O secretário de Segurança Pública de Mato Grosso (Sesp), Rogers Jarbas, prestou depoimento nesta quarta-feira (06), no 8ª Juizado Especial Cível, referente ao caso dos grampos envolvendo a Polícia Militar do Estado (PM-MT). O gestor da pasta é apontado como suspeito por tentar obstruir a Justiça quanto às investigações do esquema operado entre os anos de 2014 e 2015.
O inquérito é coordenado pelo Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), uma vez que secretários estaduais possuem prerrogativa de foro. A determinação para que Jarbas fosse investigado foi dada pelo desembargador Orlando Perri, relator do processo. O secretário chegou ao juizado acompanhado de seu advogado, mas não quis falar sobre o caso.
A representação contra Jarbas foi feita pelo promotor de Justiça Mauro Zaque, que denunciou a arapongagem em maio deste ano. Ele afirma que Jarbas tentou investigá-lo após convocar a delegada Alana Cardoso para prestar esclarecimentos, no mesmo mês em que a denúncia se tornou conhecida como "gramporlândia pantaneira" veio à tona.
A delegada Alana Cardoso teria sido contestada pelo secretário sobre a condução de uma operação na Polícia Civil que, além de monitorar o crime organizado, também investigou duas mulheres: uma ex-assessora da Casa Civil do estado e uma ex-amante do advogado Paulo Taques, que é primo do governador Pedro taques (PSDB) e, naquela época, era secretário estadual.
Segundo o promotor, o secretário de Segurança tentou arrumar indícios para desqualifica-lo em relação à Procuradoria-Geral da República, onde acusa o governador de ter conhecimento sobre o esquema de grampos, mas não ter feito nada para impedir.
Em seu depoimento, Alana não ligou Mauro Zaque ao caso dos grampos e afirmou que Paulo Taques foi quem pediu para que a ex-assessora e a ex-amante fossem investigadas. O ex-chefe da Casa Civil chegou a ser preso por uma semana sob suspeita de participar do esquema de interceptações clandestinas.
Rogers também é suspeito de tentar intimidar as equipes envolvidas na investigação. Documentos aos quais a reportagem teve acesso mostram que o secretário de segurança determinou que informações sigilosas fossem passadas pela Polícia Civil para a defesa de Paulo Taques e também para o governador Pedro Taques.
Para o desembargador Orlando Perri, a atitude de Jarbas pode configurar como uma tentativa de intimidade a equipe que investiga os responsáveis pelos grampos ilegais no estado e, por isso, deve ser investigada.
Denúncia do MP
Em julho deste ano, o Ministério Público Estadual (MPE) denunciou o ex-comandante da PM, coronel Zaqueu Barbosa, e os coroneis Evandro Lesco e Ronelson Barros (ex-chefe e ex-adjunto da Casa Militar,) o tenente-coronel Januário Batista, e o cabo Gerson Correa Junior por participação no esquema de grampos. Eles foram acusados de ação militar ilícita, falsificação de documento, falsidade ideológica e prevaricação.