Esporte, Brasil
A BBC Brasil fez um cálculo estimando quanto um torcedor gastaria para ver os sete possíveis jogos da Seleção no Mundial de 2014, considerando São Paulo como ponto de partida e com setembro como marco inicial da aventura, com a compra de ingressos, passagens e reservas de hotéis feitas com bastante antecedência.
Como o primeiro jogo do Brasil será em São Paulo, o gasto inicial se resumiria ao ingresso para a partida. A partir de então, se a Seleção avançar, a maratona do torcedor vai incluir viagens a Fortaleza, Brasília, Belo Horizonte, de novo Fortaleza e Belo Horizonte, até a final, no Rio de Janeiro.
Os custos com as passagens aéreas para todos esses lugares são os que mais vão pesar no bolso. Se o torcedor reservasse os voos hoje, com quase dez meses de antecedência, gastaria R$ 5.264 para viajar de São Paulo ao local do jogo no dia da partida e voltar na manhã seguinte.
O segundo item que mais encarece o custo da aventura é a hospedagem. De acordo com os valores dos hotéis já disponíveis para reserva pelo site da Fifa, e considerando-se as diárias mais baratas, o torcedor gastará R$ 3.741 para passar uma noite em cada local de jogo.
Por conta da Copa, e da expectativa de grande procura, o valor da hospedagem está inflacionado, mas a Embratur já faz um apelo por redução. Os hotéis estão exigindo reservas de pelo menos duas diárias para o Mundial, regra que o Ministério do Turismo também pretende mudar até o ano que vem.
"É natural esse aumento, é uma coisa natural da indústria do turismo para grandes eventos. Por isso, o ideal é tentar fechar tudo até o final do ano, porque depois vai ficar ainda mais caro", alerta o economista Samy Dana.
Para finalizar a conta, os ingressos. Comprando-se bilhetes da categoria mais barata – exclusiva para brasileiros – outros R$ 1.270 serão acrescentados nos gastos para acompanhar a Seleção até a final em 2014.
Caso o torcedor tenha direito a meia-entrada, esse valor cai para menos da metade, R$ 555.
Vale acrescentar R$ 20 por jogo ao plano de gastos para comprar um cachorro-quente (R$ 8, seguindo os padrões da Copa das Confederações) e uma cerveja (R$ 12).
Com tudo isso, o investimento para acompanhar um possível hexacampeonato da seleção in loco no ano que vem será de pelo menos R$ 10.415 (ou R$ 9,7 mil para aqueles com direito à meia-entrada).
Jogos | Passagens | Hospedagens | Ingresso |
Abertura (São Paulo) |
– | – | R$ 160 |
2º jogo (Fortaleza) | R$ 1.535 | R$ 591 |
R$ 60 |
3º jogo (Brasília) | R$ 803 | R$ 935 | R$ 60 |
Oitavas (Belo Horizonte) | R$ 281 | R$ 360 | R$ 110 |
Quartas (Fortaleza) | R$ 1.535 | R$ 591 | R$ 170 |
Semi (Belo Horizonte) | R$ 399 | R$ 360 | R$ 220 |
Final (Rio) | R$ 711 | R$ 904 | R$ 330 |
Para economizar
Diante da perspectiva de gastos elevados para ver o Brasil na Copa, é natural que o torcedor saia à procura de alternativas para economizar.
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Uma boa estratégia para gastar menos é desistir da hospedagem e fazer uma viagem de ida e volta nos dias dos jogos para acompanhar a Seleção. Assim, apesar de investir um pouco mais em passagens (R$ 5.669), o torcedor pode economizar mais de R$ 2 mil.
Neste caso, indo e voltando no mesmo dia, a conta passa a fechar em R$ 7.079, incluindo passagens, ingressos e R$ 20 para gastar no estádio – ou R$ 6.364 se o torcedor pagar meia-entrada.
O consultor francês Jean-Claude Fernandes, que viajou pelo Brasil para acompanhar sete jogos da Copa das Confederações, já planeja seu retorno ao país no Mundial e lista outras dicas para amenizar um pouco os gastos no ano que vem.
"Dá para alugar um quarto ou um apartamento em vez de ficar em hotel. Viajar com os amigos também ajuda a dividir as contas. Ir de ônibus para os lugares mais próximos pode ser uma opção também", afirma Jean-Claude.
O francês reconhece que acompanhar o Mundial de perto é algo que exige um esforço financeiro grande. Só na Copa das Confederações, entre passagens aéreas, ingressos (de categoria 1 e 2, as mais caras), hospedagens e alimentação, ele gastou cerca de 5 mil euros (mais de R$ 15 mil).
Para o Mundial do ano que vem, ele prevê gastar o dobro. "A Copa das Confederações foi um investimento pessoal e profissional, mas foram 5 mil euros, nem tirei férias por isso. Desta vez, vou ter que gastar bem mais, uns 10 mil euros. Infelizmente, a Copa do Mundo é um evento para ricos mesmo, é uma festa de luxo", lamenta.
BBC