A Prefeitura de Cuiabá apresentou a moradores e comerciantes da Rua 24 de Outubro o projeto de requalificação do trecho entre as ruas Castelo Branco e Estêvão de Mendonça. A reunião aconteceu na noite de sexta-feira (11) e foi a segunda realizada pelo Instituto de Planejamento e Desenvolvimento Urbano (IPDU) para discutir as alterações a serem feitas na rua.
O projeto, que ainda é considerado preliminar e deve ser alterado, prevê soluções para os conflitos urbanos existentes no local e o fortalecimento do turismo e do comércio na região, além da preservação do patrimônio histórico, já que a 24 de Outubro é uma das ruas mais antigas e tradicionais de Cuiabá.
De acordo com o superintendente do IPDU, Benedito Libânio de Souza Neto, foi realizado um estudo e um diagnóstico preliminares sobre as condições da rua e, com base nele, uma equipe executou o projeto que sugere diversas alterações ao longo da rua. “Desde o início propusemos o diálogo. Na outra reunião, nós explicamos como seria, pedimos que os cidadãos se reunissem sem o município e montassem um programa de necessidade com tudo aquilo que eles queriam para a rua. Esse estudo preliminar é uma primeira etapa, uma primeira ideia”, disse.
Dentre as alterações sugeridas está o alargamento das calçadas (que em muitos pontos é inferior a 80 centímetros e vai contra a legislação municipal), que passariam a ser de dois metros, a arborização, com plantio de árvores específicas para calçadas, cujas raízes não danificam a estrutura do passeio, além da recuperação das fachadas dos imóveis antigos.
Foi sugerida ainda a implantação de passagem de nível no trecho próximo a uma escola infantil existente na 24 de outubro e, na Rua Estêvão de Mendonça, onde hoje já existe uma faixa de pedestre, a instalação de piso tátil ao longo das calçadas e criação de ilhas de conforto – que seriam uma extensão da calçada, semelhante a uma pequena praça, com o objetivo de promover o espaço público e aumentar a acessibilidade.
“A proposta é fazer uma via sinuosa, com traçados diferenciados, para fazer com que os motoristas que passarem por aqui diminuam a velocidade do carro para contemplar o local e isso se reverta para o aumento do fluxo de pessoas no comércio”, explicou o superintendente.
Ainda segundo Libânio, o projeto foi pensado prevendo a implantação de cinco ilhas de conforto, que teriam bancos, pergolados e espaço de convivência, com a ocupação de parte das vagas de estacionamento. Com isso, haveria a alteração da localização e do número dessas vagas existentes, que passariam de 28 para 12 vagas de estacionamento.
O proprietário do Colégio Supremus, Elton Hiller, que está estabelecido no local há 24 anos, elogiou a constituição do projeto pensando na segurança das pessoas, mas ressaltou que a redução no número de vagas de estacionamento pode impactar consideravelmente os comerciantes.
“Uma opção que apresentamos é diminuir o número de ilhas de conforto e disponibilizar mais vagas de estacionamento; acreditamos que isso vai resolver e não vai inviabilizar o comércio, pois toda cidade vive de comércio”, afirma.
Uma solução para este problema, segundo o superintendente Benedito Libânio, é a possibilidade de implantação de estacionamentos rotativos na 24 de Outubro. “Essa vaga ocupada hoje por quem chega às 7h e vai embora as 18h não gera renda para o comércio. A partir do momento em que se implementa o estacionamento rotativo, o rodízio de veículos por si só vai gerar um fluxo maior de pessoas. Então, acho que alcançaremos um número muito maior de pessoas frequentando esse espaço”, afirmou.
Além disso, será estudada a possibilidade de implantação de estacionamentos fora da rua, com a possível permuta de uma área pertencente à União, que poderia ser trocada por um terreno da prefeitura em outro local. “Ao mesmo tempo em que esse terreno não está ocupado, ele é um problema para todos, porque antes tinham usuários de droga e o edifício lá existente já foi depredado. Acho que existe essa possiblidade, pois é um terreno nobre dentro de uma área urbana com acesso a duas ruas importantes que são a Rua 24 de Outubro e Avenida Getulio Vargas”, pontuou Libânio.
Alterações
As vagas de estacionamento foi o principal ponto de discussão do projeto e após inúmeras sugestões, os moradores da 24 de Outubro solicitaram que fosse realizada uma alteração no projeto para sejam criadas apenas duas ilhas de conforto e não cinco, como previsto.
Para Cristiane Dorilêo, proprietária do Casarão da Adega, que trabalha há 20 anos na 24 de Outubro, as mudanças sugeridas no projeto foram feitas pensando no bem coletivo, de forma que os comerciantes da rua tenham a valorização do espaço com o menor impacto possível, considerando a dificuldade econômica de muitos empresários.
“Acho que, de um modo geral, o projeto foi sensível ao pensar no comércio, na cidade. Quem está há mais tempo no comércio aqui, entende que não são só flores. Então, quando se faz uma mudança é preciso ter mais sensibilidade e eu senti que esse projeto tem tido esse cuidado”, disse.
O advogado Jorge Taques, que ainda vai abrir seu restaurante na rua e participou pela primeira vez da reunião, considerou positivo o encontro e acredita que assim que o projeto for implantado todos serão beneficiados.
“Eu acho que toda iniciativa que busca melhorar as condições tanto de comerciantes, quanto de frequentadores da rua, é válida e bem vinda. Eu conheço muitas cidades pelo mundo e Cuiabá ainda está engatinhando na questão de modernidade e urbanização. Então, qualquer iniciativa, ainda que incipiente como esta, cheia de discussão, é bem vinda. Todos terão a ganhar”, afirmou.
O superintendente Libânio também avaliou como positiva a discussão e lembrou que todas as modificações sugeridas serão realizadas pensando no bem coletivo, tanto de quem trabalha e vive na região, como da população que transita pela rua.
“A reunião foi positiva. Ela teve alguns momentos tensos, porque as pessoas têm interesses diferentes, mas fiquei feliz porque terminou de uma maneira tranquila, pois todos que usam a 24 de Outubro têm um objetivo comum. Se nós conseguimos conciliar os conflitos de quem vive aqui, já teremos dado um grande passo”, disse.
Após a apresentação deste projeto preliminar, o documento segue para as alterações cabíveis. A previsão é que uma terceira reunião com a comunidade aconteça nas próximas semanas, para apresentar as modificações realizadas.
“Esse é o processo. Ele é construtivo e lento. É como você lapidar um diamante. Eu imagino que na próxima reunião ainda não consigamos finalizar o projeto, mas acho que logo concluiremos tudo para finalmente apresentar à sociedade cuiabana, porque essa intervenção na 24 de Outubro pode servir como um modelo para as demais ruas e bairros e podemos criar um novo conceito de espaço público”, finalizou o superintendente.
(Assessoria)