuda médica. Silval entregou o dinheiro ao colaborador Antônio, que por sua vez o repassou ao Agente (cabeça branca) no valor de 60.000 mil reais”.