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Serial killer assume 16 mortes e 10 ossadas em cemitério clandestino

Investigação usou equipamentos para localizar ossadas (Foto: Polícia Civil de MS/ Divulgação)

Depois de dois meses de escavações no bairro Jardim Veraneio, em Campo Grande, a Polícia Civil encerrou as buscas por ossadas de vítimas de uma rede de exploração sexual de adolescentes e tráfico de drogas, no bairro Danúbio Azul, região norte da capital de Mato Grosso do Sul.

O jardineiro Luiz Alves Martins Filho, 49 anos, conhecido como Nando do Danúbio Azul, confessou 16 mortes e assumiu ter enterrado 10 corpos no cemitério clandestino onde também depositava entulhos de jardinagem.

O delegado Marcio Shiro Obara, titular da Delegacia de Homicídios (DEH) disse ao G1 que aguarda laudos do Imol (Instituto de Medicina e Odontologia Legal) e do laboratório do Instituto de Criminalística para ter a confirmação oficial das vítimas. Ele lembra também do trabalho conjunto que possibilitou localizar as ossadas.

"Encerramos a fase de escavação e achamos por último as ossadas que teriam maior dificuldade, que estavam dentro do aterro. Lançamos mão de todos os recursos disponíveis para as buscas, tanto que trabalhamos com duas retroescavadeiras simultaneamente, além de equipes do Instituto de Criminalística e apoio da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), com equipamentos e metodologia diferente", ressaltou.

Cemitério clandestino
Das 16 vítimas que Nando assumiu ter matado, a polícia suspeita que ele tenha enterrado 13, sendo que 10 foram localizadas durante as escavações e as outras três podem ter ser sido enterradas em outros locais. As três vítimas restantes foram mortas a tiros e os corpos não foram transportados ou enterrados, segundo a DEH. Nando está preso desde o dia 10 de novembro.

A primeira ossada foi encontrada no dia 17 de novembro, durante as investigações de 10 desaparecidos no bairro Danúbio Azul. As últimas duas ossadas foram localizadas na segunda-feira (19). Todas as ossadas foram enterradas em um terreno usado como cemitério clandestino, segundo o delegado. O local é bem conhecido por Nando e fica ao lado do bairro onde as vítimas sumiram.

Nando disse à polícia que visitava o cemitério clandestino quase todos os dias. "Paulatinamente ele ia acompanhando a mudança da vegetação daquele local, por isso, tem tanto conhecimento geográfico e consegue se posicionar muito bem ali na região. Ele diz que passava praticamente todo dia por lá. Existe um quê de retorno mórbido, de verificar o local onde assassinou as pessoas", explicou Obara.

Perfil das vítimas
Segundo o delegado, as vítimas tinham o mesmo perfil: frequentavam o bairro Danúbio Azul, eram usuários de droga, cometiam pequenos furtos ou se prostituíam. A delegacia de homicídios assumiu as investigações no fim de novembro e disse que enquanto houver indicação e suspeita de locais onde as vítimas foram enterradas, a investigação vai continuar.

Justiceiro
Para a polícia, Nando é responsável pela morte de 16 pessoas. Em entrevista exclusiva à TV Morena, o jardineiro disse que os crimes em série começaram há 5 anos.

“A primeira [morte] foi quando mataram um primo do meu sobrinho. Aí eu arrastei ele para o mato do mato, chegando lá nós matamos ele no meio do mato", afirmou. Nando era considerado uma espécie de justiceiro no bairro e disse que escolhia as vítimas que incomodavam os moradores. "Que estavam tirando sossego da gente, roubando as casas da gente, roubando ferramentas minha, do meu sustento. Eu matava de revolta mesmo", disse.

Parte das vítimas foram enterradas de cabeça para baixo porque, segundo o jardineiro, era mais prático. Durante a entrevista ele demonstrou arrependimento. "Desgracei a vida de muitas mães mesmo sabendo que os filhos estavam roubando, desgracei a minha vida, cadeia é o pior inferno que tem na face da terra", falou.

Manipulador
Para a polícia, Nando demonstrou ser frio, calculista e manipulador. Segundo o delegado Márcio Obara, o jardineiro aparenta traços de psicopatia, mas sabe da gravidade dos atos cometidos

"Desde o início, entre nós delegados e equipe de investigadores, comentamos a respeito. Embora não tenhamos essa formação profissional aqui, logicamente que a conduta dele foge ao bom senso e demonstra claramente que ele tem perturbações e desvios, mas um outro detalhe que também é ponto comum da investigação é que ele tem perfeita noção do caráter ilícito das condutas, tanto é que manipula as pessoas, ameaça veladamente para que elas não indicassem nada a polícia, inclusive coautores e ele mesmo durante as confissões tem resistência muito grande de indicar os comparsas", ressaltou o delegado.

Tortura
Testemunhas disseram à polícia que Nando torturava as vítimas antes de matar e enterrar. 'Dava coronhada, soco na cara, ficava enforcando pessoa até não respirar mais', disse uma testemunha.

Nando planejava ainda a morte de três comparsas, segundo a delegada Aline Sinott, que participa das investigações Aline Sinott. “Porque além de serem usuários de drogas eles sabiam demais”, disse a delegada sobre a suposta queima de arquivo.

Investigações
Segundo a polícia, as investigações começaram há dois meses, e os casos estariam relacionados à exploração sexual de adolescentes e tráfico de drogas, todos na região do bairro Danúbio Azul. A lista de vítimas pode aumentar já que até o momento, das oito ossadas encontradas, duas vítimas não estavam na lista da polícia.

Inicialmente, a polícia trabalhava com a hipótese de uma quadrilha, mas depois concluiu que tratava de duas pessoas na liderança.

Fonte: G1

Redação

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