Foto: Arquivo CMT
O secretário de Justiça e Direitos Humanos de Mato Grosso (Sejudh), Márcio Dorilêo, admitiu nesta quinta-feira (12) que o estado tem poucas delegacia especializadas na defesa das mulheres no estado. A informação preocupa, já que segundo dados divulgados, nesta semana pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o estado é o 11º no ranking de feminicídio (assassinato de mulheres).
Conforme informações da representante do Centro Nacional de Cidadania Negra, Luciléia Assunção dos Santos, existem apenas seis delegacias especializadas e apenas uma delas atende especificamente casos das mulheres. “Podemos falar que a delegacia voltada para a mulher perdeu sua identidade. As poucas que temos atendem idosos e adolescentes também. Outro problema é que precisamos estender o horário de funcionamento das delegacias, pois todas fecham após as 18 horas. Ao contrário das agressões que acontecem a qualquer hora”, explicou Lucélia.
Reforçando o discurso da ampliação das delegacias, a representante do Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos, Raimunda de Masecena, afirmou que a realidade precisa mudar, por meio de uma conscientização da população. “Há uma concepção errônea de que a culpa das agressões e estupros é das vítimas, por seu modo de vestir e se portar. Mas precisamos romper com esse pensamento preconceituoso”, argumentou.
Raimunda Masecena também entende a necessidade da ampliação do trabalho contra as agressões às mulheres. “As vítimas só denunciam quando se sentem seguras. Caso elas não se sintam protegidas para falar sobre o assunto, elas não vão denunciar os crimes. E pior podem apanhar em dobro dos seus parceiros”, alertou.
O secretário de Justiça e Direitos Humanos, Márcio Dorilêo, afirmou que existe uma deficiência de delegacias no Estado e ausência de política pública para o assunto. Para ele, uma das soluções seria trabalhar os problemas nas causas, não somente não consequências. “É uma vergonha que em pleno século XXI ainda estejamos fomentando discussões em defesa da mulher. Isso deveria ser algo natural”, concluiu o secretário.
Dados
Pesquisa da Organização Mundial de Saúde divulgada na segunda-feira (09) coloca Cuiabá na 7ª colocação entre as capitais do Brasil que mais apresentaram crescimento em mortes de mulheres entre os anos de 2006 a 2013. Sendo um crescimento de mais de 82%. Em 2013 por exemplo, o Mapa da Violência da OMS aponta 6,6 homicídios de mulheres em 2013.
Ações
Mato Grosso sedia entre os dias 12 e 13 de novembro, a 4ª Conferência Estadual de Políticas para Mulheres. O objetivo é traçar políticas públicas em favor das mulheres, bem como criar mecanismos de mobilização e representação em todos os níveis da federação.
Conferência Nacional cobra mais políticas públicas voltadas para mulheres