Após o anúncio do pedido de Recuperação Judicial, noticiado em primeira mão pelo Circuito Mato Grosso, o Grupo JPupin divulgou maiores informações sobre a tentativa de viabilidade do grupo, que se dedica a produção de algodão, soja, milho e confinamento de Gado. De propriedade do empresário José Pupin, o pedido de JR, no valor de R$ 898 milhões, foi ajuizado na Comarca de Campo Verde.
Para o advogado José Luis Finocchio Júnior, do escritório Finocchio&Ustra Sociedade de Advogados, que representa o Grupo JPupin, ao decidir pelo pedido de recuperação judicial o que se busca é a proteção dos ativos, manutenção dos empregos de seus colaboradores e a superação da crise financeira que o Grupo tem vivenciado.
“É preciso informar ao mercado que os principais motivos que levaram o Grupo JPupin a essa situação momentânea de dificuldade estão relacionados a alta relevante nos custos de produção, ao aumento das dívidas em função da valorização do dólar, a diminuição no preço das commodities no mercado internacional, a escassez de crédito no mercado nacional e o aumento significativo da taxa de juros bancária”, assegura Finocchio Júnior.
A assessoria de Pupin relatou que há três meses o Grupo JPupin tentava renegociar seu passivo de forma estruturada e, apesar da receptividade na renegociação por parte da maioria dos seus credores, a resistência de alguns credores no alongamento do seu endividamento de curto e médio prazo influenciou significativamente a decisão pelo processo de Recuperação Judicial. “Dessa forma, não foi possível outra saída a não ser partir para a recuperação judicial. A ideia é tomar decisões rápidas que no curto prazo permitam recompor o caixa e retomar a sustentabilidade dos negócios”, garante o advogado.
Os controladores do Grupo JPupin entendem que a medida adotada, apesar de amarga, vai permitir a otimização das operações e, no médio prazo, a readequação do passivo à sua capacidade de geração de caixa. “Todas as informações e ações de reestruturação do grupo serão apresentadas oportunamente no Plano de Recuperação Judicial”, finaliza Finocchio Júnior.
Dono de fazendas que somam aproximadamente 100 mil hectares e abrigam lavouras de algodão, soja e milho, além de pecuária e reflorestamento, Pupin sempre foi considerado um produtor eficiente e conservador. Conforme informações divulgadas pelo Jornal Valor Econômico, há cinco anos ele tinha muita liquidez. Costumava comprar insumos e máquinas praticamente à vista, e as terras que adquiria, sempre com recursos gerados por suas próprias operações, costumavam ter de 2 mil a 5 mil hectares.
Há quatro anos, contudo, Pupin adotou uma estratégia mais agressiva de compra de fazendas e passou a usar recursos captados no mercado financeiro. Adquiriu quase de uma vez só 40 mil hectares. Entre os diversos financiamentos que contratou para pagar essas aquisições está um de US$ 53 milhões com o fundo americano Metlife Investiment, a uma taxa um pouco inferior a 10% ao ano, com pagamento em cerca de dez anos. Apesar do prazo alongado, o empréstimo, em dólar, foi fechado com o câmbio de R$ 2, ao menos 40% mais baixo que os níveis atuais.
Conforme fontes próximas de Pupin, a grande liquidez do passado também motivou outros aportes da JPupin, como a construção de um novo armazém e a ampliação da beneficiadora de algodão do grupo. Presidente da Ampa, associação de cotonicultores do país, de maio de 2002 a abril de 2004, Pupin esteve à frente de outras entidades de classe, como o Instituto Algodão Social (IAS), destinado a projetos socioambientais do segmento. Em 2014, plantou 78 mil hectares entre soja, milho e algodão.
‘Rei do Algodão’ entra com pedido de recuperação judicial