O ato em favor de Jair Bolsonaro (PL) na Avenida Paulista neste domingo, 3, reverteu a tendência de queda de público registrada em manifestações anteriores, mas teve um trio elétrico esvaziado em relação aos outros protestos de apoiadores do ex-presidente realizados na capital paulista.
A principal ausência foi a do próprio Bolsonaro, alvo de medidas cautelares desde 18 de julho, entre as quais um recolhimento domiciliar aos finais de semana. Nenhum dos presidenciáveis da direita foi ao ato, denominado “Reaja, Brasil”, o que rendeu críticas no principal discurso da tarde, do pastor Silas Malafaia, organizador do protesto.
Sem citar nomes, Malafaia criticou a ausência dos que pleiteiam herdar o espólio eleitoral do ex-presidente nas eleições presidenciais do ano que vem. “Cadê aqueles que dizem ser a opção no lugar de Bolsonaro? Onde eles estão? Era para estarem aqui!”, disse o pastor. “Isso prova que Bolsonaro é insubstituível! Vão enganar trouxa! E eu não sou trouxa. Estão com medo do STF, né? Por isso não vieram. Arrumaram desculpa, né? Por isso, minha gente, 2026 é Bolsonaro”, disse Malafaia. Bolsonaro acumula duas penas de inelegibilidade do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e não pode concorrer a cargos públicos até 2030.
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), informou na quinta-feira, 31 de julho, que faltaria ao ato devido a um procedimento médico. Tarcísio é o político de direita melhor colocado nas pesquisas de intenção de voto, embora despiste uma candidatura ao Palácio do Planalto. Os governadores Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais, Ronaldo Caiado (União Brasil), de Goiás, e Ratinho Júnior (PSD), do Paraná, também não compareceram ao ato na Avenida Paulista.
O governador Cláudio Castro (PL), do Rio de Janeiro, participou do ato bolsonarista na orla de Copacabana, mas não seguiu para o protesto em São Paulo, assim como o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), o filho “01” do ex-presidente”. Castro pretende disputar o Senado e não se coloca como pré-candidato ao Planalto.
A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro participou do ato bolsonarista de Belém (PA), onde cumpria uma agenda do PL Mulher, e não foi a São Paulo.
Deputados federais bolsonaristas discursaram no ato da Avenida Paulista, como Paulo Bilynskyj (PL), Marco Feliciano (PL) e Rosana Valle (PL), os três eleitos por São Paulo. Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) também discursou. O mineiro Nikolas Ferreira (PL), o parlamentar com mais seguidores nas redes sociais, participou do ato pró-Bolsonaro em Belo Horizonte pela manhã e, de tarde, esteve em São Paulo. Durante seu discurso, Nikolas colocou Jair Bolsonaro na linha.
Deputados da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) também estiveram presentes, como Paulo Mansur (PL), Conte Lopes (PL), Lucas Bove (PL), Tomé Abduch (Republicanos) e Capitão Telhada (PP). Embora tenha ido subido no trio elétrico, Telhada não discursou.
Aliados de Jair Bolsonaro na política paulistana também foram ao ato, como os vereadores Lucas Pavanato (PL) e Zoe Martínez (PL), além do próprio prefeito da capital paulista, Ricardo Nunes (MDB), acompanhado de seu vice, Ricardo Mello Araújo (PL).
O presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, também foi ao ato, mas não discursou.
O ato na Avenida Paulista reuniu 37,6 mil apoiadores. A estimativa é do Monitor do Debate Público do Meio Digital, do Cebrap e da Universidade de São Paulo (USP), que fez o levantamento a partir de fotos aéreas em diversos momentos do ato. A estimativa tem uma margem de erro de 12% em relação ao total, o que faz com que o número possa variar entre 33,1 mil e 42,1 mil participantes.
Segundo estimativas do Monitor do Debate Público, o ato deste domingo quase triplicou o público presente na última manifestação bolsonarista na capital paulista, no dia 29 de julho. A adesão, no entanto, ainda está distante da registrada no ato de fevereiro de 2024, quando 185 mil estiveram na Paulista.