O mercado imobiliário vive um momento de recessão. A esperada “feira livre” de imóveis com preços baixos, cogitada após a Copa do Mundo 2014 não haverá. Após a ilusão de lucro com o mercado imobiliário no período da Copa, o país vive um não crescimento econômico, em virtude do cenário político, cuja definição será refletida com o resultado da eleição presidencial.
Este é o panorama do mercado imobiliário feito pelo vice-presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis de Mato Grosso (Creci-MT), Paulo Antunes Maciel. “Depois que a Copa acontece só fica a ressaca. Foi uma grande ilusão vendida para a população. Hoje se você sai ao meio-dia na Isaac Póvoas (avenida da região central de Cuiabá) verá que as ruas estão parecendo cada vez mais vazias, por que as pessoas estão retraídas. O país está em recessão”, aponta ele.
A festa e a recepção foram bonitas e agora é a hora de pagar a conta. Ele recorda que as pessoas imaginaram uma realidade de alugar seu apartamento por R$ 5 mil, um quarto da casa por R$ 1 mil, mas aconteceu que era gente que vinha com barraca e muitos se concentraram nos lugares de abrigo do evento.
“Isso foi um reflexo da própria incompetência gerencial do governo. Eu lembro que em novembro (2013) fui a uma reunião da Secopa (Secretaria Extraordinária da Copa do Mundo 2014) que era para lançar um projeto de aluguel de casas pela internet. Chegou o mês de março e queriam ainda discutir o assunto. Não existe uma coisa dessas”, lamentou Maciel.
Nenhuma ligação existiu entre a Copa e o mercado imobiliário. Agora o que ocorrerá são algumas valorizações em virtude da mobilidade urbana e a presença do transporte VLT (Veículo Leve sobre Trilhos).
O representante do Creci ressalta quanto ao chamado “Custo Brasil”, termo que se refere ao conjunto de entraves estruturais que encarecem o investimento no Brasil, oneram os produtos e serviços brasileiros, tornando-os menos competitivos em relação aos similares no exterior.
Este entrave dificulta o desenvolvimento nacional, aumenta o desemprego, o trabalho informal, a sonegação de impostos e a evasão de divisas. Por isso, é apontado como um conjunto de fatores que comprometem a competitividade e a eficiência da indústria nacional.
“Aliado à tradição de não se cumprir contratos, de se inventar novos custos em cima de projetos em andamento, como o incremento na tecnologia de construção de imóveis, que não sai barato, e como diria Delfim Netto (ex-ministro da Fazenda e do Planejamento), não existe almoço grátis”, explica Maciel quanto ao Custo Brasil, que na prática é exemplificado sob a forma de novidades e atrativos embutidos ao imóvel.