A agência de classificação de risco Moody's avaliou nesta segunda-feira (23) que a aprovação de uma reforma da Previdência no Brasil com "conteúdo significativo" é "improvável", mesmo após a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara rejeitar segunda denúncia contra o presidente Michel Temer na quarta-feira (18).
"O tempo está se esgotando para a atual proposta, e o apoio para ela está diminuindo, tornando as reformas significativas improváveis, algo negativo para o crédito soberano", afirmou a agência em nota.
A CCJ é o primeiro passo da tramitação da denúncia em que Temer é acusado de integrar uma organização criminosa e obstruir as investigações.
A palavra final cabe ao plenário da Casa, porém, e está prevista para iniciar nesta quarta-feira (25) -na primeira denúncia, o placar foi de 263 votos a 227 para barrar o prosseguimento.
A Moody's afirmou que a reforma da Previdência é fundamental para as perspectivas de crédito do Brasil. Sem a medida, diz a nota, o governo estima que as despesas de seguridade social aumentariam para 9,6% do PIB em 2025, ante 8% em 2017, e absorveriam dois terços dos gastos do governo, acima dos atuais 50%.
"Sob um cenário sem reforma, praticamente não haveria espaço para o governo manter os gastos atuais em áreas como saúde e educação, e muito menos despesas discricionárias como o investimento, que já é mínimo", disse a agência.
A Moody's destaca ainda que a proposta de reforma apresentada pelo governo em janeiro traria economia equivalente a 2% do PIB anualmente ao longo de dez anos, mas os debates entre legisladores resultaram na apresentação, em maio, de uma proposta modificada que reduziu esse valor para 1,2% do PIB.
"O projeto provavelmente precisará ser diluído ainda mais para passar", completou a agência.