A atriz Cleo Pires sabia que poderia causar polêmica quando decidiu participar de uma campanha em que aparece com membros amputados. "Sabia que teria porrada quando fosse divulgada. Mas eu não tenho medo de briga, e nem de porrada, podem falar o que quiserem de mim", afirmou ela em entrevista ao UOL nesta quarta-feira (24).
A campanha "Somos Todos Paralímpicos", revelada pela primeira vez na revista "Vogue", foi alvo de crítica dos internautas por não usarem atletas paraolímpicos e por "photoshoparem" os atores. "Como vou representar a Bruna se ela não tem um braço? Os atletas adoraram, o Comitê adorou. Me falaram que nunca teve tanta repercussão das paraolimpíadas. As pessoas que estão de fora não enxergam o tamanho disso tudo. Estou muito feliz com a campanha", enfatizou a atriz.
Criada pela agência África, com apoio do Comitê Paralímpico Brasileiro e da revista "Vogue" para promover a venda de ingressos para os jogos, o anúncio mostra a atriz sem um braço representando Bruna Alexandre, paratleta do tênis de mesa, e Paulo Vilhena usando perna mecânica representando Renato Leite, da categoria vôlei sentado. Os artistas são embaixadores do Comitê Paralímpico Brasileiro.
Como embaixadores do Comitê, Cleo e Paulinho passaram a visitar o centro de treinamento dos atletas paraolímpicos e ouvir histórias de superação. Foi então que pensaram em usar suas imagens para promover a venda de ingressos para os jogos, que acontecem entre os dias 7 e 18 de setembro, no Rio.
"Um dia eu disse que perna mecânica é sexy e bonito. Várias pessoas concordaram e começamos a pensar a criar uma campanha que colocasse isso em evidência. E foi lindo", contou Cleo, que postou em seu Instagram uma foto de Bruna Alexandre que serviu de inspiração para ela.
No Twitter e nos perfis oficiais da revista, a maioria dos internautas achou de "mau gosto" a campanha. Procurada pela reportagem do UOL, a revista informou que apoiou a ação, mas que a ideia partiu de Cleo Pires e Paulinho Vilhena.
"A concepção da campanha é da atriz Cleo Pires, do ator Paulinho Vilhena, embaixadores das Paralimpíadas, e da Agência África. A Edições Globo Condé Nast apoia qualquer campanha que estimule o comparecimento ao apoio às Paralimpíadas", disse.
O Comitê Paralímpico também enviou um comunicado a reportagem exaltando a ação. "A campanha com a participação dos embaixadores do movimento paralímpico brasileiro Cleo Pires e Paulo Vilhena tem o apoio do CPB. O objetivo da campanha é chamar atenção para as pessoas com deficiência num momento em que o Brasil se aproxima dos Jogos Paralímpicos. De acordo com as estatísticas oficiais, um em cada quatro brasileiros tem algum tipo de deficiência. Mas essas pessoas ainda são, em grande maioria, invisíveis na nossa sociedade. Os atletas estão presentes em outras fotos e ficaram muito felizes em participar da campanha".
A agência África, que criou a campanha, informou ao UOL que compartilha do posicionamento do Comitê. Depois de toda a polêmica, Cleo se justificou com vídeo no Facebook: "Nós como embaixadores emprestamos nossa imagem para gerar visibilidade. E é isso que a gente está fazendo".
Fonte: UOL