O Box de Curtas foi pensado para permitir que curtas-metragens com poucos recursos pudessem, de forma conjunta, viabilizar equipamentos e profissionais de alto nível. A experiência começou em 2017 quando Bárbara Varela foi produtora executiva de cinco projetos de curta-metragem contemplados pelo edital da Secretaria de Estado de Cultura de Mato Grosso. Os filmes produzidos na época foram "Aquele disco da Gal", de Juliana Curvo e Diego Baraldi; "A gente nasce só de mãe", de Caru Roelis; "Juba", de Severino Neto e Rafael de Carvalho; "Teodora quer dançar", de Samantha Col Debella; e "Ciranda", de Ângela Coradini e Felippy Damian.
Mesmo com produtoras e diretores diferentes em cada projeto, naquele momento surgiu a oportunidade de unir os recursos e a agenda de filmagens de maneira sequencial, e isso permitiu um melhor poder de compra. Bárbara conta que “a estrutura do box possibilitou acesso a equipamentos e profissionais que não seriam possíveis se cada filme fosse rodado de forma individual. Trouxemos um caminhão de equipamentos de fora e isso gerou um salto de qualidade não só no produto final, mas no próprio processo de produção em si”. A ideia foi muito bem recebida por todos e colocada em prática. Além disso, “os setores de direção de arte, figurino e elenco puderam avançar em qualidade devido aos recursos que, de maneira cooperada, trouxeram maiores possibilidades”, afirma Bárbara.
O Box de Curtas passou, então, a ter vida própria e hoje tem o foco em formação, aperfeiçoamento e ampliação das possibilidades que um curta-metragem pode trazer para os realizadores de Mato Grosso.
O resultado da primeira edição deixou a prova de que foi uma atitude acertada: foram mais de 60 seleções e exibições em festivais e mais de 10 prêmios para os filmes do Box de Curtas de 2017.
Este ano, os curtas metragens terão atores nacionais, locais e muitos do interior do Estado que trazem profissionalismo às produções e valorização dos talentos regionais. Marcelo Biss atua como Diretor de Fotografia em todas as produções. Formado pelo SIR – Laboratório de Som e Imagem em Curitiba PR, é diretor de fotografia e diretor de cena com 30 anos de atuação nacional e internacional.
Na segunda edição do Box de Curtas há também grande apoio e envolvimento por parte de parceiros e empresas que já compreendem a importância do envolvimento com as produções cinematográficas locais. "São descontos, produtos, cessão de espaços para equipes e locais de filmagens. As intervenções pela cidade e bairros sempre envolve a comunidade e somos logo identificados, o que acaba sendo positivo para a mobilização de auxílio", ressalta Bárbara.
O processo de produção envolve, ainda, setores como o de turismo com hospedagem, refeições e transportes. "Tudo que conseguimos de descontos e parcerias reinvestimos em áreas dos filmes que estejam mais limitadas para garantir que a produção tenha o máximo de qualidade possível e possa ser um produto final relevante para circular nos festivais e ajudar a construir esse novo momento do audiovisual de Mato Grosso", finalizou Bárbara.
FOTOS: Wers Gravaluz
AUSÊNCIA
Direção: Luiz Marchetti
Sinopse
Norma e Jorge são um casal de classe média em Mato Grosso. Jovens e apaixonados compartilham as festas, a universidade e tudo que se espera de jovens de 22 anos. “Ausência” é um curta-metragem de suspense quase cômico, baseado no conto “Sorriso” de Wanda Marchetti, mãe do diretor. Há neste trabalho uma metalinguagem em sua narrativa, onde o conceito e a estética do filme se alfinetam, falando de presença usando ausência e vice-versa. A mesma história pelo ponto de vista de duas personagens que se separam, tornando a ausência real na tela.
Luiz Marchetti
O cuiabano Luiz Marchetti é formado pela CAL – Casa de Artes de Laranjeiras RJ. Bacharel em Belas Artes, com especialização em Filme e Vídeo na Central Saint Martins em Londres e Mestrado em Design em Arte Mídia pela Westminster de Londres, premiado pelo AHRB do Governo Britânico. Seus filmes são autorais e negociam com a ideia de Vanguarda, em busca de novas fronteiras como instalações e cinema expandido.
O MENINO E O OVO
Direção: Juliana Capilé
Sinopse:
O Menino e o Ovo é um curta-metragem que retrata as tentativas de Joana, uma menina de oito anos, em descobrir a verdade sobre a lenda urbana de que é possível fritar um ovo no asfalto devido ao calor de Cuiabá. Embora possua uma linguagem universal a obra se apoia na utilização de um aspecto extremamente local: o famoso calor cuiabano. Elemento popular identitário notório, presente no imaginário da população mato-grossense.
Juliana Capilé
Roteirista, dramaturga, diretora e atriz. Formada em direção de Artes Cênicas pela UFOP, é mestre e doutoranda em Estudos de Cultura Contemporânea. Estudou cinema na Fundação de Curitiba e no Instituto Dragão do Mar em Fortaleza. Trabalha com preparação de elenco para cinema e O Menino e o Ovo é seu primeiro curta-metragem. Atualmente trabalha no desenvolvimento de um roteiro de longa Estrela Cadente.
O CONTO DA PERDA
É um curta-metragem que apresenta um universo temporal cíclico de 24 horas, onde estão presos os personagens Lena (26) e Pio (28) pela repetição de um evento traumático. Mesmo apresentando esse universo diferenciado o curta não se pretende distópico ou de ficção científica. Mas converge com a fantasia muitas vezes presente no gênero literário de contos míticos ao pressupor uma temporalidade paralela na qual estão retidos os personagens.
Ângela Coradini
É realizadora audiovisual, pesquisadora e escritora. Colabora, desde 2014, no Coletivo Audiovisual Miraluz Films que possui sete curtas metragens já realizados colaborativamente. Tem doutorado em Cultura Contemporânea, com pesquisa dedicada a filmes e séries com temáticas de futuridade e fantasmagoria.
Fotos: @photosmolina @vihmolin