Foto: Ahmad Jarrah / Circuito MT
Airton Marques e Noelisa Andreola – Da Redação
Com mais de 135 dias de greve, a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), já registra a greve mais longa dos seus 45 anos de existência. Os docentes estão parados desde o dia 28 de maio, e nesta quarta-feira (14), irão se reunir em assembleia para discutir o fim da paralisação geral na graduação de bacharelado e licenciatura.
Existem duas pautas para serem discutidas: o indicativo de saída de greve e as pautas internas. Das 49 universidades federais que entraram em greve neste ano em todo o País, somente seis ainda estão paradas. “A disposição dos professores da UFMT é de manter a greve, mas é um movimento nacional que mede força com o governo. É preciso união”, fala o presidente da Associação dos Docentes da UFMT, professor Reginaldo Silva Araújo.
Caso as aulas voltem, à previsão é que o calendário acadêmico seja normalizado apenas em 2018. “Os alunos sabem que quando voltarmos não terá férias. Assim que estiver decidido, nos reuniremos com o conselho para a organização do novo calendário. Na última greve demoraram três anos para voltar à normalidade as grades”, explica o professor.
Dentre as inúmeras reivindicações, está o reajuste salarial em 27% e reestruturação da carreira. A UFMT tem cerca de 20 mil alunos e 1,8 mil professores, sendo 1,7 mil concursados e 100 substitutos. A universidade tem campus em Cuiabá, Sinop, Barra do Garças e Rondonópolis.
Para tentar colocar fim à paralisação, o Governo Federal propôs reajuste salarial de 10,3% dividido em dois anos – 5,3% em 2016 e 5% em 2017. Na última assembleia realizada no dia 1º de outubro, a maioria dos professores decidiu pela reprovação da proposta e continuação da greve. Dos docentes presentes, 46 foram contrários ao fim da paralisação e 28 disseram ser favoráveis ao término.
O anúncio de cortes de recursos e até mesmo de concursos públicos também preocupam os docentes das Universidades Federais. Segundo o presidente da Adufmat, a falta de verbas irá prejudicar a expansão das instituições e, consequentemente, o atendimento aos estudantes, fragilizando o ensino público superior, que já é considerado deficitário.
“Não cobre nem mesmo a inflação prevista para o período. Mas nossa greve passa também pelos cortes de recursos. O Governo anunciou aproximadamente R$ 11 bilhões de cortes de recursos para as Universidades. Isso, com certeza, irá comprometer o processo de expansão dos prédios que estão sendo construídos”, afirmou Reginaldo ao Circuito Mato Grosso.
Decisão nacional
Os docentes das Instituições Federais de Ensino (IFE), organizados pelo Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (ANDES-SN) decidiram na semana passada pela saída unificada da greve nacional.
“A pauta apresentada pelo CNG do ANDES-SN ao governo reafirmou as reivindicações históricas da categoria: defesa do caráter público das instituições federais de ensino; melhoria nas condições de trabalho; garantia de autonomia universitária; reestruturação da carreira e valorização salarial de ativos e aposentados […] a greve dos docentes de 2015 foi um importante instrumento para expor e impedir o avanço da destruição de um dos maiores patrimônios da sociedade brasileira – as Instituições Federais de Ensino. Isto posto, reafirmamos que seguiremos firmes na defesa de nossas bandeiras históricas, agradecemos o apoio obtido e conclamamos a todas e todos a se incorporarem a essa luta que não é só dos docentes, mas daqueles que desejam um país mais justo e igualitário e uma educação pública, gratuita e de qualidade para toda a população", diz trecho da nota divulgada pelas Instituições Federais de Ensino.
Maior greve na história da Universidade Federal de Mato Grosso